Duas semanas pela Suécia: Malmo, Lund e uma noite no Grand Circus Hotel

Foi colorida a estadia de duas noites em Malmo, a terceira maior cidade da Suécia, a seguir a Estocolmo e a Gotemburgo, e uma das mais jovens, com a média de idades a rondar os 36 anos. Malmo recebeu, de 12 a 22 de Agosto, juntamente com Copenhaga, capital da Dinamarca e logo ali em frente, do lado de lá do estreito de Oresund, o WorldPride & Eurogames 2021, que encheu a cidade de bancos de jardim pintados de roxo, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho e de papeleiras e bandeiras igualmente com as cores do orgulho gay. Uma delas estava ainda hasteada, uns dias depois, no Malmohus Castle, a fortaleza do século XVI que acolhe no seu interior um aquário tropical e um museu que conta a história da cidade, que tem uma secção dedicada à História Natural ou que mostra obras de pintura, escultura e artes decorativas. Ficou por ver – tal como o Malmo Konsthall, o Museu de Arte Contemporânea –, por estar mesmo a fechar quando por lá passamos.

O passeio pela cosmopolita Malmo (leio algures que entre os cerca de 316 000 habitantes há residentes de cerca de 170 países) começou pela inevitável cidade velha e pela Stortorget, a praça principal e a maior da cidade, onde na esquina com a Sodergatan fica a farmácia mais antiga da Suécia, a Apoteket Lejonet, fundada em 1662 (e à porta uma mulher com uma máscara preta, adereço raro no país em tempos de pandemia), pela igreja de Sankt Petri e por Lilla Torget, uma praça com lojinhas e casas antigas, cafés e restaurantes e considerada pelo site Visit Sweden como o ponto de encontro favorito para os moradores locais há mais de 500 anos. É ali (ou ali muito perto, na Engelbrektsgatan, 11) que jantamos as duas noites que passamos na cidade: na primeira, no Nam Do, que se apresenta como um "genuíno" vietnamita e que tem muitas fotografias da família a decorar as paredes, talvez alguma do avô que fundou o restaurante em 1965 em Can Tho, no Vietname; na segunda, no italiano Piccolo Mundo, que nos acolheu com simpatia e uma pizza depois de vários "não" em outros restaurantes – alguns cheios, outras com as cozinhas a fechar em breve e eram umas oito e tal da noite.

Uma das atracções maiores de Malmo, o Turning Torso, um edifício residencial de 190 metros, 54 andares e 147 apartamentos projectado pelo espanhol Santiago Calatrava e inaugurado em 2005, ficou para o dia seguinte. Turning Torso, que faz uma torção de 90 graus desde a base até ao topo, fica localizado no Vastra Hamnen, ou Porto Ocidental, um bairro ecológico, alimentado sobretudo a  energia eólica e solar, e à beira mar, onde muitos aproveitam para apanhar sol, outros para mergulhar no mar. É bom passear por lá. E também pela praia de Ribersborgs, que fica na direcção da ponte de Oresund e que tem boas vistas, ao longe, sobre o edifício retorcido. É lá que permanece em funcionamento a Ribersborgs Kallbadhus, uma antiga construção em madeira (de 1898) que fica ao fundo de um passadiço sobre o mar e que tem solário, sauna e um café.

A terminar a passagem por Malmo, e depois de um "bate-volta" a Lund (mas já lá vamos), foi a segunda noite passada num original alojamento, o Grande Circus Hotel, instalado numa estação ferroviária desactivada nos arredores da cidade. E porquê trocar um quarto tamanho XL no Radisson Blue, no centro da cidade, por um quarto em forma de carroça de circo, mais longe, muito mais pequeno e um pouco mais caro do que o anterior? Pela piada do projecto, que pertence a uma família que decidiu construir de raiz, utilizando rodados de velhos camiões, vários quartos inspirados nos alojamentos do mundo circense: há o quarto do gerente, que nos calhou em sorte, o da bailarina, o do palhaço, o do acrobata ou o do faquir, alguns com uma mini casa de banho e uma micro cozinha, todos muito coloridos e com acesso a instalações comuns para tomar banho ou cozinhar. Aberto há três verões e atingido pelos efeitos da pandemia, tem sido procurado sobretudo por alemães e belgas. Agora, conta com pelo menos três portugueses na guest list.











































A cidade universitária Lund, que fica a 20 quilómetros de Malmo e a uns 15 minutos de carro ou de comboio, não deve ficar de fora de qualquer roteiro pelo sul da Suécia. É uma cidade medieval, cheia de História (foi fundada por volta de 990 por um rei dinamarquês e a primeira universidade data de 1438, altura em que Lund ainda pertencia à Dinamarca), que tem de ser percorrida a pé ou de bicicleta – ou não estivéssemos na Suécia  , uma vez que a circulação automóvel é difícil ou proibida. Tem uma catedral com mais de dez séculos e com um relógio astronómico que toca às 12h e às 15h, um museu maioritariamente ao ar livre, o Kulturen, que mostra como se vivia desde a Idade Média até tempos mais recentes, um museu original, o Skissernas Museumou Museu dos Esboços, que desde 1934 reuniu cerca de 30 000 obras que vão de rabiscos até esculturas de gesso de grande dimensão que serviram de base para a feitura de obras de arte, e um jardim botânico, o Botaniska Tradgarden, que é um prazer percorrer.

E na nossa passagem por Lund estava a cidade invadida por centenas de estudantes, no que me pareceu ser uma mega festa de recepção ao caloiro. Havia grupos vestidos de azul, de fatos de macaco verdes, com capacetes de viking, de amarelo e com adereços feitos com os sacos azuis do Ikea, uma das marcas que a Suécia ofereceu ao mundo, outros com os nomes – Léo, Melker ou Gustav – escritos nas t-shirts. Comprámos o almoço no Changs Kok, um restaurante com comida chinesa de Sichuan mesmo ao lado da Praça da Universidade e que só funciona para take away (de segunda a sexta, das 11h30 às 14h, prato a 79 coroas suecas, cerca de 8 euros), e ficámos por ali a ver os estudantes passar. E ainda não foi dessa, depois de várias pizzas, comida vietnamita ou de uma salada de frango na cadeia de fast food Max, que nos estreámos na comida sueca.









































Um quarto de 43 metros quadrados para três no Radisson Blue Hotel Malmo, que fica a cinco minutos a pé do centro da cidade e a 500 metros da estação de comboio, custou 1171 coroas suecas (mais ou menos 115 euros), com pequeno almoço incluído (e servido num restaurante que ocupa o espaço de uma das casas mais antigas da Suécia). A estadia no Grand Circus Hotel, que fecha no Inverno e tem reabertura prevista para Maio de 2022, custou 1263 coroas (124 euros), sem pequeno almoço e com direito a um quarto de 12 metros quadrados. O Grand Circus tem disponíveis, para além dos 14 quartos nos vagões de circo, espaço para 15 caravanas.

Mais sobre a viagem de duas semanas pela Suécia aqui (Kalmar e ilha de Oland) e aqui (Karlskrona, Ales Stenar, Ystad e Falsterbo).


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