#8 Diário de um regresso a Moçambique – Uma graduação na Machava

Já por aqui contei a história de Massada, também conhecido por Bruno, que um dia apostou com o irmão mais velho que era capaz de dispensar nos exames da 12ª classe e continuar a estudar. Massada ganhou a aposta. Na altura dispensou e recentemente concluiu o curso de Ensino de Matemática no Instituto Superior de Estudos de Defesa Tenente General Armando Emílio Guebuza. A sua cerimónia de graduação aconteceu na Machava durante a minha estadia em Moçambique e eu aceitei o convite para estar presente. Receberam diplomas nesse dia mais de 100 estudantes de vários cursos de mestrado e licenciatura, numa celebração que começou e terminou com o hino nacional ("Moçambique nossa terra gloriosa, Pedra a pedra construindo um novo dia, Milhões de braços, uma só força. Ó pátria amada, vamos vencer!"). Foi uma festa bonita, com emoção a rodos, com música, flores, balões, t-shirts com as frases "Parabéns pai pela conquista" ou "Parabéns esposo pela conquista" e discursos que lembraram a importância de "djimar" sempre (que pode significar correr mas também estudar) ou de sonhar: "Os sonhos são pedras que irão construir Moçambique", disse na altura o major-general Freitas Norte, comandante do ISEDEF.

Na véspera da graduação, Massada aterrava em Maputo vindo de  Bergamo, Itália, onde durante um mês recebeu cuidados médicos e de reabilitação na Casa di Cura San Francesco – Istituto Madre Rubatto e viu confirmado o diagnóstico que já lhe tinha sido feito em Moçambique: tem uma neuropatia hereditária ou doença de Charcot Marie Tooth, uma doença muito rara que afeta os nervos periféricos. E que é preciso combater com fisioterapia e exercícios continuados. Entretanto, Massada, que tem uma companheira e um filho com 1 ano, continua a perseguir os seus sonhos. Comprou um terreno na Katembe e construiu uma casinha, ainda só de um quarto, depois de ter vivido cerca de 10 anos, com o apoio da Acção Social, no Centro de Apoio à Velhice, no bairro de Lhanguene. No final da cerimónia de graduação, fez questão de passar por lá para abraçar os idosos, de quem ao longo dos anos se tornou o "menino querido".














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