PNPG: apontamentos de uma viagem de quatro dias no Gerês
Miradouros mais ou menos conhecidos e trilhos que vão dos cinco aos quase 200 quilómetros, velhos mosteiros em ruínas e santuários procurados por milhares de peregrinos, cascatas e lagoas, albufeiras e praias fluviais, brandas e inverneiras (as aldeias de Verão e as aldeias de Inverno), vias romanas e calçadas medievais, falhas geológicas e formações rochosas únicas, matas e castelos centenários, espigueiros e eiras comunitárias, silhas dos ursos (que viveram no Gerês até ao século XIX) e fojos de lobos (que eram as armadilhas em pedra para caçar estes animais). E ainda as ruínas de uma aldeia submersa pelas águas de uma barragem ou aldeias que continuam a praticar hábitos antigos como a vezeira, o que significa que alguém se vai encarregando, à vez, de tomar conta dos animais de toda a comunidade. É assim o Parque Nacional Peneda-Gerês (PNPG), constituído pelas serras da Peneda, do Gerês, do Soajo e Amarela e o único parque nacional de Portugal. Nele vivem cerca de 9 000 pessoas, mas também garranos, os cavalos selvagens do Gerês, corços, lobos em vias de extinção ou cabras selvagens entretanto reintroduzidas.
O PNPG, criado em 1971 e que se estende pelos concelhos de Terras de Bouro (distrito de Braga), Melgaço, Arcos de Valdevez e Ponte da Barca (Viana do Castelo) e ainda Montalegre (Vila Real), precisa de tempo para ser visitado. Nós dedicámos-lhe o possível, quatro dias, ao longo dos quais percorremos, de carro e a pé, uma parte dos 69 596 hectares da área protegida.
Porta de Mezio
O PNPG tem cinco portas de entrada, uma por cada município e cada uma com um tema, que funcionam como centros de recepção e informação aos visitantes. Vindos do Sistelo, entrámos pela Porta de Mezio, localizada no concelho de Arcos de Valdevez e dedicada à conservação da natureza e à biodiversidade, e talvez não tenhamos tido sorte com a funcionária de serviço. Sem grande vontade de informar, disse-nos que a única documentação disponível sobre o parque e sobre os seus trilhos constava de um mapa à venda por três euros. Comprou-se então o mapa e aí ficamos a saber que são pelo 39 os percursos pedestres e que a maior parte pode ser realizada sem autorização das autoridades do Parque. Mas que há locais condicionados para grupos ou outros que precisam mesmo de autorização prévia para serem visitados, como a Mata do Ramiscal, considerada como uma das áreas mais frágeis.
Centro de (pouca) informação à parte, na Porta de Mezio, que tem nas proximidades o recente baloiço do Mezio (com uma vista que faz valer a pena ir lá baloiçar um pouco) e também os domos graníticos da Serra da Peneda, o Trilho Pertinho do Céu (a PR18, com 7,65 quilómetros) ou a vila de Soajo, existe um parque de campismo, um parque de merendas, uma piscina, uma aldeia dos pequeninos, um parque aventura com actividades de arborismo, slide e escalada, um núcleo museológico dedicado à etnografia e um Centro Interpretativo da Área Arqueológica Mezio/Gião. E ainda outras actividades que podem ser consultadas aqui.
Soajo
Nem a sete quilómetros da Porta de Mezio, a uns dez minutos de carro pela N202, fica a vila de Soajo, que tem no Largo do Eiró um enigmático pelourinho do século XVI, com uma figura humana a sorrir, uma igreja matriz dedicada a São Martinho do Soajo e uma estátua que presta homenagem ao cão sabujo das serras do Soajo, uma raça autóctone documentada desde a Idade Média. Mas a principal atracção é a sua eira comunitária de 24 espigueiros, bem conservados e ainda usados pela população. Construídos em granito, são todos encimados por uma cruz e localizados sobre uma imensa laje granítica. O mais antigo data de 1782.
Lindoso
Se no Soajo partilhámos os 24 espigueiros com uma ou duas dezenas de visitantes, na aldeia de Lindoso, ao final da tarde de um domingo de Julho, eramos os únicos: nenhum turista, nenhum habitante. E até a Porta do Lindoso, ali ao lado e que dá as boas vindas ao Parque para quem entra pelo concelho de Ponte da Barca, estava fechada. Tivemos direito ao maior aglomerado de espigueiros do país, construídos em pedra granítica ao longo dos séculos XVII e XVIII, só para nós. Primeiro vimo-los do castelo medieval, que também tem boas vistas sobre a Albufeira do Alto Lindoso, depois passeámos entre eles e gozámos a tranquilidade do local. Serão uns 50 ou 60 os espigueiros, dependendo das fontes.
Termas do Gerês
Do Lindoso, rumámos à vila do Gerês, via Espanha, fronteira da Portela do Homem e Mata da Albergaria, um dos bosques mais importantes do PNPG, constituído por carvalhos seculares e ao longo do qual não é permitido parar ou estacionar viaturas (e para passar, é cobrada durante o Verão uma espécie de portagem ecológica de 1,5 euros, pelo menos nas "horas de ponta"). Era a última etapa do dia (só faltava jantar um bacalhau no restaurante Lurdes Capela) e o local escolhido para pernoitar durante a estadia no Gerês.
A vila do Gerês, ou Termas do Gerês, onde se localiza a maior parte dos restaurantes e dos alojamentos, é uma estância cuja utilização terapêutica das águas remonta ao reinado de D. João V, que em 1735 terá ordenado a construção de poços para banhos, uma capela e alguns edifícios de apoio. Ou, segundo alguns investigadores, remonta mesmo ao tempo dos romanos, que por ali andaram.
Miradouro da Pedra Bela
O PNPG tem dezenas de miradouros, uns mais acessíveis que outros: o do Coto Velho e o de Cunhas, os dois perto do Soajo, o da Boneca, muito perto das Termas do Gerês e também do Miradouro da Fraga Negra, o da Ermida, com vista sobre o vale do rio Arado e a aldeia que lhe dá o nome, o das Rocas, com vista sobre a serra do Gerês, o de Fafião, que fica no cimo de uma imensa pedra granítica e ligado a outra por uma ponte e que me escapou (por ele, e não só, sou capaz de regressar ao Gerês). E tem o Miradouro da Pedra Bela, perto da Cascata do Arado e acessível de carro mesmo até ao final. Do alto dos seus 800 metros, tem vistas sobre a vila do Gerês e a Albufeira da Caniçada e é talvez o mais popular.
Cascata do Arado
As cascatas no PNPG são como os miradouros, há-as por lá em abundância. Por ver ficou a que é geralmente considerada como uma das mais belas, a Cascata de Fecha de Barjas, também conhecida por Cascata do Tahiti, por ser de difícil acesso e por volta e meia ser notícia pelas piores razões: acidentes mortais (pelo menos um em 2018) ou acidentes que deixam os visitantes em mau estado ou mesmo em estado grave (foram vários no último Verão).
A do Arado, localizada entre o Poço Azul (uma lagoa que requer uma caminhada de cerca de oito quilómetros para lá chegar e regressar) e o Miradouro da Pedra Bela, foi a primeira deste roteiro e não desiludiu, apesar de muito frequentada. É uma cascata formada por vários andares de quedas de água e piscinas naturais, acessível por carro em estradão de terra batida (em alternativa, é possível estacionar junto ao Miradouro das Rolas e seguir a pé). E depois por umas escadas até ao miradouro que tem vista de frente sobre a queda de água ou pelo rio se tomar banho for o objectivo. Havia por lá quem a descesse em rapel e quem se tentasse equilibrar a caminhar pelas pedras do leito do Arado.
Trilho e Miradouro da Preguiça
Não se deixe o caminhante enganar pelo nome e pela extensão do Trilho da Preguiça, que tem cerca de cinco quilómetros, num percurso circular, mas uma subida de fazer perder o fôlego. Pouco frequentado, passa pelas cascatas da Laja e de Leonte, pela ribeira da Cantina, com pouca água no Verão, por uma ponte de madeira sobre o rio Gerês, por um curral que era abrigo de pastores e por uma mata de carvalhos, de pinheiros e de medronheiros. O ponto de partida e de chegada é junto à Casa da Preguiça, mesmo ao lado da N308-1, que liga as Termas do Gerês (a pouco mais de quatro quilómetros) à Portela do Homem. Também por ali se localiza o miradouro da Preguiça, de fácil acesso e com vista sobre a albufeira da Caniçada.
Albufeira da Caniçada
Localizada a sul das Termas do Gerês, a albufeira da Caniçada vai de Vilar da Veiga até São Bento da Porta Aberta. Resultante da construção de uma barragem em 1955, que juntou as águas do Cávado, Freitas e Gerês, a Caniçada tem hoje um centro náutico e uma marina, a Marina do Rio Caldo, praias fluviais, a da Barca, do Alqueirão, da Ribeira Gerês, e oferece a possibilidade de realizar desportos náuticos ou passeios de barco.
A albufeira do Alto Lindoso, no rio Lima e no concelho de Ponte da Barca, a albufeira de Vilarinho da Furna (que submergiu a velha aldeia que lhe deu o nome), a albufeira de Salamonde, alimentada pelo rio Cávado e que começou a encher em 1953 e a albufeira da Paradela, em Montalegre, a sul de Pitões das Júnias, são as outras albufeiras do PNPG.
São Bento da Porta Aberta
O Santuário de São Bento da Porta Aberta, elevado à categoria de Basílica pelo Papa em 2015, é o segundo maior santuário português, a seguir ao de Fátima, com um culto que remonta há pelo menos quatro séculos. Recebe ao longo do ano centenas de milhares de peregrinos e turistas, muitos deles durante as peregrinações e romarias que acontecem a 21 de Março, dia da morte de São Bento, a 11 de Julho, dia de festa de Padroeiro da Europa, e de 10 a 15 de Agosto, altura da grande romaria popular.
Bem localizado junto à albufeira da Caniçada, nele encontra o visitante uma igreja construída no século XIX, e que substituiu a antiga ermida, e uma construção mais recente e de tamanho XXL, era esse o objectivo, e que tem no seu interior um conjunto de dez painéis de Querubim Lapa sobre a vida de São Bento (tudo sobre a sua história aqui, mais informações sobre o Santuário no site).
Covide
Passamos por Covide, onde dois marcos miliários atestam que a aldeia é atravessava pela geira romana, a estrada que ligava Braga a Astorga, num percurso de 240 quilómetros, e dali a Roma, e não resisto a fotografar a placa. Mas Covide merece mais do que uma breve paragem: é o ponto de partida para mais um trilho no PNPG, o Trilho Cidade da Calcedónia, que tem início no lugar do Calvário e segue, entre uma paisagem granítica, até ao local onde existiu um povoado fortificado da Idade do Ferro e depois ocupado pelos romanos, chamado Calcedónia (mais informações no site da Câmara Municipal Terras de Bouro).
Albufeira e barragem de Vilarinho da Furna
Submersos nas águas da albufeira, localizada entre as serras Amarela e do Gerês, encontram-se os restos da aldeia comunitária de Vilarinho da Furna e as histórias de quem lá viveu até 2 de Janeiro de 1971 e se viu obrigado a sair após a construção da barragem que inundou casas, pastos e campos cultivados, o sustento da população. Eram na altura cerca de 250 habitantes, entre alguns emigrados e outros a viver em Lisboa, todos contra a decisão de alagar a terra que era sua. Depois de indemnizados pela então Companhia Portuguesa de Electricidade, com coisa pouca, acharam na altura, todos tiveram de procurar nova casa, quase todos por perto, num raio de uns 50 quilómetros: alguns foram para São João do Campo, outros para Vila Verde, Vieira do Minho ou Barcelos.
Mas a população de Vilarinho, "desenraizada no mundo, com todas as amarras afectivas cortadas, sem mortos no cemitério para chorar e lajes afeiçoadas aos pés para caminhar" (assim a descreveu Miguel Torga no seu Diário XI), nunca perdeu o contacto. Junta-se anualmente, a 8 de Dezembro, na antiga capela da aldeia reconstruída no Campo do Gerês, para a festa de Nossa Senhora da Conceição, cuja imagem transportaram consigo (assim como salvaram também as telhas das casas, alguns espigueiros, alguns moinhos). E juntam-se desde 1985 na AFURNA, a Associação dos Antigos Habitantes de Vilarinho da Furna, responsável pela construção do Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna, um edifício de dois andares feito com pedras de duas das casas da antiga aldeia e que agora se encontra também no Campo do Gerês. Ali se preservam as memórias de como se vivia, que ofícios tinham os seus habitantes, como funcionava a organização comunitária das actividades agrícolas e pastoris ou como se aplicavam algumas regras próprias da aldeia.
Manuel Antunes, com quem falo por telefone sobre "a aldeia que lhes foi tirada" já depois de ter estado no Gerês, é o presidente da AFURNA. Foi dos últimos habitantes a sair, apesar de na altura dividir o tempo entre a aldeia e Lisboa, onde estudava (também viveu em Moçambique entre 1979 a 1987, onde foi jornalista e professor). Conta-me que não era possível ter havido uma solução idêntica à da Aldeia da Luz, no Alqueva, onde uma nova aldeia foi construída de raiz, por os terrenos de cultivo terem desaparecido também, só ter ficado a serra. Conta-me também que as ruínas da antiga aldeia, uma espécie de primeiro museu subaquático do mundo, podem agora ser visitadas através da prática de mergulho, basta pedir autorização à Associação. Ou que podem ser vistas quando o nível das águas baixa tanto que deixa a descoberto as antigas construções, o que aconteceu pela última vez em 2019.
Mais sobre a história de Vilarinho da Furna aqui (Perdidos e Achados, SIC), aqui (Bombordo, RTP2) e aqui (documentário de António Campos, de 1971). Uma galeria de fotografias das ruínas pode ser vista numa edição de 2020 do Diário do Minho.
Germil
Germil, aldeia de montanha localizada num dos cumes da serra Amarela e no concelho de Ponte da Barca, não é diferente de muitas aldeias em Portugal: tinha mais população em meados do século XIX (131) do que no censos de 2011, que contou 49 habitantes. E não nos cruzamos com nenhum deles, apenas vemos ao longe um homem que trabalha na fachada de uma casa de pedra e um carro com matrícula holandesa estacionado junto a outra habitação. Mesmo assim, vale a pena ir até lá, pela paisagem e pela subida ao miradouro de Fragão. Nas proximidades, há um original moinho, o moinho de Portomalho, e uma silha de ursos, uma estrutura em granito que se destinava a proteger as colmeias destes animais que já habitaram o Gerês.
Pitões da Júnias
Ao terceiro dia no PNPG rumámos, via Espanha, com saída de território português pela Portela do Homem e entrada novamente pela Portela de Pitões (e pelo meio uma paragem para um banho nas termas ao ar livre de Lobios), a Pitões das Júnias, aldeia do concelho de Montalegre localizada a um pouco mais do que 1100 metros de altitude, o que faz dela a mais alta povoação da região de Barroso e uma das mais altas de Portugal. E só há boas razões para visitar Pitões, que dista cerca de 65 quilómetros da vila do Gerês.
Pitões das Júnias tem, no fundo de um vale isolado, a uns dois quilómetros a sul da aldeia, as ruínas de um mosteiro, o Mosteiro de Santa Maria das Júnias, que terá sido construído no século XII e fundado inicialmente pelos monges da Ordem de São Bento e mais tarde habitado pelos da Ordem de Cister. E tem uma cascata, alimentada pela ribeira de Campesinho e que pode ser vista do final dos passadiços ou de cima, se se fizer um desvio à esquerda no percurso. Mosteiro e cascata são os pontos principais do Trilho de Pitões das Júnias, que tem cerca de quatro quilómetros de extensão e partida junto ao cemitério (mais informações aqui).
Mas a aldeia tem também a feijoada à transmontana, as alheiras e o bolo de chocolate da Casa do Preto, que é um restaurante fundado pelo senhor António Fernandes, mais conhecido como "Preto" por ser um pouco mais moreno que os irmãos, e pela mulher, senhora dona Maria, que primeiro começaram por partilhar o fumeiro e alguns petiscos com quem chegava a Pitões na sua própria casa. E tem a simpatia dos habitantes. O senhor António, emigrado em França há 53 anos e que por esta altura deve estar algures na sua casa perto do Canal da Mancha, mete conversa e pergunta se já fomos tomar banho à cascata, acabando por concordar que esta não é lá muito indicada para banhos ("Está a ver aquele rapaz? O tio dele morreu lá afogado"). E diz-nos que só os pastores ou a gente do campo conhece os caminhos para lá chegar. Os restantes, ficam-se pelas vistas do miradouro,
Ponte da Misarela
Também conhecida como ponte do Diabo e construída sobre o rio Rabagão, no fundo de um desfiladeiro, entre penedos e vegetação, a medieval ponte da Misarela liga a freguesia de Ferral, no concelho de Montalegre, a Ruivães, em Vieira do Minho. Pode ser vista mais ao longe a partir de um miradouro ou mais de perto depois de se percorrer uma calçada romana (uma seta indica a direcção) ou o Trilho da Porreira, opção que requer alguma ginástica e é uma espécie de aventura enlameada. Nós descemos pelo trilho e subimos pela calçada e entre uma coisa e outra ficámos por ali a gozar a tranquilidade do local. Onde uma placa de 2009 relembra o bicentenário das II invasões francesas, que acontecerem em 1809, quando "bravos resistentes sem medo enfrentaram as tropas francesas em defesa da ponte da Misarela", durante um combate entre o exército de Napoleão e as tropas portuguesas e britânicas. Também há uma placa, mesmo antes de chegar à ponte, que anuncia a venda da propriedade Quinta da Ponte da Misarela, com 29 mil metros quadrados, não vá o visitante apaixonar-se pelo local e querer instalar-se por ali. Basta "contactar o próprio".
Pela ponte da Misarela, local associado a rituais de fertilidade e a uma lenda antiga que envolve um fugitivo da justiça e o Diabo, passam os trilhos Ponte da Misarela Entre o Cávado e o Rabagão (a PR5 MTR, com mais informações no site da Câmara Municipal de Montalegre) e o das Pontes da Segunda Invasão Francesa, inaugurado em Maio deste ano pela Câmara de Vieira do Minho. Trata-se este de um percurso linear com cerca de 11 quilómetros, que começa no lugar de Vila, na freguesia de Ruivães, e segue por caminhos rurais e ancestrais, pela margem esquerda da albufeira de Salamonde e pelas pontes de Rês, ou ponte Velha de Ruivães, e pela ponte nova de Saltadouro. A antiga ficou submersa pela subida do nível das águas da albufeira.
Poços Verdes do Sobroso (ou Sete Lagoas do Xertelo)
Ficou para o último dia um dos sítios mais belos do Gerês, os Poços Verdes do Sobroso, também conhecidos como Sete Lagoas do Xertelo. E há várias maneiras de lá chegar. Uma que já foi permitida ou tolerada mas que é agora proibida e sujeita a multa, que é seguir de 4x4 por um estradão que sai da aldeia de Cabril. Uma relativamente fácil, que é percorrer os cinco quilómetros do Trilho dos Poços Verdes, que sai da aldeia de Xertelo, seguindo pelo lado direito do trilho que acompanha logo no início o curso de uma levada, descer até às lagoas e regressar pelo mesmo caminho (e serão mais cinco quilómetros numa paisagem que vale a pena ser vista). E uma terceira, que pode ser uma grande loucura, que é fazer o trilho de uma forma circular, isto é, percorrer os primeiros cinco quilómetros mais fáceis, descer até às lagoas, tomar banho numa e noutra (não serão mais de sete?), apanhar sol sobre as pedras, e regressar por um caminho difícil, muito ingreme, muito pedregoso, onde chegar ao fim parece uma missão impossível. Num dia quente e sem comida (salvou-nos a água de alguns charcos e do rio Cabril), esta pode ser uma opção quase fatal. Nunca um lanche, no Bar Sete Lagoas, em Xertelo, passadas sete horas sobre o início da aventura, me soube tão bem.
O Hotel Carvalho Araújo, na vila do Gerês, que tem quartos para dois, com varanda, a partir de 55 euros no Booking (ou 60 com pequeno almoço e também estacionamento em garagem incluído), foi a opção para a estadia de quatro noites no PNGP.
Reservas para o restaurante Casa do Preto, em Pitões das Júnias, que também tem alojamento, podem ser feitas pelo telefone 276566158.
Caminhar é uma das actividades que se podem fazer no PNPG e trilhos não faltam, alguns com nomes que despertam a vontade de pôr os pés a caminho, como o Trilho do Contrabando (PR28 AVV) ou o Trilho do Pão, do Azeite e dos Miradouros (PR1 MTR). Mas a caminhada maior pode ser feita percorrendo as 19 etapas da GR50 Grande Rota Peneda-Gerês, que tem oficialmente 187,5 quilómetros de extensão e liga a fronteira de Ameijoeira, um pouco a sul de Castro Laboreiro, à aldeia de Tourém, em Montalegre. E pode ser feita por conta própria ou na companhia de um guia da empresa Strike Tours, de Leça da Palmeira, num programa de nove dias, com dormida em hotéis de montanha. Mais informações no site ou pelo 229370506. No site Wikiloc há informação sobre este percurso e sobre os trilhos com que se cruza a GR50. E ainda mais informação no site Walking Peneda Gerês.
O mergulho em Vilarinho da Furna, que terá uma profundidade máxima de 18 metros e durante o qual será possível observar as janelas ou escadas das antigas casas, ou os muros dos velhos caminhos, está disponível mediante autorização prévia dada pela associação AFURNA (pelo custo de 8 euros). Pode ser feito na companhia dos Cavaleiros do Mar, empresa com sede em Viana do Castelo. Mais informações: 964397021 (Cavaleiros do Mar) ou 962520580 (AFURNA).
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