Maputo: um roteiro para moçambicanos, expatriados, turistas e outros viajantes

Quantos dias são precisos para conhecer uma cidade? Três, quatro, uma vida? Este roteiro de Maputo, cidade de avenidas largas (e de muitos bairros sem avenidas ou ruas asfaltadas), plantada de mangueiras, acácias, jacarandás e frangipanis e que nos tempos coloniais se chamou Lourenço Marques, é escrito depois de 15 estadias em Moçambique e mais de 257 mil quilómetros percorridos entre Lisboa e a cidade à beira Índico (e entre Maputo e Lisboa). Podia ter sido escrito há mais tempo? Podia, nas não seria exactamente igual a este que agora aqui partilho.


Um sítio mais ou menos proibido

Numa festa de 50 anos, a que faltei por me encontrar em Portugal, havia um cartaz à beira da pista de dança onde se lia "É proibido dançar agarrado mas se quiser pode". E neste sítio mais ou menos proibido, o Porto de Pesca de Maputo, podia haver um cartaz a dizer "Entrada condicionada, mas se quiser entrar pode". Basta dizer que se vai à procura de informações de barco para Inhaca (e se for mesmo esse o objectivo procure-se o Diamante, que é nome de pessoa e não de embarcação) ou de passeios para a Xefina (e aos domingos a caravela Sanjeeda ruma dali até à ilha que fica muito próxima da cidade). Depois, é ficar a ver os barcos de pesca e de transporte de passageiros e de carga, tendo alguns a ponta de Machangulo como destino, a fazer um pouco de people watching e a fotografar.














Um sítio imperdível

É obrigatório percorrer os 13 ou 14 quilómetros da Avenida da Marginal, muito animada sobretudo aos fins de semana e feriados por vendedores de cerveja, refresco, frango assado, água de coco (que em Moçambique se chama lanho) ou sumo de cana-de-açúcar. Ou pelo menos parte da marginal. E lá bem no fim, depois do Shopping Marés, há um sítio a não perder, o bairro ou aldeia dos pescadores (não está indicado mas deve-se sair na rotunda para o lado do mar, antes da estrada virar um pouco para dentro). Lá pode comprar-se peixe ou marisco acabados de pescar (da última vez comprei um saquinho de camarões por 300 meticais, que haviam de ser cozinhados logo a seguir no Mercado do Peixe), negociar um passeio até à Xefina (o pescador Fernando Paulo é um bom guia e "comandante"), fazer um ou outro retrato (e a senhora a ajeitar o pedaço de tecido que trazia atado à cintura), meter conversa com quem passa ou admirar a casa em forma de barco construída ao fundo da praia.


















Um monumento

A Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, actualmente lugar de exposições e de eventos vários (em Dezembro recebe a habitual festa de Natal da comunidade portuguesa), foi reconstruída nos anos 1940 sobre os alicerces da original, que remonta a finais do século XVIII. No seu interior preserva-se parte da História da presença de Portugal em Moçambique, com destaque para a imponente estátua equestre do comissário régio Mouzinho de Albuquerque (que antes da independência se encontrava na agora Praça da Independência), a estátua de António Enes (também ele comissário régio), algumas lápides tumulares e alguns canhões. Deve o visitante dar ainda atenção à história de Ngungunhane (ou Gungunhana), o último imperador do Império de Gaza, cujos restos mortais (ou o que foram considerados simbolicamente os seus restos mortais) foram translalados para ali, provenientes da Terceira, Açores, para onde fora deportado em 1896. Interessante também a exposição sobre a vida e a História do país em psikhelekedana (forma de arte tradicional do sul de Moçambique). Através de pequenas esculturas em madeira recriam-se momentos como o acordo geral de paz de 1992 ou o discurso de Samora no Estádio da Machava, a vida no mercado de Xipamanine ou as brincadeiras das crianças moçambicanas.






Uma praça

No centro da Praça da Independência, no tempo colonial Praça Mouzinho de Albuquerque, ergue-se a maior estátua do primeiro e mítico Presidente de Moçambique, Samora Moisés Machel, feita na Coreia do Norte e ali colocada em 2011, quando passaram 25 anos sobre a sua morte (e há muitas outras de menores dimensões um pouco por todo o país). E a Praça da Independência é um bom ponto de partida para uma volta a pé por esta zona da cidade: ali à volta fica o Conselho Municipal (vale a pena dar uma espreitadela à escadaria feita com mármore branco de Estremoz e ao vitral com o desenho de uma caravela), a Catedral de Maputo (de 1944 e de nome completo Catedral Metropolitana de Nossa Senhora da Conceição), a Casa de Ferro (importada da Bélgica em 1892 e cujo projecto é atribuído a Gustave Eiffel), o jardim Tunduru (agora reabilitado), o Centro Cultural Franco-Moçambicano (que tem exposições temporárias, concertos, aulas de francês, actividades para crianças e um restaurante muito tranquilo para almoçar) e o Gil Vicente Café Bar (onde se pode beber um copo). Não perder também a Praça dos Trabalhadores, mais adiante, onde se localiza a estação dos Caminho de Ferro de Moçambique, justamente considerada em vários rankings como uma das mais belas do mundo.







Um bairro

Quem chega a Maputo via aeroporto de Mavalane e entra na "cidade de cimento" pela Avenida Joaquim Chissano passa muito perto da Mafalala, talvez sem saber que ali se localiza um dos bairros mais antigos e com mais História da capital. Delimitada pelas avenidas de Angola, Marien Ngouabi, Acordos de Lusaka e da Lixeira (aquela que desabou com um temporal recente, causando pelo menos 17 mortos), a Mafalala, bairro pobre e de condições precárias, de casas em  chapa de zinco e de ruas em terra, ostenta uma importante lista de ex-residentes ilustres: o jogador de futebol Eusébio, os poetas José Craveirinha e Noémia de Sousa, o antigo primeiro-ministro Pascoal Mocumbi ou os dois primeiros Presidentes após a independência, Samora Machel e Joaquim Chissano. E antes deles foi o bairro habitado por macuas proveniente da Ilha de Moçambique (e da dança macua mfalala provém a origem do nome) ou por imigrantes das Ilhas Comores, conhecidos por mujojos e que eram na sua maioria marinheiros, serventes, cozinheiros ou alfaiates.
Uma visita à Mafalala pode ser feita por conta própria: é ir perguntando aos moradores onde fica a casa de Eusébio, que tem direito a uma rua com o seu nome, ou a de Craveirinha, o mercado, a mesquita ou onde se dança o tufo da Mafalala. Para uma maior contextualização histórica, social e cultural, pode ser feita na companhia de um guia da organização IVERCA, que realiza todos os dias (mediante reserva) percursos de cerca de três horas, em português ou inglês e com início às 9h ou às 14h (o preço por pessoa é de 2000 meticais). No Tripadvisor tem este Mafalala Walking Tour 78 apreciações, com 89 por cento dos comentadores a dar nota excelente (e os restantes muito bom) a esta actividade. Mais informações no site ou através dos telefones +258 824180314 ou +258 848846825.








Um tour organizado

É tranquilo conhecer a cidade on your own, conciliando percursos a pé com algumas viagens de táxi ou de choupela, que custam à volta de 200 meticais para percursos mais curtos, 300 ou 400 para os mais longos. Mas se preferir o visitante realizar um percurso organizado, o Maputo Free Walking Tour, que passa por locais como a Praça da Independência ou a estação dos caminhos de ferro, parece-me uma boa opção. Realiza-se de segunda a sexta a partir das 9h (segundas e quartas também às 14h e aos fins-de-semana excepcionalmente), ao longo de três horas e com ponto de partida no café junto à entrada do Pestana Rovuma Hotel, perto da Catedral. Hendy, original da Ilha de Moçambique, é o guia e mentor de um projecto onde cada um decide o que quer pagar. Reservas e mais informações no site ou aqui.






Um museu

Em Novembro do ano passado, quando levava mais uma amiga portuguesa de férias em Moçambique ao Museu de História Natural, fui recebida como visitante habitual (assim uma espécie de cá está ela outra vez) e à despedida tive direito a um convicto "Até à próxima". Contas feitas, percebi que já lá tinha estado pelo menos em Agosto de 2013, em Agosto de 2014 e duas vezes em Agosto de 2017. O Museu de História Natural, localizado na Praça Travessia do Zambeze e num bonito edifício construído em 1911 para ser uma escola primária, tem uma colecção importante de animais da savana africana embalsamados (e um pouco poeirentos), uns rinocerontes que foram vítimas de "caçadores furtivos" mesmo dentro do Museu (são de massa os chifres que substituíram os valiosos originais) e uma colecção de fetos de elefante que se apresenta como única no mundo e que data dos tempos da I Guerra Mundial (ver a história aqui). E tem no seu exterior dois murais de Malangatana, algumas esculturas que representam dinossauros e um sítio que passa despercebido mas ao qual vale bem a pena dar uma espreitadela (ver nota seguinte). Aberto de terça a sexta das 8h30 às 15h30, sábados e domingos das 10h às 17h.
















Um sítio escondido

Já me tinham falado do atelier de Reinata Sadimba, artista nascida em 1945 na província de Cabo Delgado, filha de camponeses da etnia maconde (cuja educação tradicional inclui o fabrico de objectos utilitários em barro), mas só à 14.ª estadia em Moçambique o descobri. Fica ao fundo do jardim do Museu de História Natural, no canto direito, por detrás do maior (e mais belo) dos dois murais de Malangatana. E está quase sempre de portas fechadas, o que não deve intimidar os visitantes, pois lá dentro existe um mundo maravilhoso de esculturas em cerâmica (umas um pouco estranhas, todas elas fantásticas) para descobrir. Vale a pena ficar por ali um pouco à conversa (Reinata domina apenas umas palavras soltas de Português mas tem sempre alguém a trabalhar com ela que ajuda na comunicação), a trocar abraços, beijos e sorrisos (se a artista não estiver demasiado compenetrada no trabalho) ou a negociar o preço de alguma das peças expostas. Nós acabámos por comprar uma obra de duas figuras deitadas por 7 000 meticais (que ainda havia de ir ao forno). Aberto de segunda a sexta das 9h às 15h30.








Dois mercados

Eu, que tenho um fraquinho por mercados (e Maputo é todo ela um grande mercado, com as ruas  e avenidas povoadas de vendedores de milho assado e refeições prontas a comer, de amendoins e recargas para telemóveis, de roupa e sapatos usados, mais conhecidos por "calamidades", de batiques e de aviões da LAM feitos em lata, de flores e de pequenos cachorros que apetece levar para casa), não me consigo decidir entre o mais turístico e centenário Mercado Central (onde um dia já me chamaram um original Menina Europa) e o mais popular e labiríntico (e geralmente considerado perigoso) mercado de Xipamanine. O primeiro, também conhecido por bazar e construído em 1901 com ferro importado da Bélgica, fica localizado na baixa da cidade e é bom para comprar fruta e castanha de caju, especiarias várias e piri piri mais ou menos sacana (ou então extensões para o cabelo). No de Xipamanine, um pouco mais afastado do centro (não fica longe do fim da Eduardo Mondlane), vendem-se cabeças de vaca inteiras na zona da carne (dizem-me que são boas para fazer "petisco") ou mãos de macaco embalsamadas na área reservada aos curandeiros. No exterior, abundam as lojas de capulanas, quase todas de moçambicanos de origem indiana, que são uma espécie de paraíso para quem é fã destes panos coloridos (atenção, encerram quase todas à hora do almoço). E se o visitante arranjou coragem para ir a Xipamanine (eu diria que é uma experiência a não perder) e se no final achou que este não é tão mau como a fama que tem, prossiga a viagem para o Mercado Estrela Vermelha, onde se vendem todas as coisas roubadas na cidade.






Uma igreja

A Igreja de Santo António da Polana, construída pelos missionários franciscanos e projectada pelo arquitecto português Nuno Craveiro Lopes (a fazer lembrar um lírio virado ao contrário ou um espremedor de limões), é um ex-libris da cidade. Localizada no número 1701 da Avenida Armando Tivane, perto do Hotel Polana, foi inaugurada no dia de Santo António de 1962 e reabilitada em 1992, decorrendo actualmente uma campanha de angariação de fundos para nova reabilitação (mais informações na página Team Polana no Facebook). Vale a pena espreitar o seu interior, pelos vitrais que ornamentam as sete capelas (fabricados em Espanha) e pelos vidros coloridos das janelas (de fabrico belga), pelo que o melhor é visitá-la perto do horário das missas para garantir que esteja aberta (realizam-se todos os dias às 18h, aos domingos também às 7.30 e às 9h, geralmente com cânticos em português e nalgumas ocasiões em changana). No jardim, existe uma réplica em miniatura da construção original.




Um jardim

Já sabia que Maputo tem um jardim público para os Namorados, onde existe uma Taverna Doce com uma esplanada com vista sobre a baía e um espaço infantil, um para os Professores, localizado em frente à escola secundária Josina Machel e com um restaurante com esplanada que pertence ao Hotel Cardoso, e outro para os Cronistas, que também é conhecido por Parquinho e onde se podem comer as pizzas do Campo di Fiori. Fiquei agora a saber, no guia Boa Vida Maputo, que tem também um para os membros do Comité Central (por se encontrar junto à sede da Frelimo e que tem uma estufa e um café no seu interior) e outro para os Madgermanes, cujo nome mais formal é Jardim 28 de Maio (e os madgermanes são os antigos trabalhadores, cerca de 11 mil, da extinta República Democrática da Alemanha, que reivindicam direitos perdidos no regresso a Moçambique). Mas neste roteiro o reabilitado Jardim do Tunduru ganha o primeiro prémio. Pela antiguidade (foi desenhado em 1885 pelo arquitecto paisagista britânico Thomas Honney e até à independência de Moçambique foi chamado Jardim Municipal Vasco da Gama), pela tranquilidade, pela fonte Wallace e pelo belo arco em estilo neomanuelino à entrada.






Um sítio para dançar

Já dancei em Maputo em festas de expatriados que regressam à pátria (e o DJ a passar "A carga pronta e metida nos contentores..."), em festas de aniversário (e o artista de serviço a esgotar todo o reportório romântico de Roberto Carlos) ou em festas temáticas (e toda a gente vestida com um little touch of capulana ou com um tropical dress code). E por causa desta vida social intensa (e ainda mais por causa das fugas de fim-de-semana para a Ponta do Ouro, para Inhaca, para a Macaneta, para a África do Sul, para a Suazilândia) nunca dancei em nenhum dos sítios onde tal pode ser feito. O Gil Vicente Café Bar, localizado na Avenida Samora Machel e que tem karaoke às terças e concertos ao fim-de-semana, é um deles.

Um restaurante

Maputo tem as pizzas de massa fininha do Mundos (na central Julius Nyerere), os rabinhos e as chamussas de lagostim do Zambi (um projecto de Pancho Guedes, de 1956), o sushi do Silk (caro), o atum e o milho frito à madeirense de A Nossa Tasca (antes sempre cheio e agora com uma segunda sala), o buffet de bacalhau do Montebelo Girassol (às quartas e agora também aos domingos), as mariscadas do Ocean (que vão de 2140 a 5560 meticais) ou os caranguejos que se compram no Mercado do Peixe e se cozinham em casa ou num dos restaurantes do Mercado (onde a confecção dos produtos é paga ao quilo e o assédio dos vários "chefs" é mais que muito). E tem também o carpaccio de atum, o arroz de marisco (ao jeito de um risotto) ou o frito misto (de camarão e lulas) do Campo di Mare, localizado na Avenida Marginal, dentro do Clube Marítimo de Desportos (não confundir com o Clube Naval). É este o restaurante de Maputo mais bem localizado (sobre a água), ideal para ir ao almoço e num dia sem vento. Reservas: +258 846844374.




Um hotel

Há em Maputo muitos alojamentos baratos (no Booking, os quartos para dois com pequeno almoço custam 37 euros na MozGuest Residence e 42 na Liv Inn Guest House, os dois locais com boas avaliações), um hotel chinês construído recentemente na Avenida da Marginal e a atirar para o megalómano (se se for ao restaurante, vale a pena pedir para ver a sala privada VIP) e um hotel carregado de charme e de História, o Polana Serena Hotel. Construído em 1922 (e na altura foi uma obra polémica mas também inovadora: todos os quartos tinham água quente, sistema de comunicações ou frigorífico), o Polana foi durante a II Guerra Mundial palco da actividades de espionagem e contra-espionagem por parte de agentes secretos dos aliados e também da Alemanha e de Itália. Actualmente concessionado ao Fundo Aga Khan para o Desenvolvimento Económico, o hotel tem a maioria dos quartos no edifício principal e os restantes no recentemente renovado  Polana Mar, um health club e SPA de inspiração marroquina (o Maisha), uma piscina com vista de mar e três restaurantes (o Aquarius, que também é bar e que tem sushi e uma esplanada, o Varanda, onde se toma o pequeno almoço e se servem almoços e jantares, e o mais requintado Delagoa). Quartos para dois a partir de 191 euros, pesquisa feita no Trivago.






Uma esplanada com vista

A Dhow, que rouba o nome aos barcos típicos desta zona do Índico, é uma galeria de arte e de artesanato (com peças maravilhosas e caras ou muito caras) e um restaurante e esplanada com boa vista. É um bom sítio para almoçar (na ementa há polvo marinado em azeite e vinagrete ou salada de camarões e ananás, baptizada de Bazaruto Love) ou para beber um copo e petiscar (eu gosto das chamussas de caranguejo). Fica na Rua de Marracuene, na Ponta Vermelha, e está aberta de terça a quinta das 11h às 20h, às sextas e sábados das 11h às 21h.

Um sítio para comprar capulanas

A Casa Elefante, na Avenida 25 de Setembro, em frente ao Mercado Municipal e há décadas a vender capulanas (a partir de 200 ou 250 meticais e fabricadas sobretudo na Índia), é certamente o sítio mais conhecido e mais frequentado por turistas e visitantes para comprar os irresistíveis tecidos coloridos que em Moçambique se usam como peças de vestuário, nas cerimónias de casamento ou para transportar os bebés às costas (aberta de segunda a sexta das 8h30 às 12h30 e das 14h às 18h, sábados das 8h30 às 13h). Também há capulanas à venda (e muitas) no mercado de Xipamanine, em algumas lojas lá mais para o meio da Eduardo Mondlane (a Tinhelete é uma delas) ou na FEIMA - Feira de Artesanato, Flores e Gastronomia de Maputo. Malas, carteiras e sacos podem ser comprados na  Mozkito (no número 714, uma espécie de garagem, na Avenida 24 de Julho), almofadas, puffs e outros objectos decorativos na Lanas Mozambique (Avenida Agostinho Neto, 16).

Um sítio para comprar artesanato

Se no Museu de História Natural já sou conhecida como visitante frequente, na imensa FEIMA, feira a funcionar todos os dias (e todo o dia) no Parque dos Continuadores, sou "da casa". Pelo menos assim me considera Rosilio, que vende capulanas e faz calças por medida (200 meticais a mão-de-obra) ou saquinhos em pano que servem para "embrulhar" presentes de uma forma mais original. Na FEIMA, constituída por mais de uma centena de bancas, vendem-se esculturas (muitas famílias felizes), caixas em madeira, batiques, cestos, cestas e carteiras de palha forradas ou não a capulana, roupa já feita, tecidos para a fazer (um vestido a gosto fica à volta de 800 meticais), brinquedos de madeira, muita bijutaria, mochilas (a banca melhor é mesmo ao fundo, do lado direito), bolas coloridas feitas de massalas ou máscaras. A feira é um sítio tranquilo, onde algumas vezes há mais vendedores do que clientes (não em dias de atracagem dos cruzeiros provenientes da África do Sul), com um assédio quase sempre soft e onde negociar e comparar os preços faz parte do processo. E o melhor é ir fixando os números dos vendedores onde haja interesse em regressar.












Um sítio para fazer uma massagem

Se durante uma estadia na cidade sentir o visitante (também é válido para residentes) uma súbita vontade de ser vigorosamente massajado, pisado, quase espancado (e no fim ficar com uma estranha sensação de relaxamento), o número 612 da Avenida Mao Tse Tung, onde funciona o Yi Ren Yi Jia Massage Center, é o sítio onde deve ir. Ali se fazem massagens chinesas (é possível fazer a solo ou a dois, sendo que o preço por pessoa é de 1500 meticais para 30 minutos, 1800 para 40 e 2000 para uma hora) ou com pedras quentes (2500 meticais uma hora) e ainda sessões de acupunctura ou emagrecimento. Também há massagens, mas tailandesas, no imenso Maputo Afecc Gloria Hotel (3000 meticais para uma hora de relaxe). Reservas e mais informações para as massagens na Mao Tse Tung:  +258 829888827 ou +258 21498089. Reservas para o grande hotel chinês: +258 844817252.

Um sítio para ver o pôr do sol

Entro nos comentários do Tripadvisor sobre o Hotel Cardoso (e conta Alfredo Pereira de Lima no livro Edifícios Históricos de Maputo que é este assim chamado por ter sido construído num terreno que pertencia a Augusto Cardoso, comandante português que acompanhou Serpa Pinto mas expedições ao Niassa e que mais tarde foi encarregue da construção de um farol na baía e de fazer o saneamento da cidade) e confirmo, logo no primeiro, ser este um "local excelente para ver o pôr do sol". E ainda mais excelente se acompanhado de uma 2M ou de outra coisa fresca, que podem ser tomadas no Bar Pôr do Sol (aberto ao público em geral). Uma maneira perfeita de terminar um dia ou uma viagem a Maputo.





Comentários

  1. Menina Europa,
    Gostei muito do que li. Vivi em Moçambique de Junho de 1975 a Junho de 1977; voltei em 1979, ido de Angola onde residi. Cheio de saudades, "investi" o dinheiro que tinha e lá voltei em 2006. Neste artigo faz uma descrição muito bem feita do que é Maputo (verdade seja dita, fala de coisas que são posteriores à minha última ida...). E não é que não só me matou as saudades, como voltou a dar-me essa quase necessidade de lá voltar. E, claro, não só a Maputo.
    Obrigado, Helena Melo

    Júlio

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  2. Fico feliz por ter gostado. Agora é fazer planos para regressar de novo.

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  3. Dra. Helena Melo, lindíssima foto reportagem. Falou tudo. Vários cliques, várias memórias. Até o muro no Bairro dos Pescadores. A coleção única dos “14 fetos” na Praça Travessia do Zambeze, ou seja, Museu de História Natural. A Igreja de Santo António da Polana está em obras de recuperação mas era interessante que, futuramente, pudesse reportar - em imagens - o resultado desse trabalho de recuperação. Deixo-lhe uma segunda sugestão, muito a propósito de Pancho Guedes: Há um conjunto de edifícios e moradias, espalhados, um bocado por toda a cidade de Maputo e, com a chancela desse arquitecto visionário. Pois também era interessante ver essa matéria, reportada por si. Obrigado. Cumprimentos do José Alberto.

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  4. Obrigado. Ainda bem que gostou. O roteiro de Pancho Guedes está na agenda.

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  5. Que pena só agora ter visto este blog... teria aproveitado melhor as minhas estadias em Moçambique. De qualquer modo obrigado! Já agora aqui fica o meu blog www.sulafrica.blogspot.com
    Cordiais saudações
    João Taborda

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