Babbysitting e dias de descanso em Vilanculos

"You help everyday!", diz-me uma turista polaca quando me vê pela segunda vez com uma bebé ao colo, a Clara, de seis meses. Estávamos a banhos em Vilanculos, a turista polaca pela primeira vez e eu pela terceira, pois havia que mostrar Bazaruto, mesmo ali em frente, a amigos portugueses de visita a Moçambique. E em Vilanculos, juntamente com a região de Inhambane o ponto mais turístico do país, é um prazer ficar pela praia a ver o trabalho dos pescadores e puxadores de redes, a falar com quem me dá conversa (e um dos pescadores pergunta-me se em Portugal também se pesca e como é que se faz), a fotografar quando me dizem que o posso fazer. E dizem quase sempre.
Puxar uma rede, empurrando para trás com as costas um pau preso a longas cordas, é um trabalho duro, demorado, uma tarefa para duas ou três horas (e a rede, no final, pode chegar quase vazia). E a mãe da bebé a quem dei colo em duas das manhãs da estadia (e também pedacinhos de bolachas Maria) puxa-a com a filha às costas, segura por uma neneca de capulana.
Cenas de pesca à parte, a longa praia é também animada por homens que passam de bicicleta, por mulheres com lenha ou alguidares à cabeça, por rapazes que jogam futebol com uma bola esburacada e muito remendada, por um ou outro turista que passeia montado a cavalo e por quem parte ou chega das ilhas de Bazaruto. E uma viagem às ilhas é o ponto alto de qualquer estadia em Vilanculos.


















O arquipélago de Bazaruto, classificado desde 1971 como parque natural e localizado ao longo de cerca de 45 quilómetros no oceano Índico, é constituído pelas ilhas de Bazaruto (a maior, com 37 quilómetros de comprimento e vários lagos no seu interior), Bengerra (a segunda maior e conhecida no tempo colonial como ilha de Santo António), Magaruque (ou Santa Isabel, habitada por bandos de flamingos), Santa Carolina (também chamada Paraíso) e a pequena Bangue (a que alguns locais chamam "banco").
Desta vez, depois de um dia perfeito em Santa Carolina, para onde navegámos a partir de Inhassoro (ver aqui), aproveitamos a estadia de cinco dias em Vilanculos para mais uma incursão à ponta sul de Bazaruto, para nova sessão de snorkeling no two milles reef e para explorar um pouco a ilha de Benguerra, que só tinha pisado muito de passagem em viagens anteriores. E este é um programa que nunca desilude: as dunas de areia de Bazaruto continuam irresistíveis, o two milles reef  continua cheio de belos corais e de peixes de muitas espécies e cores (e o mar calminho a deixar ver tudo) e a areia de Benguerra continua tão branca.
Para além das ilhas, há um sítio a não perder em Vilanculos, que só descobri nesta terceira estadia. São as dunas vermelhas, que ficam a cinco quilómetros para norte a partir do Vilaculos Beach Lodge. Ver lá do cimo o pôr-do-sol "is a dream come true", tínha-nos avisado Johannes, um alemão casado com uma moçambicana e o nosso anfitrião do Airbnb, no e-mail que enviou com algumas informações úteis para a estadia. E foi uma boa dica.
































Depois de noutras estadias em Vilanculos termos ficado na Casa Babi, na parte mais a sul da praia e propriedade dos franceses Sabrina e Denis (que têm também a empresa de mergulho e snorkeling Odyssea Dive), e no Bahia Mar Boutique Hotel, na parte mais a norte, alugamo desta vez uma "nice home close to sea" (não na primeira linha mas a dois ou três minutos a pé da praia) no Airbnb, localizada mesmo ao lado do Vilanculos Beach Lodge (no Bairro 19 de Outubro). Cinco noites custaram, para sete, 947 euros.

A Dolphin Dhow Safaris (+258 824624700), a Odyssea Dive (+258 82781730) e a Sunset Dhow Safari (+258 829120658 ou +258 847206223) são algumas das empresas que realizam passeios às ilhas. Desta vez, usámos os serviços da Sunset Dhow Safari e a viagem para Bazaruto e Benguerra, com snorkeling e almoço incluídos, ficou por 4300 meticais por pessoa, ou cerca de 60 euros (seriam 3000, ou pouco mais de 40, para ir a Magaruque).

O Vilanculos Beach Lodge, gerido pela Ângela, que já conhecíamos do Lugar do Mar, na Macaneta,  é um bom sítio para almoçar ou jantar. Ficaram aprovados o caril de camarão, a mezze composta por petiscos vários e o sorvete de café. Mais informações: +258 844008484.

O hotel Dona Ana, construído na época colonial pelo português Joaquim Alves e que herdou o nome da moçambicana por quem o empresário se apaixonou, é um bom sitio para beber um copo ao final da tarde. Tem quartos para dois a partir de 9000 meticais e uma suite presidencial por 16000.

Chegar às dunas vermelhas de carro só é possível com um 4x4 (também é possível ir a pé ou a cavalo). E há algumas empresas e alojamentos que realizam passeios até lá. É o caso do Baobab Beach Resort and Backpackers, um hotel e restaurante mesmo sobre a praia. Mais informações: +258 842579008.

O aluguer de cavalos pode ser feito na Mozambique Horse Safari, sendo que uma hora e meia de passeio custa 50 dólares, um passeio até às dunas vermelhas, com almoço incluído, 120.

Mais sobre viagens anteriores a Vilanculos, Bazaruto e Benguerra aquiaqui e aqui. Ida a Magaruque, em Agosto de 2014, aqui. Ida a Santa Carolina, em Agosto de 2017, aqui.


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