Coral Lodge: um paraíso em frente à Ilha de Moçambique
Já o tinha visto do mar, a caminho e no regresso da deserta ilha dos Sete Pau, em Janeiro de 2016 e mais recentemente, na véspera de ali me instalar por três noites. Visto de mais perto, o Coral Lodge, um alojamento perto da Ilha de Moçambique, na costa continental de Mossuril, confirmou da melhor maneira o que já imaginava: ser assim como que uma espécie de paraíso. E sei que não é nada original chamar-lhe assim (basta ver as avaliações e comentários no Tripadvisor) mas é obrigatório fazê-lo. Pela localização perfeita (e remota, sobretudo se a viagem for feita de carro), pela beleza da paisagem (com o mar muito verde, ou muito azul, a areia muito branca), pela temperatura da água (talvez demasiado quente para alguns), pelos camarões, lagostas e peixe fresco que saem da cozinha (a cargo do abençoado chef Chale, especialista também em pastelaria), pela elegância, conforto e simplicidade dos bungalows (são dez, cinco virados para o mar e cinco para a lagoa), pelos imperdíveis nasceres (muito cedo, pouco depois das quatro da manhã) e pores do sol. E ainda pela tranquilidade e pela História à volta.
Ao cinco estrelas Coral Lodge, localizado numa península, em zona de reserva natural e vizinho da aldeia de Cabaceira Pequena (de onde são a maioria dos trabalhadores e onde Vasco da Gama terá construído uma cisterna por volta de 1500), pode chegar-se de barco (muitos fazem-no a partir da Ilha de Moçambique) ou por terra. Nós escolhemos a segunda opção e viajámos num 4x4 a partir da Ilha, num total de 70 ou 80 quilómetros. Foram estes percorridos primeiro em estrada com alcatrão. Depois em estrada em terra batida (e agora bastante destruída por um temporal recente), rodeada de muito verde e onde alguns reclusos (do estabelecimento prisional de Mossuril, informa-nos a mulher a quem damos boleia) apanhavam lenha guardados por dois polícias. E por fim em trilhos de areia, que chegam a ser inundados durante a maré cheia.
E a viagem em 4x4 foi a melhor maneira de explorar um pouco este pedaço da costa, com destaque para a povoação de Cabaceira Grande, terra fundada por portugueses e que tem como atracções maiores o antigo Palácio de Verão do Governador (construído em 1765 e agora tristemente em ruínas) e a Igreja Nossa Senhora dos Remédios (erguida no local onde em 1579 os dominicanos construíram a primeira igreja em Moçambique), que só pela bela porta (leio algures que foi feita em Goa) já merecia um desvio. Os adeptos sportinguistas não podem perder também o núcleo local dedicado ao clube. E há muitos sportinguistas por ali, confirma-me um homem quando me vê a fotografar a casinha verde e branca, com o emblema do leão na porta.
Depois de cumprida a tarefa de visitar o património português (ou o que resta dele), foi tempo de rumar ao Coral Lodge. E foram perfeitos os dias ali passados, preenchidos com longos banhos de mar (uma espécie de ficar de molho em água quase a escaldar), altos momentos gastronómicos (sempre com dois pratos à escolha e eu a escolher sempre peixe ou marisco), snorkeling na lagoa (já com saudades dos miúdos da Ilha, empresto a máscara a uns rapazes e raparigas um pouco envergonhados mas que gostam e se riem com a experiência) e a passeios pela praia (imensa na maré baixa e onde alguns rapazes apanham uma espécie de marisco, a fazer lembrar lingueirão mas sem a parte de fora, através de uma técnica fascinante: escavam com uma faca o sítio exacto onde acham que estão e de seguida retiram os bichos enfiados num pau).
Num dos passeios em busca do mar lá ao longe reencontro Genito Molava, que nasceu e sempre viveu na Ilha de Moçambique e que aos 11 anos deu a si próprio o nome de Harry Potter (e que um destes dias foi o protagonista de uma reportagem da RTP). O dhow vermelho e branco onde eu navegara no dia anterior transportava dessa vez mais turistas e viajantes para um almoço - piquenique ali perto. Ficámos à conversa (sobre a Ilha, é claro) e às tantas sugeriu-me que comprasse lá uma casa: há várias disponíveis, umas mais em ruína, outras mais prontas a habitar, a preços não muito elevados. Quando lhe respondo que a Ilha é longe, muito longe, diz-me que quando é bonito não é longe. Talvez esse argumento me faça regressar mais uma vez, à Ilha e à bela costa continental. Até porque me faltou tomar um banho nas Chocas (estância de férias no tempo colonial) ou na praia da Carrusca.
Ao cinco estrelas Coral Lodge, localizado numa península, em zona de reserva natural e vizinho da aldeia de Cabaceira Pequena (de onde são a maioria dos trabalhadores e onde Vasco da Gama terá construído uma cisterna por volta de 1500), pode chegar-se de barco (muitos fazem-no a partir da Ilha de Moçambique) ou por terra. Nós escolhemos a segunda opção e viajámos num 4x4 a partir da Ilha, num total de 70 ou 80 quilómetros. Foram estes percorridos primeiro em estrada com alcatrão. Depois em estrada em terra batida (e agora bastante destruída por um temporal recente), rodeada de muito verde e onde alguns reclusos (do estabelecimento prisional de Mossuril, informa-nos a mulher a quem damos boleia) apanhavam lenha guardados por dois polícias. E por fim em trilhos de areia, que chegam a ser inundados durante a maré cheia.
E a viagem em 4x4 foi a melhor maneira de explorar um pouco este pedaço da costa, com destaque para a povoação de Cabaceira Grande, terra fundada por portugueses e que tem como atracções maiores o antigo Palácio de Verão do Governador (construído em 1765 e agora tristemente em ruínas) e a Igreja Nossa Senhora dos Remédios (erguida no local onde em 1579 os dominicanos construíram a primeira igreja em Moçambique), que só pela bela porta (leio algures que foi feita em Goa) já merecia um desvio. Os adeptos sportinguistas não podem perder também o núcleo local dedicado ao clube. E há muitos sportinguistas por ali, confirma-me um homem quando me vê a fotografar a casinha verde e branca, com o emblema do leão na porta.
Depois de cumprida a tarefa de visitar o património português (ou o que resta dele), foi tempo de rumar ao Coral Lodge. E foram perfeitos os dias ali passados, preenchidos com longos banhos de mar (uma espécie de ficar de molho em água quase a escaldar), altos momentos gastronómicos (sempre com dois pratos à escolha e eu a escolher sempre peixe ou marisco), snorkeling na lagoa (já com saudades dos miúdos da Ilha, empresto a máscara a uns rapazes e raparigas um pouco envergonhados mas que gostam e se riem com a experiência) e a passeios pela praia (imensa na maré baixa e onde alguns rapazes apanham uma espécie de marisco, a fazer lembrar lingueirão mas sem a parte de fora, através de uma técnica fascinante: escavam com uma faca o sítio exacto onde acham que estão e de seguida retiram os bichos enfiados num pau).
Num dos passeios em busca do mar lá ao longe reencontro Genito Molava, que nasceu e sempre viveu na Ilha de Moçambique e que aos 11 anos deu a si próprio o nome de Harry Potter (e que um destes dias foi o protagonista de uma reportagem da RTP). O dhow vermelho e branco onde eu navegara no dia anterior transportava dessa vez mais turistas e viajantes para um almoço - piquenique ali perto. Ficámos à conversa (sobre a Ilha, é claro) e às tantas sugeriu-me que comprasse lá uma casa: há várias disponíveis, umas mais em ruína, outras mais prontas a habitar, a preços não muito elevados. Quando lhe respondo que a Ilha é longe, muito longe, diz-me que quando é bonito não é longe. Talvez esse argumento me faça regressar mais uma vez, à Ilha e à bela costa continental. Até porque me faltou tomar um banho nas Chocas (estância de férias no tempo colonial) ou na praia da Carrusca.
O Coral Lodge, que abriu em 2010 concretizando o sonho do casal de holandeses Bart e Alexandra Otto, tem desde Abril de 2017 um novo proprietário, o português Filipe Alexandre. Ficar lá não é barato (preços no Booking a partir de 406 euros, com tudo incluído) mas para os moçambicanos ou residentes em Moçambique há uma promoção de 15 000 meticais para dois (cerca de 200 euros), com todas as refeições e uma massagem para cada um incluídas, se as reservas forem feitas directamente (foi o caso). O restaurante está aberto a não residentes, custando um dos pratos do dia 2000 meticais ou um prato e entrada e um prato e sobremesa 2500. Também é possível passar lá para beber um café, um copo de vinho ou um cocktail, que custam respectivamente 120, 225 e 450 meticais. Mais informações e reservas com os gerentes Filipa e Ricardo Freitas através do 00258 829023612.
A Belmoz, em Mossuril, é uma paragem interessante no percurso entre a Ilha e o Coral Lodge (à direita na estrada, na ida, há uma placa a indicar o local). Trata-se de um projecto da belga Karine Vandepitte, que produz e vende muitos produtos à base de aloé vera (há mussiro com aloé vera para máscaras faciais, há cremes para o corpo, as mãos, os pés...) e que oferece também banhos relaxantes em bonitas banheiras de madeira (uma hora, 1800 meticais) e massagens várias (a de corpo inteiro tem uma duração de uma hora e vinte e custa 1900 meticais). A Belmoz tem também uma loja na Ilha de Moçambique (no Largo da Capitania), outra em Maputo (no hotel Pestana Rovuma) e loja online. Mais informações e reservas: 00258 842663934 ou belmoz@gmail.com.
Genito Molava, aka Harry Potter, realiza passeios de barco até ao Coral Lodge, a partir da Ilha, por cerca de 1200 meticais por pessoa (um pouco mais caro se incluir almoço). Contacto: 00258 845464817.
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