Um ano da viagem ao Japão: Hiroshima

No dia 6 de Agosto de 1945, às 8h15, hora que marca um relógio exposto no Museu Memorial da Paz de Hiroshima, o avião americano Enola Gay lançava sobre a cidade a primeira bomba atómica em cenário de guerra (três dias depois seria a vez de Nagasáqui). Hoje, que passam 75 anos sobre o bombardeamento, recordo a passagem por Hiroshima, nos primeiros dias de Agosto de 2019, etapa de uma viagem de três semanas escaldantes pelo Japão.
O Parque Memorial da Paz, localizado entre os rios Honkawa e Motoyasu, foi o ponto de partida de uma volta pela cidade que havia de terminar ao final da tarde no castelo, construído originalmente no século XVI, também destruído pela bomba e reconstruído em 1958. No Parque, há um sino decorado com um mapa mundo sem fronteiras, uma chama que promete ficar acesa até desaparecerem todas as armas nucleares na Terra, um monumento dedicado às crianças e à esperança no futuro, árvores da espécie gingko biloba que sobreviveram à destruição, um monumento em memória dos mortos onde o presidente Obama rezou em 2016, um pavilhão que lista os nomes dos 140 mil que perderam a vida e um museu que nos emocionou. Ali, se mostra a devastação da cidade no dia do lançamento da bomba, os danos da radiação que se prolongaram no tempo  (há uma foto de dois irmãos que perderam o cabelo, tirada uns meses depois no Hospital da Cruz Vermelha) e alguns pertences de vítimas, como um triciclo calcinado que se encontrava a 1,5 quilómetro do centro da explosão ou as roupas de estudantes que nunca chegaram à escola.
Mais à frente, ao lado do rio Motoyasu, fica o Atomic Bomb Dome, edifício localizado a apenas 160 metros do centro da explosão e o único da cidade que não foi reconstruído. Projectado em 1915 pelo arquitecto checo Jan Letzel, era antes de 1945 o The Hiroshima Prefectural Industrial Promotion Hall e cativava os moradores da cidade com a sua cúpula verde. Em 1996 foi declarado como Património Mundial da Unesco e hoje funciona como um símbolo global da paz.
O Japão, país onde há quem alugue carros apenas para dormir a sesta ou quem adopte homens adultos (prática que tem o nome de mukoyoshi), nunca para de surpreender os visitantes. E Hiroshima não foi excepção. O dia carregado de História terminou, num dos jardins da cidade, com uma caça aos Pokemons, com a multidão de jogadores munida de smartphones, tablets e baterias adicionais. Leio entretanto num artigo da BBC, de Julho de 2016, que os responsáveis de Hiroshima pediram aos criadores de Pokemon Go para manter os seus monstros virtuais fora dos memoriais às vítimas da bomba atómica. O mesmo fez o Museu Memorial do Holocausto nos EUA ou Auschwitz, na Polónia.































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