Duas semanas pela Suécia: da cidade naval de Karlskrona a um banho no Báltico

Preparei o roteiro desta viagem pelo Sul da Suécia com a ajuda de um velhinho Le Guide du Routard, publicado em 2007 e dedicado também à Dinamarca (check, Agosto de 2009) e à Noruega (visitada em Agosto de 2011 e com algumas notas de viagem publicadas aqui). Mas como há coisas que não mudam, neste caso provavelmente desde a Idade do Ferro, tinha grandes expectativas em relação a Ales Stenar, um conjunto de 59 pedras colocadas na vertical no meio de um campo junto ao mar e envoltas em algum mistério  não se sabe se terão sido usadas como lugar de culto, como monumento funerário  ou se teriam outra função. Trata-se de um monumento megalítico localizado a 18 quilómetros de Ystad e nas proximidades do porto de pesca de Kaseberga e considerado pelo nosso Routard como "no seu género, um dos mais belos sítios do mundo". Junte-se-lhe um pôr do sol sobre o Báltico e são capazes de ter razão.

Mas antes do pôr do sol em Ales Stenar, onde três mulheres sentadas em cadeiras tipo campismo (e uma delas forrada com uma pele de animal, apesar de ser Agosto) desenhavam ou escreviam inspiradas certamente pela beleza da paisagem, foi a manhã passada na ilha de Oland e a tarde em Karlskrona, uma cidade naval que é, desde Dezembro de 1998, Património Mundial da Humanidade. Depois de um almoço num restaurante com nome de bairro francês, Montmartre, onde uns mexilhões com batatas fritas nos fizeram felizes, rumámos ao  Marinmuseum, instalado na ilha de Stumholmen e a principal atracção de Karlskrona. 

E no Museu Marítimo, parcialmente em obras de remodelação, pode o visitante encontrar informações sobre a história da marinha sueca, desde a sua criação até à actualidade, maquetes de navios, uniformes, uma sala com esculturas em madeira usadas nas proas de navios dos séculos XVIII e XIX, um andar dedicado à marinha de guerra, alguns navios no exterior e um "túnel dos naufrágios", fechado por causa da pandemia. Museu e centro da cidade visitados, pena não ter chegado o tempo para embarcar rumo à fortaleza de Kungsholms, construída em 1689 ao largo da ilha de Tjurko e a cinco quilómetros a sul de Karlskrona. Kungsholms é um dos 50 sítios ou edificações que compõem a lista do que na cidade foi declarado pela UNESCO como Património da Humanidade.





























Jantar na Suécia é uma actividade quase impossível para quem se atrasa. E no caso de Ystad, onde passaríamos a terceira noite, chegar atrasado pode significar chegar um pouco depois das oito. Iniciámos pois a visita pela cidade medieval que é considerada uma das mais bem preservadas do país em busca de um restaurante, sendo que acabámos sentados em frente a uma salada de frango no Max, que é assim uma espécie de concorrente do McDonald, no caso cheio de adolescentes suecos e seus telemóveis. O que para fast food não esteve mal, sobretudo por ter sido o preço a pagar pelo pôr do sol em Ales Stenar.

Ystad, restaurantes que fecham a cozinha cedo à parte, tem mais de 300 casas antigas e fotogénicas construídas com as paredes em madeira e tijolo, uma igreja luterana cujas origens remontam ao século XII e que tem um recanto para as crianças brincarem com vestes e adereços usados nas celebrações religiosas em tamanho pequeno (e um "Feel free to play" colado numa coluna que convida a usar o espaço), um antigo mosteiro franciscano localizado perto da Sankta Maria Kyrka (ou em inglês St. Mary Church), um museu de arte moderna, o Konstmuseet, um teatro do século XIX à beira do porto e da marina, um parque, o Norra Promenaden, uma praça principal, que em sueco se diz Stortorget (e há uma em todas as cidades), ou bancas de rua onde se podem comprar amoras, mirtilhos ou framboesas pagando com cartão (a Suécia é cash free ou quase, não sei se por causa da pandemia). A cidade tem também muitos locais que serviram de cenário para os policiais do escritor sueco Henning Mankell (1948  2015), criador do inspector Kurt Wallander e que dividiu quase 30 anos da sua vida entre Ystad e Moçambique, onde criou e dirigiu o Teatro Avenida (na capital) ou financiou acções de luta contra a sida.

E nas proximidades de Ystad há praias que merecem uma paragem ou um mergulho. Sandhammaren, com dunas de areia clara e que tem a reputação de ser umas das melhores da Suécia, mereceu uma paragem; o mergulho, o meu primeiro mergulho no Báltico, foi feito em Falsterbo, estação balnear no extremo sudoeste da Suécia, já a caminho de Malmo, com a temperatura do ar a rondar os 20 graus e a da água a não fazer congelar ninguém. Em Falsterbo, no estacionamento de acesso à praia, vale a pena dar uma vista de olhos à obra The Bather, de Jasmine Cederqvist e Jackie K. Persson, feita com cadeiras de praia deixadas nas praias de Vellinge durante o Verão de 2019. Por ver ficou o novo Falsterbo Photo Art Museum, localizado pertíssimo do mar e um projecto do casal Christina Lindquist e Malmo Claes, que decidiu mostrar ao público a sua colecção de cerca de 450 fotografias reunida ao longo de 15 anos.

























De Kalmar, porta de entrada e de saída para a ilha de Oland, a primeira etapa desta viagem, são 271 quilómetros até à cidade medieval de Ystad, local escolhido para a terceira noite desta viagem de duas semanas pela Suécia.

O Hotell Backgarden, de três estrelas e instalado numa casa do século XIX, custou 1754 coroas suecas, o equivalente a cerca de 172 euros, para três, com pequeno almoço incluído. E o pequeno almoço típico sueco é composto de fatias de pão que se cobrem de queijo ou patê e rodelas de ovos, pepino e tomate.

Mais sobre a viagem de duas semanas pela Suécia aqui (Kalmar e ilha de Oland) e aqui (Malmo e Lund).


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