#4 Diário de um regresso a Moçambique – A rir e a comer pipocas no Teatro Gungu

Num dos domingos da estadia, ao final da tarde, vindos da Ponta, corremos para o Teatro Gungu, companhia fundada em 1992 por Gilberto Mendes na Baixa de Maputo, num lugar cheio de história, onde por estes dias está em cena Nação Dividida. Com um argumento muito actual, construído a partir da situação de violência que se viveu nos últimos meses depois das eleições de Outubro, Nação Dividida é um misto de sátira, com muita gente a rir durante duas horas, e de tragédia. Dir-me-á Gilberto, uns dias mais tarde, numa conversa que em breve será transformada aqui no Blogue num retrato da série Moçambicanos, que se vista em Moçambique a peça será mais uma sátira, se vista por exemplo em Portugal será mais uma tragédia. "Se não buscarmos um bocadinho de humor em toda a tragédia que nos rodeia, a gente cai para o lado", considera o actor e encenador.

O Teatro Gungu, vizinho da mítica Rua do Bagamoyo, ocupa o espaço do antigo Estúdio 222 e do cinema Dicca, onde actuou Roberto Carlos na única vez que se deslocou a Moçambique. E no mesmo local existiu, entre 1912 e 1967, altura em que foi demolido, o Teatro Varietá,  cinema, teatro de variedades e um ringue de patinagem fundado por dois italianos. Que talvez por estar perto do porto recebia muitos marinheiros, mas também bailarinas e cantores chegados de Itália. Desde que é Teatro Gungu, passaram seu pelo palco peças como Vivendo Com a Sogra, Casais Imperfeitos, Corredores do Poder, Chove em Maputo ou Mulheres de Fibra. E agora a 104ª produção, Nação Dividida, sempre com muito público (um pouco menos no Ramadão e na Quaresma) e com muita interacção com o público. É possível acabar o espectador a dançar no palco com uma das personagens. No meu caso, fui o par do General Ponho, que ao longo da peça vai repetindo, em coro com a plateia: "O meu nome é General Ponho, 5/5, o homem que deu o segundo tiro. O primeiro [faz uma pausa e bate as mãos uma na outra] não conta!"

[Mais informações sobre Nação Dividida, em cena de quinta a domingo e feriados e vésperas de feriados às 18h30 e com bilhetes que vão dos 300 (às quintas) aos 500 meticais, (aos sábados e domingos), através do +258 879452701 ou na página da companhia no Facebook].






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