Londres: o Brexit em directo
"Há cidades belas e cruéis, como Paris. Ou elegantes e cépticas, como Roma. Ou densas e obsessivas, como Nova Iorque. Londres não pode ser reduzida a antropomorfismos."
Enric González, Histórias de Londres
Aterro em Londres pela quarta vez, em vésperas do referendo e ainda com o Reino Unido com um pé na União Europeia (e durante dois dias vejo gente com pequenos autocolantes a favor da permanência). E parto para Paris três dias depois, via Eurostar, com a saída já confirmada e com mais um amigo no Facebook.
Estava na Langham Place, junto à All Souls Church e em frente à BBC, que foi projectando ao longo da noite, na fachada, os resultados da consulta popular. Quando apareceram os primeiros números (4 por cento para o leave e 96 para o remain) acabo por meter conversa com alguns homens, meio baralhados, que estão por ali e a quem explico que aqueles são apenas os votos de Gibraltar. Um deles, que está mais para o lado do out do que do in mas que sobretudo está farto do mau tempo londrino, diz-me que não se importava de passar uns tempos em Lisboa. Quando me despeço, promete pesquisar-me na Net assim que passar por um sítio com wi-fi. Coisa que não tem, diz-me, na pequena tenda que monta à noite debaixo das arcadas da Igreja de Todas as Almas.
E o meu novo amigo virtual (que juntou ao pedido de amizade uma mensagem simpática sobre a conversa da véspera) terá sido dos poucos ingleses com quem falei nesta curta estadia na capital britânica - e onde mais uma vez tive a sensação de ali ter desaguado gente e mais gente de todo o mundo, uma verdadeira multidão. De resto, cruzo-me com uma portuguesa de Setúbal que está há dois anos e meio a trabalhar em Londres, com um brasileiro de São Paulo que saiu de casa há 17 anos e com um espanhol de Vigo que por estes dias talvez esteja a banhos em Tróia.
Não tinha grandes planos para estes dias em Londres, apenas conhecer mais um pouco desta cidade "inabarcável" (e roubo mais uma vez as palavras a Enric González, antigo correspondente do El País no Reino Unido). Com um check já feito nos principais museus da cidade (o impressionante British Museum, a National Gallery, o Victoria and Albert Museum, o Natural History Museum e a Tate Modern) e nas principais atracções (a Abadia de Westminster, o Palácio de Buckingham, o Hyde Park e os jardins de Kensington, a Tower Bridge e os mercados de Camden e Portobello), pensava desta vez visitar a catedral anglicana de Saint Paul e gozar pela primeira vez do seu topo a vista de Londres (com a pedonal Millennium Bridge, desenhada por Norman Foster, o luxuoso Shangri-La Hotel e a London Eye, a roda gigante inaugurada em 2000, a destacarem-se na paisagem), talvez fazer umas compras (as lojas e armazéns da Oxford e da Regent Street, em saldos, são uma bela tentação), talvez regressar ao Soho para um jantar no tailandês Busaba (já quase uma cantina nas idas a Londres), conhecer um ou outro local novo (e a escolha recaiu sobre o velhinho e delicioso Mercado de Borough), seguramente passear um pouco sem destino certo. E foi o que fiz. E desta vez sem andar ensanduichada em roupa térmica, embora não me tenha livrado de comprar um pequeno guarda-chuva.
E o meu novo amigo virtual (que juntou ao pedido de amizade uma mensagem simpática sobre a conversa da véspera) terá sido dos poucos ingleses com quem falei nesta curta estadia na capital britânica - e onde mais uma vez tive a sensação de ali ter desaguado gente e mais gente de todo o mundo, uma verdadeira multidão. De resto, cruzo-me com uma portuguesa de Setúbal que está há dois anos e meio a trabalhar em Londres, com um brasileiro de São Paulo que saiu de casa há 17 anos e com um espanhol de Vigo que por estes dias talvez esteja a banhos em Tróia.
Não tinha grandes planos para estes dias em Londres, apenas conhecer mais um pouco desta cidade "inabarcável" (e roubo mais uma vez as palavras a Enric González, antigo correspondente do El País no Reino Unido). Com um check já feito nos principais museus da cidade (o impressionante British Museum, a National Gallery, o Victoria and Albert Museum, o Natural History Museum e a Tate Modern) e nas principais atracções (a Abadia de Westminster, o Palácio de Buckingham, o Hyde Park e os jardins de Kensington, a Tower Bridge e os mercados de Camden e Portobello), pensava desta vez visitar a catedral anglicana de Saint Paul e gozar pela primeira vez do seu topo a vista de Londres (com a pedonal Millennium Bridge, desenhada por Norman Foster, o luxuoso Shangri-La Hotel e a London Eye, a roda gigante inaugurada em 2000, a destacarem-se na paisagem), talvez fazer umas compras (as lojas e armazéns da Oxford e da Regent Street, em saldos, são uma bela tentação), talvez regressar ao Soho para um jantar no tailandês Busaba (já quase uma cantina nas idas a Londres), conhecer um ou outro local novo (e a escolha recaiu sobre o velhinho e delicioso Mercado de Borough), seguramente passear um pouco sem destino certo. E foi o que fiz. E desta vez sem andar ensanduichada em roupa térmica, embora não me tenha livrado de comprar um pequeno guarda-chuva.
Cada bilhete de metro, apenas para uma viagem, custa uma pequena fortuna: 5.70 libras (ou cerca de 6.80 euros). Pelo que juntar ao andar a pé a compra de um bilhete para um ou mais dias ou mesmo um London Pass, que inclui o sistema de transportes e entradas em mais de 60 atracções, pode ser uma boa opção (preços e condições aqui).
Há vários restaurantes tailandeses da cadeia Busaba em Londres e também em Liverpool e Manchester. O do Soho, com mesas grandes de madeira para umas dez pessoas (que se vão partilhando com quem está e com quem vai chegando) fica nos números 106 a 110 da Wardour Street. Tem boa comida (noodles, caris, camarões mais ou menos picantes) e bons preços (menu de almoço a 9.95 libras, menu servido a partir das 16h a 12.95).
O peruano Señor Ceviche, no Kingly Court (Carnaby Street), foi uma boa descoberta (não aconselhável no entanto a gente com ouvidos sensíveis). Pelo ceviche propriamente dito (experimentei a versão clássica) mas também pelas lulas fritas ou pelos croquetes de quinoa e queijo cheddar. No mesmo espaço há também bares e restaurantes para outros gostos: asiáticos, gregos, italianos e até um inglês, o Whyte and Brown.
O Mercado de Borough, que não fica muito longe da London Bridge, é um velho mercado de comida (leio no site que celebrou mil anos em 2014). Vende frutas (há cerejas de Espanha e maracujás de Madagáscar), legumes, queijos, enchidos, especiarias, vinagres ou peixe fresco e tem também várias bancas (uma de comida alemã, outra da Etiópia...) onde se pode fazer uma refeição.
Histórias de Londres, de Enric González (uma edição da Tinta da China), revela uma Londres que não vem nos guias turísticos. O mesmo autor, que já trabalhou em Barcelona, Madrid, Paris, Nova Iorque, Washington, Roma e Jerusalém (e que se pudesse escolher viveria em Londres) tem também publicados os livros Histórias de Roma e Histórias de Nova Iorque.
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