Mini roteiro de uma viagem rápida a Paris

Não pensava regressar a Paris tão cedo, depois de lá ter estado durante o último Europeu de Futebol (aqui), mas um convite de última hora fez com que aterrasse na fria capital francesa no quinto dia do novo ano e que aí fosse recebida por um taxista argelino, o mais novo de oito irmãos e há 34 anos em França (na realidade, desde que nasceu). E que me diz que Paris tem agora mais trânsito (e menos gente nos transportes públicos), que o melhor couscous da cidade se faz em sua casa (e também num restaurante na zona da Porte de Clichy  ou seria Place de Clichy?  que acabo por não conseguir encontrar), que adora bacalhau, sobretudo em pastéis (vantagem de ter portugueses como vizinhos), e que para a próxima tenho de ficar em Versailles, onde tudo é mais tranquilo e o alojamento mais barato. 
Por agora, instalei-me na zona da Madeleine e aproveitei a cidade durante três dias, sem pressas e com roupa bem quente por companhia. Não consegui visitar a catedral de Notre-Dame, que me emociona sempre, mas dei uma espreitadela à paróquia polaca Notre Dame de l' Assomption, na Place Maurice Barres, ainda enfeitada com muitas árvores de Natal, não subi à Torre Eiffel mas descobri uma vista gratuita e sem gente à espera, não regressei ao Louvre (um dia tenho de o fazer) mas aproveitei para ir ao cinema. E mais uma ou outra coisa que partilho por aqui.


Um local incontornável

As margens e algumas das 37 pontes do Sena, com destaque para a Pont Neuf, a mais antiga de Paris e a primeira sem casas (a primeira pedra foi lançada em 1578), a Pont des Arts, pedonal e desde 2015 livre dos cadeados que os apaixonados insistiam em deixar por lá, e a Pont Alexandre III, com os seus cavalos dourados e as suas lanternas e inaugurada para a Exposição Universal de 1900. Pode não haver tempo para mais nada, mas um passeio à beira rio  mesmo com temperaturas baixas e um vento frio a gelar a cara  tem de entrar no roteiro de qualquer viagem à capital francesa.










Um sítio com boa vista

O terraço do Printemps, que fica no 9.º andar de um dos edifícios (agora parcialmente em obras) das conhecidas galerias comerciais, foi a melhor descoberta desta viagem. Depois de ter subido ao 56.º andar e aos 120 metros da Tour de Monparnasse em 1993 (bilhetes de 9,50 a 15 euros, que podem ser reservados aqui) e ao cimo da Tour Eiffel uns anos mais tarde (bilhetes para aceder ao topo a 17 euros, com reservas aqui), gozo agora a vista, mesmo que cinzenta e um pouco enevoada, sobre os telhados de Paris e os monumentos à volta. A subida é gratuita e as vistas podem ser acompanhadas de um copo ou de uma refeição, pois existe por ali um restaurante com esplanada.




















Uma praça

Oscilo entre a aconchegante Place des Vosgues, com as suas belas galerias de arte e o tranquilo jardim ao centro (e desta vez sem direito a ser fotografada, talvez por me terem congelado as mãos), e a enorme Place de la Concorde, com as suas fontes, a grande roda e o obelisco de Louxor oferecido pelo Egipto (que foi transportado num barco construído especialmente para o efeito e que demorou a chegar ali) e desta vez escolho a segunda.








Um museu

Claro que Paris tem o imenso Louvre, o obrigatório Musée d' Orsay, o Musée Picasso (desta vez com muita gente à espera para entrar), o  Musée de l' Órangerie (uma descoberta tardia) mas tem também as galerias nacionais do Grand Palais, sempre com exposições que vale bem a pena ver. Depois de na última visita me ter deliciado com as obras e a vida de Amadeo de Souza Cardoso (que se mudou para Paris quando fez 19 anos), vejo agora uma exposição dedicada ao México e à arte produzida entre 1900 e 1950 (com obras de Diego Rivera, Frida Kahlo, Olga Costa ou José Clemente Orozco) e outra dedicada a Hergé, o criador de Tintin. As duas belíssimas. Para 2017, o ponto alto da programação será a comemoração do centenário da morte de Rodin, com uma mostra que poderá ser vista de 22 de Março a 31 de Julho.






Um mercado

Gosto de mercados e desta vez escolho passar parte de uma das manhã no mercado coberto mais antigo de Paris (e um dos mais antigos de França), o pequeno Marché des Enfants Rouges, assim chamado por causa da cor das capas usadas pelos rapazes de um orfanato vizinho. Ali se vendem, há vários séculos (desde 1615), frutas e legumes, flores ou peixe fresco. Há também pequenos restaurantes com comida do mundo onde se pode comer ou comprar para – levar pela afluência, suspeito que deve ser bom o que serve tagines e couscous  e pequenas lojas à volta (uma é de fotografia) a que vale a pena dar uma espreitadela. Fica no número 39 da Rue de Bretagne (no 3º arrondicement) e chega-se lá facilmente de metro (estações Temple ou Filles du Calvaire). Aberto de terça a domingo.












Uma loja

Num dos cantos da Place de la Madelaine (no número 6) fica a Maille, uma loja fundada em 1747 por Antoine-Claude Maille, mestre vinagreiro e fornecedor do rei Louis XV. Ainda nas mãos dos seus herdeiros, continua a vender mostardas com ingredientes variados (há de azeitonas pretas e vinho branco, de conhaque, de queijo azul, de nozes), vegetais em conserva ou vinagres de sabores vários (há um de manga). Mais informações: +33140150600.




Um bar de jazz

Desta vez, decidi não ser fiel ao meu bar de jazz parisiense, o velhinho Caveau de la Huchete (a funcionar todas as noites, desde 1946, no número 5 da Rue de la Huchette), e fui conhecer o Sunset Sunside, localizado no número 6 da Rue des Lombards, próximo do Centre Pompidou e do Forum des Halles. Há duas salas de concerto  a Sunside em cima, a Sunset na cave , habitualmente com programas diferentes à mesma hora. Eu escolhi ficar pelo Sunside e fui perdendo o frio (cá fora a temperatura estava um pouco abaixo dos zero) ao som do René Urtreger Trio e na companhia de uma assistência que vai sendo sentada de maneira a ocupar todo o espaço disponível, pelo que calor humano é coisa que não falta ali. Os bilhetes custaram 22 euros para o concerto, um pratinho de presunto para petiscar 12 (também há de salmão fumado). Informações sobre a programação disponíveis no site.






Um restaurante

No Tripadvisor há 163 utilizadores que o acham excelente ou muito bom, 72 que o acham pobre ou terrível. Eu devo confessar que daria nota máxima ao Chez Marianne que conheci na Primavera de 1993 e ao qual voltei algumas vezes, uma nota um pouco mais baixa no seu estado actual (comida menos saborosa, um pouco confuso e com clientes a serem encaminhados para a sala de um restaurante em frente por o verdadeiro se encontrar cheio). O Chez Marianne, que serve comida do Médio Oriente e do Mediterrâneo em pleno Marais (na Rue des Hospitalieres de St. Gervais, 2), oferece, entre outras opções, pratos compostos de quatro, cinco ou seis ingredientes (a 14, 16 ou 18 euros) à escolha entre pastrami (carne de vaca fumada), pimentos, salada turca, tarama, queijo feta, cogumelos à grega, creme de arenque, hummus, taboulé ou falafel (que também se podem comprar para ir comendo, numa pita, pelo caminho). Mais informações: +33142721886.




Um hotel

Não é barato o alojamento em Paris, pelo que encontrar um hotel de quatro estrelas renovado, bem localizado, mesmo em frente à Madeleine, o templo das 52 colunas que demorou 80 anos a construir, e com quartos confortáveis (boa cama, boas almofadas, aquecimento a funcionar bem) por 459 euros para três noites, com pequeno almoço incluído, é um bom negócio. Trata-se do NewHotel Roblin, localizado no número 6 da Rue Chauveau Lagarde e muito próximo, a pé, da Opera, das galerias Printemps e Lafayette ou da Place de la Concorde. Mais informações: +33144712080.


Comentários

  1. Oi Helena, tudo bem? Meu nome é Matheus e sou do Brasil! Preciso de uma ajuda com dicas de Maputo, você pode me ajudar? Tem algum e-mail que podemos conversar? Muito obrigado!

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  2. Olá. Pode contactar-me para o helenarmelo@gmail.com.

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