Maputo: e Inhaca mesmo ali em frente

Tinha uma falha grave no currículo das viagens por Moçambique, questão que resolvi durante a última temporada, a 13ª, em África. Depois de ter estado no longínquo Niassa (que ficou assim no retrato), na bela Ilha de Moçambique (ver aqui) ou nos imperdíveis arquipélagos das Quirimbas e de Bazaruto (aqui), rumei recentemente à ilha de Inhaca, localizada a cerca de 32 quilómetros ao largo de Maputo (entre a baía da cidade e o Índico) e vizinha da Ilha dos Portugueses.
Inhaca, habitada por cerca de seis mil pessoas (que vivem da pesca e da agricultura) e com cerca de duas dúzias de carros, é zona de reserva natural e tem dos melhores recifes de coral do país, onde é possível fazer mergulho e snorkeling. E tem também uma Estação de Biologia Marítima (criada em 1951, é gerida pela Universidade Eduardo Mondlane e tem um pequeno museu que alberga uma colecção de organismos marinhos e terrestres), uma pequena vila onde atraca o barco público, um farol na ponta norte e que é possível visitar de carro (o primeiro foi construído em 1894) e praias onde tomar banhos de mar é um prazer.
Escolhemos para uma estadia de duas noites (o hotel do grupo Pestana fechou e não são muitas as alternativas de alojamento) a Vila Carapau, que é a casa privada de uma família apaixonada pela pesca (o que se vê pelas fotografias que decoram a sala do bilhar, pela construção em madeira à entrada destinada a pendurar grandes peixes ou pelo nome do cão que ficou nosso amigo, o Rapala, inspirado num isco usado para pescar) mas que tem também duas casinhas para alugar.
E foi uma estadia feliz, com o primeiro dia dedicado à praia da reserva (cheia de peixes mal se põe um pé na água e visitada nesse domingo por alguns turistas sul africanos em férias) e o segundo à absolutamente tranquila Península de Machangulo, território já no continente e separada de Inhaca (e da Ponta Torres) pelo turbulento Canal de Santa Maria, no qual navegar não é tarefa fácil.
Uma caminhada de mais ou menos seis quilómetros, ida e volta, pela costa do lado do oceano e em busca de um barco naufragado, foi o melhor momento desse dia, embora não tenho conseguido apurar grande coisa sobre a história da fotogénica embarcação, que permanece por por ali encravada nas rochas há alguns meses (ver aqui).
De regresso à Vila Carapau, tivemos direito logo à chegada a mais uns mimos do chef Armando (uns camarões fritos panados, acompanhados de um Martini gelado), a um novo  pôr-do-sol para juntar ao da véspera e a uma mini experiência de paddle surf, que o mesmo é dizer surf a remos e que no meu caso deve ter demorado dez segundos até cair nas águas quentes (muito quentes) do mangal.
Saí de Inhaca com vontade de voltar.  Até porque não cheguei a visitar o farol, a vila ou a dar um salto até à desabitada Ilha dos Portugueses (usada como entreposto comercial até os portugueses se mudarem em 1621 para a Xefina, outra ilha ao largo de Maputo). Talvez em Agosto apanhe o barco público e me faça novamente ao mar.

































































O acesso às zonas de reserva para pessoas e barcos e as actividades como pesca desportiva ou mergulho estão sujeitas ao pagamento de uma taxa. Os adultos estrangeiros pagam 200 meticais (os jovens dos 13 aos 20 anos 50), que devem ser entregues aos guardas que se encontram no local. Informações: +258 21901090 ou reservasinhaca@uem.mz.

A Vila Carapau, perto da enseada conhecida como Saco de Inhaca e em frente a uma área de mangal, tem duas casas confortáveis em madeira para alugar, sendo que cada uma delas tem uma cozinha equipada, sala, dois quartos, varanda com barbecue e uma pequena piscina. Os quartos para dois custam 8000 meticais, os individuais 6000 (sem refeições, sendo que há a possibilidade de contratar este serviço mediante reserva). É possível chegar lá em barco próprio ou usar o barco dos proprietários da casa, sendo que o percurso de ida e volta (com saída e chegada ao Clube Naval) e os passeios durante a estadia ficam por 50 000 meticais para grupos até 8 pessoas. Mais informações: +258 823038210.

Nahyeeni Lodge, propriedade dos sul africanos Nick e Beverly, que viveram mais de 20 anos em Moçambique e que transformaram a sua casa de férias num lodge, é outra das opções de alojamento na ilha. Mas de acordo com as informações no site a casa principal (já usada pelo Presidente Nyusi) e os dois chalets só estão disponíveis para grupos de 4 a 22 pessoas. Em época baixa a estadia custa 99 ou 155 dólares por pessoa em regime de só alojamento ou em pensão completa (mínimo de duas noites), na época alta funciona para um mínimo de seis adultos e de cinco noites. O lodge tem transfer de barco disponível a partir de Maputo para um máximo de 13 pessoas e por um custo de 350 dólares. Mais informações: +258 843071940 ou info@nahyeenilodge.com.

Chamfuta Lodge, cujo site informa ter uma vista de 180 graus sobre o Índico e em dias claros vista até à Baía de Maputo, tem um chalet com três quartos e capacidade para oito pessoas. Tem um regime de alojamento idêntico ao Nahyeeni Lodge: na época baixa funciona para um mínimo de quatro adultos e duas noites (99 dólares só para alojamento por noite, 155 para pensão completa), na época alta para um mínimo de seis adultos e cinco noite e com preços por pessoa mais elevados.

Manico Camp Inhaca, localizado a cerca de um quilómetro da vila dos pescadores, tem bungalows a partir de 350 rands por pessoa e por noite. E tem restaurante mas também um espaço onde os hóspedes podem preparar as refeições. Mais informações: +258 21498778, +258 825861207 ou através do e-mail manico@mozambicanaccommodation.com.

Tourmozambique.travel realiza passeios de um dia a Inhaca (e que incluem também a Ilha dos Portugueses e a Ponta de Santa Maria) mas só para grupos de dez pessoas (125 dólares cada, para barco e almoço). Mais informações +258 21495514 ou natalie@danatours.com.

O barco público para Inhaca, que demora mais de duas horas, parte às 7h30 no mesmo sítio do barco para a Catembe e custa 200 meticais por pessoa e por percurso. Funciona todos os dias menos às terças e quintas.

Uma alternativa (mais cara) ao barco público era o chamado barco da Vodacom, entretanto avariado. Em substituição há agora lanchas para passeios de um dia para 5 (300 dólares) ou mais pessoas (500), com reserva pelo telefone +258 842201610.

Os preços das estadias, viagens e actividades são dados em meticias, dólares ou rands, consoante a prática de cada um dos locais. O câmbio para Euros pode ser feito aqui.


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