Xefina: um dia a banhos de História, sol e mar

Tenho uma atracção especial por ilhas, por barcos, e ainda mais se forem dhows, e por pescadores, pelo que já devia ter ido à Xefina Grande, ilha que fica em frente à cidade de Maputo, a uns cinco ou seis quilómetros da Costa do Sol. Mas a oportunidade apareceu agora e lá fui, antes que desapareça, engolida pela erosão, a ilha que foi posto de defesa da costa durante a I Guerra Mundial e que serviu de prisão e lugar de desterro para revoltosos vários. Estiveram ali encarcerados moçambicanos que se opunham ao regime colonial português ou os ferroviários que lideraram a greve que paralisou em 1926 os caminhos-de-ferro em Moçambique. 
E valeu a pena. Pela História, sendo que foi também na Xefina que foi assassinado, em 1833, o Governador português Dionísio António Ribeiro, pela vista sobre o skiline da capital, pela paisagem formada pelo que resta das fortificações e dos oito canhões portugueses ou pela simpatia dos poucos habitantes. "Aqui Elisa, papá António e a mamã?", apresenta-se uma mulher que nos diz ter nascido ali e que está sentada em frente de uma casa de palha que não terá mais de meia dúzia de metros quadrados, ela de um lado da porta e o marido do outro. 
Foi na companhia de Fernando Paulo, "comandante" que conheci uns dias antes na Aldeia dos Pescadores, que visitámos a minúscula aldeia habitada por gente que vive da pesca, de alguma pecuária (há cabritos por todo o lado) e de alguma agricultura, E onde ele foi distribuindo pão e água fresca que tinha levado consigo. E visitámos também as ruínas da antiga prisão, ainda com grades nas janelas, algumas casas abandonadas, tendo uma delas um escudo português na parede, um cemitério onde apenas uma cruz em ferro nos indica estarmos na presença de uma campa e o que resta das construções militares agora desabadas e rodeadas pelo Índico.
Regressámos a Maputo, depois de uns banhos de mar e sol, já com o final da tarde a aproximar-se e a maré a ficar vazia e com o nosso marinheiro a dar boleia, com uma corda, a um barco de dois pescadores cansados de remar (na ida, tinha seguido viagem connosco uma rapariga que ia visitar a avó). Os pescadores rebocados eram de Marracuene, que fica 30 quilómetros rio Incomati acima, e pescam por ali durante alguns dias, regressando depois a casa, sempre a remar. Tiro ainda mais algumas fotografias (a vela amarela de um barco que passa é irresistível e o Bairro dos Pescadores está nessa altura cheia de gente) e dou a jornada por muito bem empregue.






























































A empresa Maputo Yachting realiza aos domingos, das 9h às 16h, passeios à Xefina no dhow Sanjeeda, uma caravela (ou espécie de navio pirata) que está ancorada no Porto de Pesca de Maputo e que tem capacidade para um máximo de 150 passageiros. E também passeios a Inhaca, à Ilha dos Portugueses e à Ponta de Santa Maria em catamaran. E a avaliar pelos comentários no Triadvisor a ida à Xefina (que ali aparece como Pequena mas na realidade é a Grande) é uma actividade que deixa os viajantes em geral satisfeitos ou muito satisfeitos. Os preços são de 1500 meticais para crianças e 1900 para adultos sem almoço ou de 1900 e 2900 com almoço. Reservas (obrigatórias) e mais informações através dos telefones +258 849009899 e +258 846894699 ou do e-mail info@maputoyachting.com.

Os passeios com Fenando Paulo, que também realiza viagens até à península-quase-ilha da Macaneta, um pouco mais adiante, têm partida da Aldeia ou Bairro dos Pescadores, na Costa do Sol, e um custo que anda à volta dos 500 meticais por pessoa, mais 700 para o combustível. Informações: +258 845232285.

A conversão de meticais para euros ou dólares pode ser feita aqui.

Comentários

  1. Bom dia: Espectacular reportagem e por isso com a devida vénia e ligações publiquei uma primeira parte da sua resenha (haverá um segunda parte) aqui:
    https://housesofmaputo.blogspot.com/2018/01/ilha-da-xefina-grande-o-quartel-e.html
    Cumprimentos

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  2. wowww... que bom... parabens Helena. Sabes, gostaria de compartilhar csgo. algumas experiencias que já tive aqui em Mocambique. Sou cubano e levo 12 anos aqui. Meu email é ivandp72@gmail.com

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  3. Mas que bela reportagem sobre uma ilha que eu conheci em 1958?? Obrigado.
    Com a devida vénia Vou levar fotos.

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