Moçambique: Alice tem 12 anos e quer ser contabilista
Têm nomes como Maria, Cátia, Angelina, Rogério, Hélio ou Ossemane, idades entre os cinco e os 20 ou 20 e poucos e sonhos como todas as crianças e jovens: querem ser enfermeiros, médicos, pilotos, jogadores de futebol, professores, electricistas, mecânicos, polícias, com destaque para os de trânsito, ou engenheiros, talvez inspirados no exemplo de Bento, que estuda em Coimbra com uma bolsa do Estado português, ou no de Langa, que estuda na Eduardo Mondlane, em Maputo, e foi o primeiro da instituição a entrar para a Universidade.
São miúdos do Projecto Esperança – Padrinhos de Portugal, que visitei recentemente em Marracuene, na companhia de Catarina Serra Lopes, que criou a associação de apadrinhamento de crianças moçambicanas em Novembro de 2002, depois de ter feito voluntariado na cidade da Beira. E novamente uns dias depois, a convite de um grupo de portugueses da mais recente Hope4Moza, que tem ajudado na construção de novas infraestruturas do centro dos arredores de Maputo e angariado também novos padrinhos para a causa.
No primeiro regresso, fomos recebidos pela responsável Olívia Tamele, por um discurso de boas vindas lido por Alice (só pelo seu ar feliz e pelo seu à vontade já valia a pena existirem projectos como este) e por uma música cantada meio em changana, meio em português, na qual agradeceram a "Deus todo poderoso" a ajuda que recebem: "Hi khensile xikwembu xa matimba". Seguiu-se uma sessão fotográfica, com a temperatura a rondar os 40 graus e os 86 fotografados a partilhar sorrisos ou caras sérias, poses de top model ou outras mais contidas, para mostrar aos padrinhos em Portugal que estão bem e mais crescidos. Visitei ainda a Escola Comunitária Sagrada Família, ali perto, onde estudam alguns jovens dos Padrinhos, uns em regime de internato, como Alexandre, que lamenta não receber há muito notícias do padrinho português, outros em regime de entra e sai todos os dias.
Na segunda visita, feita no último sábado, o dia foi de alguma chuva mas também de festa na casa 157 do Bairro 29 de Setembro, em Marracuene. Houve apresentação de contas e do trabalho feito em 2017, danças e actuações musicais e um almoço especial para as crianças e para todos os presentes, com as cozinheira de serviço a desempenharem bem a função, apesar de no avental de uma delas se ler I'd rather play tennis than cook. Na despedida, alguns miúdos, com quem falei sobre a Geografia de Portugal e de Moçambique e de mais umas quantas coisas (e de novo lamentos pela ausência de notícias e de informações sobre quem os apadrinha), pediram-me para os visitar outra vez: "Vem à tarde que temos aulas de manhã".
Mais sobre a ONGD Padrinhos de Portugal, que tem quatro centros em Moçambique e que apoia actualmente cerca de 400 crianças provenientes de famílias muito carenciadas (ou sem família), na página da associação no Facebook, no blogue ou através do e-mail padrinhosdeportugal@gmail.com. Todos podem ajudar, tornando-se padrinhos, através de contribuições pontuais ou colocando o NIF 507288351 na altura de preencher o IRS no espaço destinado à consignação de 0,5 por cento para instituições de solidariedade social.
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