Moçambique: três dias perfeitos em Bazaruto
Fazer 50 anos é um assunto sério. Tão sério que já dei por mim a fazer parte de um grupo de 12 que viajou para Praga para concretizar um dos sonhos de uma amiga (e uma argentina com quem nos cruzámos a perguntar o que se passa com os 50) ou a escolher a especial Ilha de Moçambique para me refugiar quando eu própria cheguei a tão avançada idade. E a mais recente aventura desta saga teve lugar recentemente no arquipélago de Bazaruto, que já é uma festa mesmo sem qualquer comemoração. E ainda é mais se lhe juntarmos umas noites quentes, uns jantares com os pés na areia, boa música, boa companhia, lagostas e camarões grelhados em abundância, umas garrafas de Diadema e de Chocolate Block ou uns banhos de piscina tardios, usando como fato de banho a roupa que se usou para jantar.
Esta não foi a minha estreia em Bazaruto, onde já tinha estado três vezes mas apenas na Ponta Dundo, sempre em passeios de um dia feitos a partir do continente. Mas foi a primeira vez que dormi no arquipélago (e o Anantara Bazaruto Island Resort a não desiludir nem um pouquinho) e foi também a primeira vez que percorri parte do seu interior, em busca das dunas e das lagoas que lhe marcam a paisagem.
Mapanzula, que se apresenta também como José, natural de Vilanculos, 17 filhos e duas mulheres, e Fernando, natural da ilha, cinco filhos, os dois do agora encerrado Pestana Bazaruto Lodge e chamados nesse dia para reforçar a equipa do Anantara, acompanham-nos num passeio de quase três horas feito em jeito de safari. Não chegamos a ver nenhum dos crocodilos que habitam por ali, mas vimos um cabrito do mato, uma família de macacos e algumas aves (estão registadas cerca de 180 espécies nas ilhas). E vimos ainda plantações de mandioca e machambas com peças de roupa a servir de espantalhos, estendais com roupa a secar, miúdos a vender castanha de caju e lulas, miúdos que nos dizem adeus, gente a retirar água de um poço, a enfermeira que trata dos partos, dos casos de malária e dos doentes com HIV (chama-se Sérgia, é de Inhambane e está em Bazaruto desde 2015), uma escola primária completa (muito recentemente passou a ser possível estudar em Bazaruto até à 9ª classe), uma sala de aula que funciona debaixo de um cajueiro e onde aprendem vinte e tal miúdos do 5.º ano (com o quadro negro encostado ao tronco e uns troncos cortados a servir de bancos), uma igreja católica feita em palha (dizem-nos que não há população muçulmana em Bazaruto) e muitas pequenas casas de habitação (são cerca de 3500 os habitantes da ilha principal).
Existem oito lagoas em Bazaruto e nós passámos por quatro, mas o momento alto da tarde deste segundo dia acabou por ser a subida a uma imensa duna e a vista lá de cima sobre o mar, do outro lado da ilha. Fernando, que dos cinco filhos tem dois a estudar fora e que acha que um dia poucos quererão ficar por ali (argumenta que só para ver televisão duas horas por dia se gastam por mês 2000 meticais de combustível para o gerador), conta-nos que as dunas desceram cerca de um metro com os ciclones de 2002-2003 e de 2007 e que todos os anos perdem mais ou menos dois centímetros de altura.
Ao terceiro dia rumámos a Santa Carolina (também conhecida como Ilha Paraíso, sendo que Carolina terá origem no nome de uma enfermeira encarregue, nos anos 1850, de cuidar dos presos de uma colónia penal ali instalada), onde a água é transparente, quente e habitada por peixes de muitas cores.
Depois de numa primeira visita ter percorrido demoradamente a pista de aterragem desactivada e os quartos, as salas e as varandas de um velho hotel construído em 1952 pelo português Joaquim Alves e agora em ruínas (e a bonita igreja de tecto vermelho que em Agosto passado estava de pé está agora feita em cacos), dedico desta vez o tempo a um bem sucedido snorkeling, com direito a ver uma raia meio camuflada na arei.) e a demorados banhos de mar. Ainda hoje podia estar por ali.
O arquipélago de Bazaruro, localizado ao longo de cerca de 45 quilómetros no oceano Índico, em frente a Vilanculos e Inhassoro e classificado desde 1971 como parque natural, é habitado por cerca de 5500 pessoas e constituído por cinco ilhas: Bazaruto (a maior, com 37 quilómetros de comprimento), Benguerra (a segunda maior e conhecida como ilha de Santo António no tempo colonial), Magaruque (ou Santa Isabel), Santa Carolina e a pequena Bangue (pouco visitada).
O cinco estrelas Anantara Bazaruto, que abriu em 2014 substituindo o Indigo Bay do grupo Rani (na recepção está ainda a placa da inauguração de Dezembro de 2001, feita pelo Presidente Joaquim Chissano), herdou o nome de uma antiga palavra em sânscrito que significa qualquer coisa como "sem fim" e tem como director geral Roy Hudson Meiring, que recebe todos os hóspedes com um aperto de mão (vejo algures na Internet que é formado em Hospitality Management). O Anantara tem preços especiais para moçambicanos ou residentes em moçambique (35 mil meticais para dois por noite, cerca de 484 euros, com refeições incluídas) e preços mais elevados para estrangeiros não residentes (no site as tarifas começam nos 532 euros para uma Sea View Pool Villa com 58 metros quadrados e para dois adultos e uma crianças e vão até 1745 para a Anantara Pool Villa, com 310 metros quadrados e para quatro adultos ou para dois e duas crianças). Mais informações através do mail bazaruto@anantara.com ou do telefone +258 843046670.
Dormir em Vilanculos e fazer um passeio de um dia a Bazaruto (e também a Benguerra ou Magaruque) é uma opção mais em conta para visitar o arquipélago. E aí são muitas as possibilidades de alojamento. A Casa Babi, propriedade de um casal de franceses e na parte mais a sul da praia, foi a escolha na nossa primeira visita, o Bahia Mar Boutique Hotel a escolha na segunda viagem e uma lovely house close to sea, alugada no Airbnb (éramos sete mas dá para nove), o local de estadia em Agosto de 2017. Se o objectivo for fazer uma visita de um dia a Santa Carolina a partir do continente, o melhor é dormir em Inhassoro, uns 60 quilómetros a norte de Vilanculos. E o Hotel Estrela do Mar é um bom sítio para ficar.
Mais sobre as viagens anteriores a Vilanculos e Bazaruto aqui e aqui (Agosto 2014), aqui (Janeiro de 2016) e ainda aqui (Agosto 2017). A primeira visita a Santa Carolina está neste post.
Esta não foi a minha estreia em Bazaruto, onde já tinha estado três vezes mas apenas na Ponta Dundo, sempre em passeios de um dia feitos a partir do continente. Mas foi a primeira vez que dormi no arquipélago (e o Anantara Bazaruto Island Resort a não desiludir nem um pouquinho) e foi também a primeira vez que percorri parte do seu interior, em busca das dunas e das lagoas que lhe marcam a paisagem.
Mapanzula, que se apresenta também como José, natural de Vilanculos, 17 filhos e duas mulheres, e Fernando, natural da ilha, cinco filhos, os dois do agora encerrado Pestana Bazaruto Lodge e chamados nesse dia para reforçar a equipa do Anantara, acompanham-nos num passeio de quase três horas feito em jeito de safari. Não chegamos a ver nenhum dos crocodilos que habitam por ali, mas vimos um cabrito do mato, uma família de macacos e algumas aves (estão registadas cerca de 180 espécies nas ilhas). E vimos ainda plantações de mandioca e machambas com peças de roupa a servir de espantalhos, estendais com roupa a secar, miúdos a vender castanha de caju e lulas, miúdos que nos dizem adeus, gente a retirar água de um poço, a enfermeira que trata dos partos, dos casos de malária e dos doentes com HIV (chama-se Sérgia, é de Inhambane e está em Bazaruto desde 2015), uma escola primária completa (muito recentemente passou a ser possível estudar em Bazaruto até à 9ª classe), uma sala de aula que funciona debaixo de um cajueiro e onde aprendem vinte e tal miúdos do 5.º ano (com o quadro negro encostado ao tronco e uns troncos cortados a servir de bancos), uma igreja católica feita em palha (dizem-nos que não há população muçulmana em Bazaruto) e muitas pequenas casas de habitação (são cerca de 3500 os habitantes da ilha principal).
Existem oito lagoas em Bazaruto e nós passámos por quatro, mas o momento alto da tarde deste segundo dia acabou por ser a subida a uma imensa duna e a vista lá de cima sobre o mar, do outro lado da ilha. Fernando, que dos cinco filhos tem dois a estudar fora e que acha que um dia poucos quererão ficar por ali (argumenta que só para ver televisão duas horas por dia se gastam por mês 2000 meticais de combustível para o gerador), conta-nos que as dunas desceram cerca de um metro com os ciclones de 2002-2003 e de 2007 e que todos os anos perdem mais ou menos dois centímetros de altura.
Ao terceiro dia rumámos a Santa Carolina (também conhecida como Ilha Paraíso, sendo que Carolina terá origem no nome de uma enfermeira encarregue, nos anos 1850, de cuidar dos presos de uma colónia penal ali instalada), onde a água é transparente, quente e habitada por peixes de muitas cores.
Depois de numa primeira visita ter percorrido demoradamente a pista de aterragem desactivada e os quartos, as salas e as varandas de um velho hotel construído em 1952 pelo português Joaquim Alves e agora em ruínas (e a bonita igreja de tecto vermelho que em Agosto passado estava de pé está agora feita em cacos), dedico desta vez o tempo a um bem sucedido snorkeling, com direito a ver uma raia meio camuflada na arei.) e a demorados banhos de mar. Ainda hoje podia estar por ali.
O arquipélago de Bazaruro, localizado ao longo de cerca de 45 quilómetros no oceano Índico, em frente a Vilanculos e Inhassoro e classificado desde 1971 como parque natural, é habitado por cerca de 5500 pessoas e constituído por cinco ilhas: Bazaruto (a maior, com 37 quilómetros de comprimento), Benguerra (a segunda maior e conhecida como ilha de Santo António no tempo colonial), Magaruque (ou Santa Isabel), Santa Carolina e a pequena Bangue (pouco visitada).
O cinco estrelas Anantara Bazaruto, que abriu em 2014 substituindo o Indigo Bay do grupo Rani (na recepção está ainda a placa da inauguração de Dezembro de 2001, feita pelo Presidente Joaquim Chissano), herdou o nome de uma antiga palavra em sânscrito que significa qualquer coisa como "sem fim" e tem como director geral Roy Hudson Meiring, que recebe todos os hóspedes com um aperto de mão (vejo algures na Internet que é formado em Hospitality Management). O Anantara tem preços especiais para moçambicanos ou residentes em moçambique (35 mil meticais para dois por noite, cerca de 484 euros, com refeições incluídas) e preços mais elevados para estrangeiros não residentes (no site as tarifas começam nos 532 euros para uma Sea View Pool Villa com 58 metros quadrados e para dois adultos e uma crianças e vão até 1745 para a Anantara Pool Villa, com 310 metros quadrados e para quatro adultos ou para dois e duas crianças). Mais informações através do mail bazaruto@anantara.com ou do telefone +258 843046670.
Dormir em Vilanculos e fazer um passeio de um dia a Bazaruto (e também a Benguerra ou Magaruque) é uma opção mais em conta para visitar o arquipélago. E aí são muitas as possibilidades de alojamento. A Casa Babi, propriedade de um casal de franceses e na parte mais a sul da praia, foi a escolha na nossa primeira visita, o Bahia Mar Boutique Hotel a escolha na segunda viagem e uma lovely house close to sea, alugada no Airbnb (éramos sete mas dá para nove), o local de estadia em Agosto de 2017. Se o objectivo for fazer uma visita de um dia a Santa Carolina a partir do continente, o melhor é dormir em Inhassoro, uns 60 quilómetros a norte de Vilanculos. E o Hotel Estrela do Mar é um bom sítio para ficar.
Mais sobre as viagens anteriores a Vilanculos e Bazaruto aqui e aqui (Agosto 2014), aqui (Janeiro de 2016) e ainda aqui (Agosto 2017). A primeira visita a Santa Carolina está neste post.
Comentários
Enviar um comentário