E o Papa Francisco aterrou em Maputo

Moçambique emocionou-se por estes dias com a visita do Papa Francisco, a segunda de um Papa ao país (João Paulo II esteve aqui em Setembro de 1988) e a 31ª viagem apostólica do representante máximo da Igreja Católica. Uma missa campal no Estádio Nacional do Zimpeto, nos arredores de Maputo, foi o ponto alto da estadia de pouco mais de 40 horas em território moçambicano e a despedida antes da partida para a ilha de Madagáscar e depois para a Maurícia.

E na muito molhada missa no Zimpeto, o Papa Francisco, acompanhado de um báculo pastoral em forma de cruz feito com a madeira de uma casa levada pelos ventos do ciclone Idai (e com pequenas cruzes feitas com a chapa do telhado da casa de uma idosa, também destruída pela tempestade de Março, que atingiu sobretudo a cidade da Beira), falou de corrupção ("É muito perigoso que a corrupção seja o preço que temos de pagar pela ajuda externa. Que não seja assim entre vós"), das riquezas naturais e culturais de Moçambique (mas onde "paradoxalmente uma quantidade enorme da população vive abaixo do nível de pobreza"), da necessidade de reconciliação e de pacificação da sociedade moçambicana (o terceiro acordo de paz foi assinado no dia 6 de Agosto, entre o Governo e a Renamo) e do futuro ("Nenhum país tem futuro se o que o une é a vingança ou o ódio").

Cerca de 80 mil pessoas estiveram no Zimpeto na manhã de seis de Setembro, muitas de guarda chuva, muitas embrulhadas em capulanas (uma com a imagem dos três pastorinhos de Fátima, outras "não oficiais" com um erro de impressão – Bem vindo a Moçambique sua santidade Papa Francisco XVI – entretanto corrigido com um borrão de tinta preta), algumas envoltas em cobertores, outras muito molhadas a cantar e a dançar coreografias ensaiadas durante meses. A todos o Papa Francisco agradeceu o terem saído de casa para o saudar ("Todos tomaram banho") e a todos deixou uma mensagem final : "Guardai a esperança. Não deixai que vos a roubem."