O Reino de Eswatini sem Umhlanga não é o Reino de Eswatini
O Reino da Suazilândia passou a chamar-se, em Abril de 2018, Reino de Eswatini, embora seja ainda o nome de Suazilândia o que se carimba nos passaportes e o que aparece um pouco por todo o lado. Mas a cerimónia anual Umhlanga, também conhecida como Reed Dance, não mudou de nome e continua a marcar o calendário de eventos da última monarquia absoluta em África. Trata-se de uma das maiores cerimónias culturais do continente – e uma muito fotogénica atracção turística, embora passível de censura no Facebook e noutros sítios da Internet –, que se realiza habitualmente durante uma semana no final de Agosto, início de Setembro.
Este ano, cerca de 19 mil meninas (as mais novas têm oito anos) e raparigas solteiras e virgens, originárias de todo o país, dançaram e cantaram na residência real de Ludzidzini, perto do vale de Ezulwini, para a Rainha Mãe e para o rei Mswati III. O monarca, praticante da poligamia e que conta já com 14 ou 15 mulheres (o seu pai, Sobhuza II, terá tido 70), pode aproveitar a cerimónia para escolher uma nova companheira.
Mas este ritual de iniciação em "terra dos swazi" (significado na língua local do novo nome e também antigo, que a Suazilândia já tinha sido Eswatini antes da colonização inglesa) é anunciado sobretudo como tendo objectivos morais, relacionados com a importância de adiar a actividade sexual até ao casamento. Ou como um evento que permite às raparigas das comunidades rurais conviverem e viajarem pelo país. É isso que leio no jornal gratuito What's Happening Eswatini, onde também se escreve que "The Kingdom of Eswatini without Umhlanga is just not Eswatini".
O Umhlanga, que decorre ao longo de oito dias, tem o ponto alto nos três últimos. O sexto é o primeiro aberto aos visitantes e também o primeiro em que as participantes, carregando grandes canas que hão-de entregar à Rainha Mãe e vestidas com saias curtinhas e coloridas (as izinculuba) ou panos enrolados à volta da cintura, colares de missangas, pulseiras e faixas, dançam na arena. No sétimo, os desfiles e as danças continuam e o rei assiste ao final da tarde. No oitavo, Mswati III manda abater alguns animais (talvez 20 ou 25) e as raparigas regressam a casa com alguns pedaços de carne. E se entretanto alguma das participantes se encontrar grávida fora do casamento, a família terá de pagar uma multa ou dar uma vaca ao chefe local. Não sei se isso aconteceu este ano. Ou se o rei decidiu escolher nova mulher. Não há notícias sobre o assunto.
O site Swazi Travel tem informações sobre o que ver e fazer na ex-Suazilândia e também sobre a cerimónia Umhlanga. As datas precisas de cada ano são anunciadas pouco tempo antes, mas geralmente os dois dias abertos aos visitantes (e nos quais é permitido fotografar mesmo não estando acreditado) calham a um sábado e a um domingo de final de Agosto ou início de Setembro.
O festival Incwala, também conhecido como festival das primeiras frutas e mais secreto do que o Umhlanga, realiza-se anualmente na última semana de Dezembro ou na primeira de Janeiro, com a presença de milhares de rapazes solteiros e de guerreiros. O melhor dia para participar é o quarto. Mais informações aqui.
O Reilly's Rock Hiltop Lodge, com seis quartos e localizado na reserva Mlilwane Wildlife Sanctuary, criada em 1961 por Ted Reilly e a dois quilómetros do local da cerimónia, é um bom lugar para dormir. E para jantar na companhia de bushbabies, para fazer uma caminha matinal com boa vista ou um safari guiado ou por conta própria. A reserva tem também um alojamento que funciona em regime de self-catering (a comida deve ser levada pelos hóspedes) ou um backpackers lodge.
Amei!!!! bjs
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