Moçambique: e a Palavra do Ano é... xitique

E à sexta edição da iniciativa Palavra do Ano em Moçambique a palavra escolhida como a mais representativa de 2021 é... xitique, palavra que só conheci em Abril de 2018 e sobre a qual escrevi na altura (aqui). Xitique, que tem origem na língua banta falada pelos rongas, grupo étnico do Sul de Moçambique, é uma forma de poupança tradicional que no ano passado passou a fazer parte de oferta comercial de algumas instituições financeiras. Segundo o dicionário Priberam, trata-se de uma "forma de associativismo comunitário em que os membros do grupo, geralmente constituído por amigos, colegas de trabalho ou familiares, contribuem periodicamente com um valor monetário para que cada um receba de forma rotativa o conjunto das contribuições". 

Xitique, que sucedeu às palavras reconciliação em 2019 e refugiados em 2020, foi a mais votada entre as dez candidatas. E eram elas as palavras "barracas", assim se chamam os locais de confraternização e de venda de bebidas onde a população não se podia concentrar em tempos de pandemia, "claramente", palavra que passou a ser usada com ironia após as declarações de uma menor envolvida com um homem mais velho, "combustível", cujo aumento de preço preocupa a população em geral e os condutores dos transportes colectivos de passageiros (chapas), "dezembrar", que é como quem diz gozar o Verão e o final do ano, "julgamento", relacionado com a  ida a tribunal do caso das dívidas ocultas, "junta", nome dado a um conjunto de dissidentes da RENAMO que não aceita a actual liderança do partido, "pipocar", expressão usada para descrever algo que está na moda, "plataforma", relacionada com a plataforma móvel de exploração marítima de gás que acabou de chegar à bacia do Rovuma, proveniente da Coreia do Sul, e "vacina", a palavra vencedora na edição portuguesa e que marcou a actualidade em todo o mundo.

A Palavra do Ano, uma marca registada da Porto Editora, é uma iniciativa da Plural Editores e do Camões  Centro Cultural Português em Maputo, que pretende destacar a riqueza e o dinamismo criativo da língua portuguesa.


Caderno de xitique de vendedores da Feima, Feira de Artesanato de Maputo, Abril de 2018

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