Ponta do Ouro: a pior estrada do mundo
Durante um jantar em casa de portugueses residentes em Maputo, uma das convidadas contou-me que esteve na Ponta do Ouro em Janeiro passado e que depois disso precisa de pelo menos dois anos até se esquecer da viagem e conseguir voltar. Eu estive lá há pouco e juro que só regresso quando a construção da por agora apenas anunciada estrada, por uma empresa chines, estiver concluída.
Da Ponta do Ouro, no extremo sul de Moçambique e junto à fronteira com a África do Sul (a nossa porta de entrada, depois de uma volta pela região de Kwazulu Natal), até Maputo (via Catembe, onde se apanha o ferry para a capital) são pouco mais de 100 quilómetros mas mais de quatro horas de caminho. E quatro horas de abanões, safanões, solavancos, ossos fora do sítio, lama e mais abanões e safanões.
Um labirinto de estreitos caminhos em areia, sem qualquer indicação, recebe os viajantes depois de passada a fronteira. A parte boa é que todos parecem ir dar à Ponta do Ouro, o problema é que é muito fácil um carro ficar enterrado pelo caminho. Nós conseguimos escapar mas vimos vários 4x4 - os únicos que podem circular por ali - metidos em problemas.
Ponta do Ouro, vizinha das Ponta Mamoli e Ponta Malongane, também com praias desertas ou quase desertas, é uma povoação animada, cheia de comércio de rua, bares, lojas de artesanato, centros de mergulho. E onde é possível ver tartarugas (de Novembro a Janeiro), nadar com golfinhos, pescar em alto mar ou ver baleias (de Julho a Outubro). Mas a nossa passagem, durante um dia não muito quente e enevoado, foi rápida e não deu para grandes experiências. Pela frente tínhamos o regresso a Maputo, numa viagem que se adivinhava difícil.
E esta fez-se na companhia de um condutor de chapa a quem demos boleia (precisava de regressar a Maputo para comprar rolamentos para o carro avariado) e que em troca nos deu informações sobre o caminho a seguir. Caminho que por vezes parecia não existir ou que quando existia estava coberto de rios de lama.
Quando pensávamos que o estado da "estrada", muito danificada pela estação das chuvas e ainda não recuperada, já não podia piorar, o nosso companheiro de viagem assegurava que lá mais para a frente é que a coisa estava mesmo mal, muito mal. E não é que estava mesmo? Pelo que a chegada à confusa e poeirenta povoação de Catembe me pareceu o paraíso. Aí, era só voltar a colocar os ossos no sítio, comprar o bilhete para atravessar de ferry para Maputo e gozar a vista. Bem, e ainda desejar que a construção da estrada (que pode não ser a pior do mundo mas não andará longe disso) seja rápida - não por nós mas para bem da população com quem nos fomos cruzando ao longo do percurso.
Quando pensávamos que o estado da "estrada", muito danificada pela estação das chuvas e ainda não recuperada, já não podia piorar, o nosso companheiro de viagem assegurava que lá mais para a frente é que a coisa estava mesmo mal, muito mal. E não é que estava mesmo? Pelo que a chegada à confusa e poeirenta povoação de Catembe me pareceu o paraíso. Aí, era só voltar a colocar os ossos no sítio, comprar o bilhete para atravessar de ferry para Maputo e gozar a vista. Bem, e ainda desejar que a construção da estrada (que pode não ser a pior do mundo mas não andará longe disso) seja rápida - não por nós mas para bem da população com quem nos fomos cruzando ao longo do percurso.
©Fernanda Vargas |
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