Hasta luego Madrid!

No blogue Viviendo Madrid há um post de 2010 sobre as 101 coisas que é preciso fazer na cidade antes de morrer. E neste regresso a Madrid, talvez pela sexta ou sétima vez, já lhe perdi a conta, depois de há muitos anos ter sido o destino da primeira viagem fora de Portugal, risco mais uns quantos pontos da lista, embora alguns com pequenas alterações: subi ao terraço do Círculo de Bellas Artes (e a vista vale bem a pena), andei pelo El Rastro numa manhã de domingo, vi o Templo de Dedod (só não foi ao pôr-do-sol), pus os pés no quilómetro zero (que apesar de ser um clássico acho que ainda estava por fazer), bebi umas cañas numa esplanada de La Latina (no caso, umas cañas com limão), descobri a Praça 2 de Maio (a origem da movida madrileña, nos anos 80), vi a cúpula do Metropolis (ou voltei a ver) e combinei um café com amigos (ou numa versão um pouco alterada, umas tapas com amigas recentes feitas numa rede social).
Perderte por Madrid também faz parte da lista dos 101 objectivos, o que foi posto em prática ao final da tarde do primeiro dia, quando um ataque de nostalgia sobre uma noite bem passada no ano de 1988 me fez ir à procura da Calle de las Huertas. E o jantar havia de ser lá perto, na Cerveceria Alemana, onde se celebrou a vitória do Real Madrid na Liga dos Campeões (e uma rapariga numa mesa ao lado a consolar o companheiro, adepto do Liverpool) e onde fomos felizes com um polvo à galega, com uns mexilhões abertos ao vapor e uns boquerones fritos. Antes disso, e por ser a primeira vez em Madrid de uma das companheiras de viagem, percorremos a cidade a bordo de um autocarro do Madrid City Tour. 
E entre o sobe e desce do bus turístico, em busca do Madrid Histórico e do Madrid Moderno – as duas rotas disponíveis –, foi a primeira paragem feita na obrigatória Puerta del Sol, desta vez não só cheia de turistas e madrilenos mas também de peluches gigantes (terão lá dentro um ar condicionado para arrefecer quem passa o dia todo assim vestido?), de estátuas humanas que desafiam a lei da gravidade, de personagens de séries e filmes (andava por lá o Mr. Bean e o seu ursinho), de dois anões com máscaras e grandes cabeleiras, de duas mulheres em lingerie e plumas e com um I Love Madrid nas costas e de muitos grupos de despedidas de solteira. São tantos (e elas todas de laços na cabeça ou vestidas com roupas iguais) que havíamos de ver um cartaz com um "Despedidas de solter@. No gracias" à porta de um restaurante.
Foi bem aproveitado o primeiro dia (e ainda andámos uns 11 quilómetros, City Tour à parte). Demos uma vista de olhos pelo muito cheio Mercado de San Miguel, o primeiro a ser renovado e transformado em espaço gastronómico (embora o almoço acabasse por ser no Mercado de San Antón, no bairro de Chueca), contemplámos o templo egípcio do século II a.C., instalado no Parque del Oeste e que foi oferecido a Espanha para evitar que ficasse inundado devido à construção da barragem de Assuão (o acesso ao interior estava encerrado temporariamente), procurámos o cenário das filmagens da série espanhola, La Casa de Papel, a mais famosa de sempre (ou terá sido o Verano Azul?), que afinal não é a Fábrica Nacional de Moneda Y Timbre mas o Consejo Superior de Investigaciones Científicas (e uma família brasileira a chegar de carro, com motorista, e a juntar-se a nós na desilusão por o edifício se encontrar fechado e a escadaria palco de toda a acção só se ver ao longe e através de umas grades) e passámos pelo estádio Santiago Bernabéu, visitado em 2017 por 1,5 milhões de pessoas e nessa altura cheio de adeptos à espera da grande final. E a noite terminou, já depois da vitória do Real (Hala Madrid!), com uma espreitadela à Plaza Mayor.






































Não há nada como conhecer uma cidade, ou recantos dela, na companhia de quem sabe. E ao segundo dia, que começou com um  encontro não programado com o mural de José Saramago esculpido por Alexandre Farto (aka Vhils) na fachada da actual sede da Universidade Carlos III e antigo Mercado de Pescados da Puerta de Toledo, sou bem capaz de ter almoçado no restaurante com melhor qualidade-preço de Madrid.
Depois de uma manhã dedicada a percorrer as ruas de El Rastro (a Calle de la Ribera de Curtidores, a Plaza de Cascorro) e do bairro de Lavapiés, o mais multicultural de Madrid (leio no Alma de Viajante que acolhe pessoas de 88 nacionalidades) e onde fica o Mercado de San Fernando com a sua livraria "ao quilo" ou o Mercadillho Lisboa (onde se pode beber uma cerveja artesanal Dois Corvos ou uma sangria de vinho verde com um toque de vinho do Porto) e o espaço cultural La Casa Encendida (com um bom terraço para apanhar sol), encontro-me na Plaza Mayor com uma amiga brasileira-madrilena feita no Instagram e que no ano passado viajou para Moçambique (e se deixou encantar pelo país).
O programa era fazer um roteiro gastronómico low cost e a escolha não podia ter sido melhor. No Takos Al Pastor, onde as filas de espera nas horas de ponta podem ser proporcionais às estrelas dadas pelos avaliadores do Tripadvidor e afins, há os melhores tacos 100 por cento mexicanos a 1 euro. Tudo somado – mais de uma dúzia de tacos, quesadillas e cervejas –, ficou a refeição por 34 euros para cinco.
E o passeio prosseguiu da melhor maneira, com boas vistas panorâmicas sobre a cidade (primeiro do topo do El Corte Ingles da Calle Preciados, quase ao final da tarde do terraço do edifício das Bellas Artes), com mais uma cerveja com limão (na esplanada café Pepe Botella, em plena Plaza del 2 de Mayo, no mítico bairro de Malasaña) e com o bónus de uma Gran Via fechada ao trânsito por causa dos festejos do Real. E onde nos cruzámos com duas miúdas que seguiam em trotinetes cor-de-rosa, dois rapazes que passeavam quatro cães pequenos e um casal em modo selfie.








































Depois de noutras idas ter feito check aos principais museus (o Prado precisa de tempo e energia para ser visto, o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, onde está o Guernica de Picasso, precisa de algumas horas), faltava-me o Palácio Real, com os seus salóns e saletas, câmaras e antecâmaras, o comedor de gala e o salón del trono). Foi este o programa, juntamente com uma visita à catedral de Almuneda e à bela Cripta – Parroquia Santa Maria La Real de la Almuneda, para o dia da despedida.
Por ver ficou a Real Basilica de San Francisco el Grande, que tem pinturas de Goya no seu interior e cuja cúpula é a terceira maior em diâmetro de todos os templos do Cristianismo, por à segunda se encontrar encerrada (vale a pena dar uma espreitadela ao jardim Dalieda de San Francisco, que fica  ali ao lado). E esta é uma boa razão para voltar. Isso e os huevos rotos com morcilla y jamon ou os calamares do La Buha de la Cebada (Plaza de La Cebada, 10, em frente ao mercado municipal), em pleno bairro La Latina.






























Esta viagem foi feita em voo da Ibéria, com partida de Lisboa numa sexta-feira às 20h40 e regresso de Madrid na segunda seguinte às 19h45. Ida e volta ficou por 77 euros.

O três estrelas Hotel Puerta de Toledo (Glorieta Puerta de Toledo, 4, a cerca de um quilómetro da Plaza Mayor, via Calle Toledo) foi a escolha para a estadia. Três noites num quarto triplo custaram 457,65 euros, com pequeno-almoço (reserva feita no site do hotel). Mais informações: +34 914747100.

Os bilhetes para o Madrid City Tour custam 19 euros se comprados no site ou 21 se comprados localmente, para um dia e para visitantes dos 16 aos 64 anos. Para dois dias consecutivos custam 22,50 ou 25. Descontos disponíveis para crianças dos sete aos 15 e para maiores de 65.

Subir ao terraço do Círculo de Bellas Artes (Calle Alcalá, 42, acesso pelas estações de metro Sevilla, Banco España ou Plaza del Rey) fica por quatro euros (ou três, com o cupão de desconto dado no City Tour). Informações sobre eventos, concertos e exposições no site.

Os bilhetes para o Palácio Real de Madrid (dez euros, com os descontos habituais) podem ser comprados aqui (acresce quatro euros se se pretender realizar uma visita guiada, mas nesse caso só se podem comprar no local). De segunda a quinta das 16h às 18h de Outubro a Março e das 18h às 20h de Abril a Setembro a entrada é livre para residentes, cidadãos da União Europeia e cidadãos latino-americanos.

A Cerveceria Alemana, a servir cervejas, tapas e alguns pratos alemães desde 1904, fica no número 6 da Plaza Santa Ana. A carta pode ser vista aqui.

A Casa Alberto, fundada em 1827, é outra das tabernas histórica de Madrid. Fica no número 18 da Calle de las Huertas e fecha domingo a partir das 16h e segunda o dia todo (pelo que ficou por experimentar). Reservas no site ou por telefone:  +34 914299356.

Há restaurantes Takos Al Pastor no número 7 da Calla Botoneras (4.7 no Google) e no 2 da Calle de la Abada (4.5 no Google e no Tripadvisor). Ir lá fora das horas de pico talvez seja uma boa ideia.

Madrid tem imensos mercados onde já não se vai só para comprar frutas ou legumes mas para beber uns copos e petiscar. É só escolher entre o mais turístico Mercado de San Miguel (bonito mas muito cheio) e um dos outros: o de San Antón (Calle Augusto Figueroa, 24), o de San Fernando (Calle Embajadores, 41, no bairro de Lavapiés), o de San Ildefonso (Calle Fuencarral, 57) ou o de la Cebada (La Latina), que ainda é mais mercado-mercado do que mercado-gourmet.

A feira El Rastro, onde se vendem coisas novas e outras em segunda mão, funciona todos os domingos até por volta das 15h.

Os táxis do aeroporto para a cidade e da cidade para o aeroporto têm um custo fixo de 30 euros. Uma simulação na Uber dava para a chegada 33 euros e 44,51 para o trajecto do hotel para o aeroporto.


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