Moçambique: notas de um regresso a Vilanculos

Nos dias do meu regresso (o quinto) a Vilanculos, estância à beira Índico na província de Inhambane, apresentaram-se no Fórum Distrital de Investimentos as potencialidades e oportunidades do distrito. E o sector do turismo esteve em destaque, ou não tivesse Vilanculos 156 estabelecimentos turísticos, mais de 4 000 camas, 100 quilómetros de linha costeira, com apenas 40 explorados, 134 lagoas, sendo que somente as de Nhamacunda e Ngwalume têm algumas actividades associadas, um arquipélago com cinco ilhas mesmo em frente, habitado por raros dugongos, tartarugas, quase duas dezenas de espécies de aves e cerca de 2 000 de peixes, e quatro locais históricos ainda pouco conhecidos (Chibuene, Manhiquene, Bambe e Nhaminela). Vilanculos tem também por estes dias txopelas, algumas a percorrer a estrada que segue para norte e que vai dar às dunas vermelhas. E um ainda raro overland, da Africa Travel Co, uma visão frequente em países como a África do Sul, Namíbia ou Botswana, onde abundam os camiões que transportam turistas de todo o mundo.
Vilanculos Beach Lodge foi o local escolhido para estes dias com vista sobre as ilhas de Magaruque, Bengerra e Bazaruto. É lá que reeencontro Paulo, xará do meu companheiro de viagem e que conheci em Agosto de 2017 quando alugámos no Airbnb uma lovely house close to see, ali perto. Falou-me dos estragos causados pelo ciclone Idai na sua casa da Beira, onde agora mora a mãe, e contou-me, com pena, que o Hotel Dona Ana, construído por Joaquim Alves e que herdou o nome da moçambicana por quem o português se apaixonou, está com algumas dificuldades e a funcionar apenas a gerador.
No final de uma das manhãs da estadia fiz uma caminhada pela praia, sempre cheia de gente a puxar as redes de pesca e de embarcações com nomes como Fish Therapy ou Good Luck Fishing, até ao Casbah, restaurante e bar do alojamento Casa Cabana Beach, que continua a ser um bom sítio para petiscar com os pés na areia. Tem tempura de camarão ou  fajitas com carne de vaca e pregos na lista de pequenos pratos e frango com piri-piri ou peixe do dia como pratos principais. Fiquei por ali à conversa com Matilde, uma das empregadas, que em pouco tempo usou duas expressões frequentes do português de Moçambique a que acho piada: "Fazer o quê", que se usa quando as coisas se apresentam como uma inevitabilidade (e eu a lembrar-me da história de um amigo caçador que um dia, depois de muito tempo no mato, se cruzou com uma francesa ruiva: "Fazer o quê?") e "Estamos juntos", que significa que se está unido pela mesma causa ou se usa em jeito de despedida.
Também acho piada aos nomes dos negócios ou dos chapas que encontro sempre que viajo por Moçambique. E desta vez, no regresso a Maputo, fui anotando alguns:  Curva da Felicidade, Las Vegas Bar, Tio Zé, Inveja, Fidel Castro Padaria e Pastelaria, Boca do Céu ou Pouco com Deus é Muito para as lojinhas; Pecado, A Nação Fala Baixo ou Para Viver Bem Ignora para as carrinhas usadas como transporte de passageiros.











As ilhas de Bazaruto, que desta vez ficaram fora do itinerário, são a principal atracção de qualquer estadia em Vilaculos. A Wild Africa Mozambique realiza passeios de dhow e de um dia a Magaruque e Benguerra (70 e 75 dólares por pessoa, com almoço incluído), passeios em barcos mais rápidos a Bazaruto e ao Two Mile Reef (para snorkeling) e também à mais distante Ilha de Santa Carolina (110 e 130 dólares por pessoa).

Post sobre a ida a Santa Carolina aqui, sobre uma estadia de três dias na ilha de Bazaruto aqui. Mais sobre  outras viagens a Vilanculos aqui.


Comentários

  1. Águas azul-turquesa - que não devem nada aos outros destinos também considerados e catalogados como os melhores do mundo. Enfim... não deixa de ser também “ o país profundo. Parabéns.

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  2. SAUDADES ...... Bazaruto Mergulei por lá era puto :)

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