Addo Elephant National Park: o último safari em África

Deixamos o Lesoto, país encravado na África do Sul e habitat de animais domésticos de espécies várias, e seguimos em busca de animais selvagens, rumo ao último safari em África – ou pelo menos o último da  grande aventura no continente africano (ver aqui). Foi este feito no Addo Elephant National Park, reserva natural criada em 1931 para proteger os elefantes que escaparam ao extermínio levado a cabo por Major P. J. Pretorius com o objectivo de "limpar" uma zona de campos de cultivo, onde tinha sido construída uma barragem para irrigação dos mesmos. Terão sobrevivido 11 elefantes (ou 16, depende das fontes) e terão sido mortos 114, em pouco mais de um ano.

Localizado na província de Eastern Cape, na região de Greater Addo e nas proximidades da cidade de Port Elizabeth (que fica a 72 quilómetros do Addo Main Camp e a uns 30 da entrada mais a sul, a Matyholweni Gate), o Addo apresenta-se como a casa dos Big Seven – por o parque ter uma secção marítima, que inclui a Bird Island e a St Croix Island, não acessíveis ao público, baleias e tubarões brancos juntam-se, pelo menos em teoria, aos Big Five de outras reservas africanas. Mas se elefantes e búfalos são ali fáceis de encontrar, o mesmo não se pode dizer dos rinocerontes, leopardos ou leões, que só foram reintroduzidos no Addo em 2003. Numa tarde contabilizámos uma dezena de elefantes – e um deles, enorme, talvez com os 4,5 metros de altura que os machos podem ter, a passar tão colado ao nosso 4x4 –, uma tartaruga, uma meia dúzia de zebras e escaravelhos do esterco com fartura.
Já sabíamos que esta espécie de insectos andava por ali, pois um original sinal de trânsito alertava logo à entrada do parque para o perigo de os encontrar – ou de os encontrar e de lhes passar com o carro por cima. Pelo que em alguns troços nos dedicámos a uma difícil gincana e à observação do complicado transporte das bolas de estrume executado por estes bichos, menores geralmente do que aquilo que empurram. Mas para que servem estas bolas, perguntar-se-á o visitante? Servem de alimento, de fertilizante dos solos, de incubadoras de ovos e até de aparelho de ar condicionado portátil, respondem os cientistas. Investigadores suecos descobriram em 2012, noticiava na altura o jornal Público, que os escaravelhos sobem mais vezes para a bola quando a temperatura do solo é muito alta.
É possível percorrer o Addo Park em safaris com guia, de dia ou de noite, ao nascer ou ao pôr do sol, fazer passeios a cavalo também guiados ou caminhar na companhia de um ranger. Nós ficámo-nos pelo nosso self-drive game e terminámos o dia com uma boa sessão de observação de aves, sobretudo andorinhas estriadas, outro dos atrativos da reserva. E o ponto de observação não podia ser melhor: a varanda de uma das 11 casinhas construídas sobre palafitas do Nyathi Rest Camp, localizado no sopé da  cordilheira de Zuuberg, um pouco a norte da zona mais visitada. Só não chegámos a ver búfalos, ou nyathi, animais que dão o nome ao alojamento. 

Mais informações sobre o Nyathi Rest Camp aqui ou através do e-mail addoenquiries@sanparks.org. Addo Rest Camp, Matyholweni Camp, Spekboom Tented Camp e Narina Bush Camp são outras opções de alojamento no interior do Addo.

Os safaris com guia devem ser reservados no Centro Interpretativo junto ao Addo Main Camp, onde também pode ser vista uma pequena exposição sobre a história do parque e os animais que aí habitam. O parque não realiza passeios para observação de baleias e tubarões, pelo que estes podem ser contratados em Port Elizabeth, onde várias empresas oferecem este serviço. Da cidade partem todos os dias passeios para safaris no parque. Mais informações aqui ou aqui.

Outros safaris em África aqui no blogue: na Gorongosa, em Moçambique, no Hlane Royal National Park, na ex-Suazilância e actual Eswatini, no Kruger e no Hluhluwe Imfolozi, na África do Sul, no Chobe National Park e na Moremi Game Reserve e Delta do Okavango, no Botswana,  e no Etosha National Park, na Namíbia.