Mia Couto ganha o Prémio Jan Michalski de Literatura

"A diferença entre a Guerra e a Paz é a seguinte: na Guerra, os pobres são os primeiros a serem mortos; na Paz os pobres são os primeiros a morrer. Para nós, mulheres, há ainda uma outra diferença: na Guerra, passamos a ser violadas por quem não conhecemos."

Mulheres de Cinza, Mia Couto


O escritor moçambicano Mia Couto (Beira, 1955) acaba de vencer o Prémio Jan Michalski de Literatura pela edição francesa da trilogia As Areias do Imperador, distinção que se junta aos prémios Vergílio Ferreira, Eduardo Lourenço, Camões e ao norte americano Neustadt. "A excepcional qualidade da escrita, que conjuga, subtilmente, oralidade e narração literária e epistolar, fábulas, sonhos e crenças, no seio da realidade histórica de Moçambique, no final do século XIX, na luta contra a colonização portuguesa" foi reconhecida por um júri presidido pela milionária suíça Vera Michalski e constituído, entre outros, pelo novelista ucraniano Andrei Kourkov, o poeta polaco Tomasz Rozycki ou o rapper francês Jul.

A trilogia, composta pelos livros Mulheres de Cinza, A Espada e a Azagaia e O Bebedor de Horizontes e editada em Portugal pela Caminho entre 2015 e 2017, acompanha os derradeiros dias do chamado Estado de Gaza, o segundo maior império de África dirigido por um africano, o imperador Ngungunyane (ou Gungunhane, como ficou conhecido pelos portugueses). Sobre o conjunto das três obras diz ainda o júri: "Sem nenhum maniqueísmo, o autor prima pela empatia com os protagonistas, que se confrontam com a desumanidade da guerra, atribuíndo-lhes uma força épica, em concordância com a rica natureza africana."

O Prémio Jan Michalski de Literatura, criado pela Fundação Jan Michalski, distingue obras da literatura mundial publicadas em francês com um valor de 50 mil francos suíços (cerca de 46 mil euros) e uma obra de arte escolhida pelo laureado. 

Os livros estão à venda na Wook por 15,04 euros cada, com portes grátis (7,99 na versão Ebook).







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