Malásia: perdidos em Kuala Lumpur (ou KL, para os mais íntimos)
"The Central Market? In KL?", devolve-me um rapaz a quem pergunto se estamos perto do Mercado Central. Não, não estamos, nem perto e nem sequer em Kuala Lumpur, mas algures nos arredores. E como chegámos ali, a uma espécie de Chinatown onde muitos locais tomam um nutritivo pequeno almoço malaio, com os inevitáveis arroz e chá ou café com leite condensado, num quente sábado de manhã? Bem, não seguindo um dos conselhos (pelos vistos muito actual) do Le Guide du Routard (uma edição de 2011/2012 um pouco desactualizada) que nos acompanha nesta viagem: preferir o táxi ou o autocarro (o Hop On Hop Off será a melhor opção) em vez de um carro alugado para as deslocações na capital da Malásia, se não queremos acabar perdidos.
A decisão de usar em Kuala Lumpur o carro que nos haveria de levar numa volta pelo país ao longo de três semanas revelou-se quase fatal (pelo menos no que à paciência e ao aproveitamento do tempo diz respeito). Não tanto pelo trânsito, que não chega a ser caótico, ou pela condução à inglesa, mas sobretudo por causa do labirinto formado pelas muitas estradas e autoestradas, pelas pontes e viadutos e pela aparente falta de coincidência entre a realidade e qualquer um dos mapas que tínhamos connosco. Claro que o facto de uma parte da cidade estar cortada ao trânsito devido à realização do City Grand Prix e também o não sabermos na altura que "Pusat Bandaraya" significa centro da cidade não nos ajudou na tarefa de chegar a bom porto.
Fomos salvos pelas belas Petronas Twin Towers, que com os seus 88 andares e 541 metros se vêem de vários locais da cidade e em redor. Carro arrumado no parque de estacionamento que lhes dá acesso e bilhetes comprados para subir ao topo para as 17h30 dessa tarde (e esse foi literalmente o ponto alto de Kuala Lumpur), rumámos então - de táxi - até ao Mercado Central. Localizado perto de Chinatown, está este instalado num reabilitado edifício Art Déco de 1936 onde já não há frutas, peixe ou legumes mas onde abundam as t-shirts e os souvenirs, as túnicas e os batiks. Vale a pena parar para um almoço, acompanhado de um delicioso ar condicionado, num dos restaurantes do primeiro andar.
Por ali perto fica Merdeka Square, construída para celebrar a independência do país em 1957 e uma das raras praças da Malásia. Estava calma quando por ali andámos - com os seus edifícios coloniais, o seu grande relvado e o orgulhoso estandarte de 100 metros, que se apresenta como o maior do mundo -, talvez por causa do calor intenso. Guardámos a animação e as ruas cheias de gente para mais tarde, em Chinatown, bairro onde à noite tem lugar o pasar malam (mercado de noite), com muitas contrafacções a bom preço e para todos os gostos. Mas acabou o passeio por ser interrompido por uma chuvada verdadeiramente tropical, sem tempo para negociatas e quase sem tempo também para terminar o jantar numa esplanada.
Dedicámos a segunda jornada em KL (penso que ao segundo dia já a posso chamar assim) a Batu Caves, um importante (e um pouco mal cuidado) templo hindu localizado numa imensa gruta a 15 quilómetros a Norte da cidade. O acesso faz-se após uma escalada de 272 degraus e na companhia de gente que leva oferendas, de pais com crianças a caminho do baptismo, de passeantes de domingo, de outros turistas e ainda de alguns macacos que tentam interagir (por vezes com maus modos) com quem passa. Mas muito mais gente haverá por ali durante a festa religiosa de Thaipusam, que se realiza todos os anos no 10.º mês do calendário hindu, entre meados de Janeiro e início de Fevereiro.
Templo à parte, há mais motivos de interesse em Batu Caves, Antes de alcançar o topo da escadaria, vale a pena fazer um desvio à esquerda para as Dark Caves (acesso pago, com direito a uma pequena lanterna e capacete). A visita é feita na companhia de um guia (e de aranhas, morcegos e outros insectos) que conta a historia do local e que mostra as várias formas de vida que se desenvolvem na mais completa escuridão. Interessante e pedagógico.
Regressamos a KL com a sensação de meia missão cumprida e traçamos para a tarde um destino que se revela impossível de alcançar, os jardins Taman Tasik Perdana, que acolhem um parque de pássaros, outro de borboletas, outro ainda de orquídeas. Lá nos perdemos outra vez (e mais outra, e mais outra), o que acaba por ter algumas vantagens: vamos dar por acaso à tranquila Galeria Sri Perdana, que foi residência oficial do quarto primeiro-ministro da Malásia, damos de caras com o imenso templo chinês Thean Hou, que não tem acesso em transportes públicos e fica fora do centro, descobrimos um cemitério com vista sobre a cidade e ainda uma Little India que pensávamos ser a de Kuala Lumpur mas afinal era a de Brickfields. E para acabar bem o dia, acabamos com uma visita nocturna aos jardins que não conseguimos encontrar umas quantas horas antes. Quase perfeito, portanto.
A decisão de usar em Kuala Lumpur o carro que nos haveria de levar numa volta pelo país ao longo de três semanas revelou-se quase fatal (pelo menos no que à paciência e ao aproveitamento do tempo diz respeito). Não tanto pelo trânsito, que não chega a ser caótico, ou pela condução à inglesa, mas sobretudo por causa do labirinto formado pelas muitas estradas e autoestradas, pelas pontes e viadutos e pela aparente falta de coincidência entre a realidade e qualquer um dos mapas que tínhamos connosco. Claro que o facto de uma parte da cidade estar cortada ao trânsito devido à realização do City Grand Prix e também o não sabermos na altura que "Pusat Bandaraya" significa centro da cidade não nos ajudou na tarefa de chegar a bom porto.
Fomos salvos pelas belas Petronas Twin Towers, que com os seus 88 andares e 541 metros se vêem de vários locais da cidade e em redor. Carro arrumado no parque de estacionamento que lhes dá acesso e bilhetes comprados para subir ao topo para as 17h30 dessa tarde (e esse foi literalmente o ponto alto de Kuala Lumpur), rumámos então - de táxi - até ao Mercado Central. Localizado perto de Chinatown, está este instalado num reabilitado edifício Art Déco de 1936 onde já não há frutas, peixe ou legumes mas onde abundam as t-shirts e os souvenirs, as túnicas e os batiks. Vale a pena parar para um almoço, acompanhado de um delicioso ar condicionado, num dos restaurantes do primeiro andar.
Por ali perto fica Merdeka Square, construída para celebrar a independência do país em 1957 e uma das raras praças da Malásia. Estava calma quando por ali andámos - com os seus edifícios coloniais, o seu grande relvado e o orgulhoso estandarte de 100 metros, que se apresenta como o maior do mundo -, talvez por causa do calor intenso. Guardámos a animação e as ruas cheias de gente para mais tarde, em Chinatown, bairro onde à noite tem lugar o pasar malam (mercado de noite), com muitas contrafacções a bom preço e para todos os gostos. Mas acabou o passeio por ser interrompido por uma chuvada verdadeiramente tropical, sem tempo para negociatas e quase sem tempo também para terminar o jantar numa esplanada.
Dedicámos a segunda jornada em KL (penso que ao segundo dia já a posso chamar assim) a Batu Caves, um importante (e um pouco mal cuidado) templo hindu localizado numa imensa gruta a 15 quilómetros a Norte da cidade. O acesso faz-se após uma escalada de 272 degraus e na companhia de gente que leva oferendas, de pais com crianças a caminho do baptismo, de passeantes de domingo, de outros turistas e ainda de alguns macacos que tentam interagir (por vezes com maus modos) com quem passa. Mas muito mais gente haverá por ali durante a festa religiosa de Thaipusam, que se realiza todos os anos no 10.º mês do calendário hindu, entre meados de Janeiro e início de Fevereiro.
Templo à parte, há mais motivos de interesse em Batu Caves, Antes de alcançar o topo da escadaria, vale a pena fazer um desvio à esquerda para as Dark Caves (acesso pago, com direito a uma pequena lanterna e capacete). A visita é feita na companhia de um guia (e de aranhas, morcegos e outros insectos) que conta a historia do local e que mostra as várias formas de vida que se desenvolvem na mais completa escuridão. Interessante e pedagógico.
Regressamos a KL com a sensação de meia missão cumprida e traçamos para a tarde um destino que se revela impossível de alcançar, os jardins Taman Tasik Perdana, que acolhem um parque de pássaros, outro de borboletas, outro ainda de orquídeas. Lá nos perdemos outra vez (e mais outra, e mais outra), o que acaba por ter algumas vantagens: vamos dar por acaso à tranquila Galeria Sri Perdana, que foi residência oficial do quarto primeiro-ministro da Malásia, damos de caras com o imenso templo chinês Thean Hou, que não tem acesso em transportes públicos e fica fora do centro, descobrimos um cemitério com vista sobre a cidade e ainda uma Little India que pensávamos ser a de Kuala Lumpur mas afinal era a de Brickfields. E para acabar bem o dia, acabamos com uma visita nocturna aos jardins que não conseguimos encontrar umas quantas horas antes. Quase perfeito, portanto.
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