África do Sul: caçada fotográfica no Kruger National Park
São sempre grandes as expectativas ao entrar no velhinho (aberto ao público desde 1927) e imenso Kruger National Park (o parque tem 2500 quilómetros de estradas, quase 20 mil quilómetros quadrados, 350 quilómetros de comprimento e 60 de largura). Tão grandes como as incertezas sobre que espécies e que animais iremos ver.
E à terceira vez (já tinha estado no Kruger três dias em Agosto de 2013 e pouco mais do que uma meia dúzia de horas em Novembro de 2014) os animais - que andam em liberdade e que podem estar em qualquer lado - voltaram a colaborar. Embora o leão continua a faltar da lista dos nossos big five.
Ao longo de dois dias, com subida até ao belo campo de Olifants (vale a pena pela localização e pelas vistas sobre o rio) e várias estradas do sul percorridas (de Phabeni a Skukuza, de Skukuza a Satara, de Satara a Orpen, de Olifants a Phalaborwa), foram muitos os animais avistados, com destaque para uma imensa manada de elefantes mesmo no final do primeiro dia e mesmo à nossa frente (talvez demasiado à nossa frente), para um leopardo muito ao longe e deitado num banco de areia junto à água (os leopardos são muito difíceis de encontrar e neste caso só o identificámos com a ajuda do zoom da lente e de binóculos) e para uma grande manada de búfalos. E ainda muitas zebras, algumas girafas, vários bandos de macacos, alguns rinocerontes (muito cobiçados pelos caçadores furtivos pelo valor dos seus chifres), muitas aves ou dois hipopótamos fora de água (também muito ao longe, o que não é mau se tivermos em conta que são estes animais os responsáveis pelo maior número de acidentes mortais com humanos em terras de África).
O Kruger pode ser visitado em carro próprio e mesmo as estradas de terra batida (que não têm necessariamente mais animais do que as asfaltadas) são fáceis de percorrer sem um 4x4. Mas também pode ser visitado em safaris organizados ou explorado através de actividades várias, como as caminhadas com guia, as noites passadas em esconderijos com vista sobre bebedouros, os passeios de bicicleta no trilho de Olifants ou os safaris ao amanhecer, à noite ou ao pôr-do-sol. Nós, percorrendo o parque por conta própria, tivemos direito a um bonito entardecer ao final do primeiro dia, enquanto saíamos pela porta de Orpen.
A primeira noite foi passada no Wild Olive Tree Camp e foi uma estreia em matéria de alojamento. Localizado muito perto da porta de Orpen, é este um campo composto por 12 tendas escondidas no meio da vegetação e de conforto básico mas suficiente. Cada uma tem duas camas pequenas e uma casa de banho com duche e água quente. E ainda um Novo Testamento, um repelente de insectos, uma cópia das regras do que fazer no caso de dar o visitante de caras com uma cobra ou um escorpião e um apito talvez para pedir ajuda - e que não precisou de ser usado.
O jantar (uma espécie de jardineira de carne de vaca com puré foi o prato principal) teve lugar perto de uma fogueira e numa mesa partilhada com todos os hóspedes do campo - no total eram 11. E onde cada um foi falando das experiências noutras reservas de animais (um sul africano que trabalhou durante alguns anos em Moçambique recordou com paixão as aves que tinha visto numa visita à Gorongosa) ou das proezas do dia. E nessa noite a maior proeza pertenceu a dois rapazes alemães, que durante o dia viram vários leões numa reserva privada ali perto.
O jantar (uma espécie de jardineira de carne de vaca com puré foi o prato principal) teve lugar perto de uma fogueira e numa mesa partilhada com todos os hóspedes do campo - no total eram 11. E onde cada um foi falando das experiências noutras reservas de animais (um sul africano que trabalhou durante alguns anos em Moçambique recordou com paixão as aves que tinha visto numa visita à Gorongosa) ou das proezas do dia. E nessa noite a maior proeza pertenceu a dois rapazes alemães, que durante o dia viram vários leões numa reserva privada ali perto.
O Kruger fica a cerca de 120 quilómetros de Maputo, sendo que a Crocodile Gate é a porta de entrada mais perto para quem vem por aí. Conte-se ainda com algum tempo - depende dos dias - para atravessar a movimentada fronteira Ressano Garcia.
O Inverno Austral (Verão em Portugal), estação seca e com temperaturas menos elevadas do que durante a estação das chuvas, que pode ir de Setembro a Maio, é uma boa altura para visitar o parque. A vegetação é menos verde, os animais podem ser mais fáceis de ver e o risco de contrair malária é menor. Num dos dias da nossa visita, realizada mesmo no fim de Março, a temperatura chegou aos 34.
Os bilhetes para os visitantes de um dia custam 280 rands (cerca de 16 euros) e podem ser comprados numa das dez portas de acesso. Há também bilhetes anuais para os verdadeiros fãs da vida selvagem e que permitem entradas ilimitadas (para dois, não naturais da África do Sul ou dos países vizinhos, custam o equivalente a 174 euros).
O alojamento dentro do Kruger divide-se em Rest Camps, Private Camps e Bush Camps, com níveis de conforto e preços muito variados. As reservas podem ser feitas aqui.
Uma tenda para dois adultos no Wild Olive Tree Camp custa 1240 rands (cerca de 71 euros), uma tenda com ocupação individual 620, com meia pensão incluída.
O Buckler´s Africa Lodge (Ngwenya Lodge Road, Komatipoort), no sul do parque e muito perto da porta de Crocodile, é uma boa opção de alojamento. Não tem Internet nem restaurante (há um por perto) mas tem um bom pequeno almoço (130 rands por pessoa), um bar "honesto" onde cada um se vai servindo, um ambiente muito calmo e boas vistas sobre o rio Crocodile e o Kruger, mesmo em frente. O alojamento para três ficou por 1615 rands (pouco mais de 90 euros).
O Ambience, perto de White River (para o caso de uma ida às compras em Nelspruit ter antecedido a visita ao Kruger), é um bed & breakfast com seis quartos e um bom pequeno-almoço. Tem Internet nos quartos, dois cães - Sacha e Channel - que dão as boas vindas aos hóspedes e que andam por ali sem incomodar, uma piscina de 16 metros localizada num tranquilo jardim e boas classificações no Tripadvisor (quartos para dois a 1100 rands, cerca de 64 euros). Lá perto, o Meraki (localizado no complexo de lojas The Bagdad) é uma boa opção para jantar. O dono, sul africano que trabalhou no Azura, na ilha de Benguerra, em Bazaruto, trocou a advocacia pela cozinha e apresenta no menu pratos como camarões à LM (de Lourenço Marques) ou frango à Vilankulo.
À venda nas lojas do parque há uma versão em português (ou mais ou menos em português) de um pequeno livro com mapas detalhados, com informações sobre os diversos campos, as distâncias e o tempo estimado para percorrer os vários troços, uma tabela para registar os animais avistados e fotografias dos mamíferos, cobras e aves que habitam o Kruger. Muito útil para sabermos que vimos uma cegonha de bico de sela (é branca e preta com um bico vermelho, preto e amarelo) ou que género de antílope está à nossa frente.
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