O adeus à Namíbia ao som de Toy e Quim Barreiros

A viagem aproximava-se do fim e Windhoek era a última etapa na Namíbia. A tranquila capital, habitada por pouco mais de 350 000 habitantes e não propriamente famosa pelas suas atracções turísticas, é a porta de entrada para quem chega de avião e o ponto de partida dos safaris pelo país. Para nós, era o começo do regresso a Maputo, via Botswana e África do Sul, sendo que tínhamos pela frente qualquer coisa como 1900 quilómetros para percorrer.
Durante o pequeno-almoço no Von Bash Dam Resort, um alojamento à beira da barragem que abastece a cidade (e a cerca de 70 quilómetros desta), perguntei aos anfitriões Kitty e Ian, simpáticos e faladores, o que podíamos fazer durante o dia que tínhamos pela frente. Depois de algumas hesitações, concluíram que a "segura" e "limpa" Windhoek (para Ian, que para Kitty já foi mais limpa) não tem muito para entreter os visitantes. Mas tem bons restaurantes e sítios animados para beber uma cerveja ou comer carne de caça, como o super famoso Joe´s Beerhouse, um Museu Nacional instalado num edifício moderno a que alguns chamam "máquina de café" e um monumento um pouco fora da cidade que é bom para perceber onde é gasto o dinheiro dos namibianos (e esta é uma opinião de Kitty).
Foi por este último que começámos. Trata-se do Heroes' Acre, um memorial de guerra construído por uma empresa da Coreia do Norte e inaugurado em 2002 junto à estrada nacional B1, um pouco a sul da cidade, no dia 26 de Agosto, Dia dos Heróis. Bilhetes comprados (e a empregada a somar na calculadora 40+40+40), acedemos a um imenso e austero espaço, onde para além de nós apenas estavam uns soldados acampados, com um deles ocupado a lavar loiça num alguidar de plástico. Por ali percorremos alguns dos 174 túmulos espalhados pelas várias bancadas, contemplámos a estátua ao soldado desconhecido (que dizem ter parecenças físicas com Sam Nujoma, o primeiro Presidente da Namíbia)  e gozamos a vista e a tranquilidade do local.
De regresso à cidade (e depois de uma hora e tal passada num serviço de lavagem de carros, onde foi difícil remover tanto pó acumulado e entranhado), gastámos o resto do tempo a passear um pouco pelo Namíbia Crafts Centre, onde as lojas fecham cedo, a ver apenas por fora a igreja luterana Christuskirche (na Fidel Castro Street) e o Tintenpalast ou Palácio do Parlamento e o seu jardim (onde não é permitido andar de skate, bicicleta, jogar à bola, passear cães, nadar ou beber álcool mas onde os locais se entretém a saltitar escadaria abaixo e escadaria acima), a subir ao quarto andar do museu que conta a história da Namíbia (gratuito, mas entretanto também fechado), onde há um bar e restaurante, e a percorrer a Independence Avenue, onde funciona até mais tarde um mercado de artesanato (e uma mulher Himba a lavar as mãos e os braços com água e não com o habitual banho de fumaça).
Para a noite, programámos a descoberta de um bom restaurante, que acabou por ser o The Stellenbosh Tasting Room por o The Stellenbosh Wine Bar and Bistro, considerado por muitos como o melhor de Windhoek, já se encontrar completo. Os dois ficam lado a lado, no interior do complexo Bougain Villas, que pode não ser fácil de encontrar (fica no 320 da Sam Nujoma Drive), mas têm menus diferentes. No Tasting Room há bifes, uma selecção de hamburgers, pizzas, salmão da Noruega e, como estamos na Namíbia, chicken schnitzel, servido com uma salada do chef. E também muitos vinhos sul africanos, alguns produzidos em Rust en Vrede, em Stellenbosh.
Foi um bom jantar, num ambiente elegante, mas não com tanta piada como o almoço da véspera, no Rhinos Restaurant, em Okahandja, onde também há frango grelhado, pizzas, hamburgers ou pregos. Tudo acompanhado inesperadamente de uma banda sonora com músicas de Quim Barreiros e de Toy (e eu a ouvir pela primeira vez o "Estupidamente Apaixonado") e pelas histórias do dono. Chama-se José, filho de pais madeirenses e nascido na Namíbia, onde viveu toda a vida, embora seja viajado (esteve há quatro anos em Portugal, já esteve no Brasil, nos EUA, este ano no Canadá). Tem uma propriedade onde tem rinocerontes com os chifres cortados para prevenir a caça furtiva (Stop Rhino Poaching, lê-se em todas as ementas) mas ele próprio é caçador e não troca o mato por nada. 




























Marcar alojamento em cima da hora pode correr mal em zonas como o Etosha ou Sossusvlei,  mas em Windhoek isso não é um problema. No meio da oferta abundante, a nossa escolha para a noite passada na capital recaiu sobre a Faanbergh Accommodation (no número 4 da Merensky Street). Um apartamento moderno, muito limpo e bem equipado reservado no Booking, que custou o equivalente a 62 euros para três.

Passear por Windhoek por conta própria é tranquilo mas os fãs de passeios organizados têm disponíveis Free Walking Tours organizados pelo Chamaleon Backpackers (ver aqui), com partidas de segunda a sábado às nove da manhã do alojamento e às nove e meia do Cramers Cafe. Têm a duração de duas horas a duas horas e meia e a prática é a mesma de todos os free tours: no final cada um paga o que acha justo.

O Namibia Craft Centre, que junta no mesmo local mais de 30 empresas e espaços de restauração, fica no número 40 da Tal Street e está aberto de segunda a sexta das 9h às 17h30, sábados das 9h às 16h e domingos das 9h às 13h30.

Mais sobre a viagem à Namíbia aqui (de Fish River Canyon a Kamanjab), aqui (visita à aldeia Himba de Otjikandero) e aqui (safari no Etosha)


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