Uma escala no escaldante Dubai

Quando publiquei no Facebook que era meia noite e meia no Dubai e que estavam 35 graus, com uma sensação térmica de 43 (durante o dia tinha chegado a uns terríveis 53), um amigo perguntou-me se não me podia meter no frigorífico. Podia, sendo que por ali têm os frigoríficos a forma de táxi (com muito ar condicionado e preços acessíveis), de centro comercial (com destaque para o Dubai Mall, que tem mais de 1200 lojas, um aquário gigante, um Underwater Zoo, uma cascata e uma pista para patinar no gelo), de piscina de hotel com água estranhamente refrescante (era capaz de apostar que é arrefecida) ou mesmo de edifício mais alto do mundo.
E foi com a ascensão ao topo do megalómano Burj Khalifa, com os seus 828 metros e 163 andares, repartidos entre apartamentos, hotéis de luxo, lojas, piscinas e jardins, que começou este roteiro de menos de 72 horas no Dubai, Os bilhetes para subir ao 148.º andar são verdadeiramente caros (menos caros se se ficar "apenas" pelo 124.º ou se a visita for feita depois do anoitecer) mas  a vista e a experiência única valem todos os dirhams investidos. Antes de descer, não deixar de dar uma espreitadela por alguns dos telescópios instalados, que mostram não apenas a vista actual da cidade mas também como era a vista da mesma localização no passado (quase sempre muito desértica). Não perder ainda, se a subida tiver lugar depois do pôr do sol, um dos espectáculos da Dubai Fountain, a maior fonte musical do mundo (ou não estivéssemos no Dubai...), visto lá do alto. Estes acontecem de meia em meia hora, entre as 18h e as 23h, e com diferentes coreografias ao longo da noite. Uma atracção que junta multidões.
Fora do "frigorífico", e na companhia de milhões de gotas de suor, atrevemo-nos a dar um passeio  a pé por Bur Dubai e pelo bairro de Bastakiya, agora chamado Al Fahidi Historic District, onde se encontra o interessante (e fresco) Dubai Museum e o Old Souk, e ainda a fazer a travessia de barco no Creek rumo a Deira, zona de porto e a segunda mais antiga do Dubai. Ali, não perder os souks do ouro e das especiarias (ou, para os interessados, as lojas de contrafacção de malas e afins instaladas discretamente longe do olhar de quem passa).
Um pouco distante desta parte antiga, era preciso dar uma vista de olhos ao luxuoso Burj Al Arab, o célebre hotel de sete estrelas construído sobre uma ilha artificial e a fazer lembrar a vela de um barco. Pena estar bastante envolto em poeiras - como um pouco toda a cidade nesse dia - aquando da nossa passagem. Aproveitou-se mesmo assim a deslocação para fazer algumas fotos e para meter um pé na água quente (quase escaldante) de uma das praias de Jumeirah.

Um "pulo" (de cerca de 400 quilómetros, ida e volta) a Abu Dhabi, a capital dos sete Emirados Árabes Unidos, estava prevista desde o início da paragem no Dubai. Por um motivo que acabou por se revelar mais do que justificado: visitar a Sheikh Zayed Grand Mosque. Como o calor tornava impossível grandes (bem, ou pequenas) deslocações a pé, a ida em transportes públicos foi substituída pela contratação de um motorista que nos foi sugerido na véspera por um taxista e que nos havia de ir buscar ao hotel (pagámos, a dividir por três, 500 dirhams, mais ou menos 125 euros, para oito horas de trabalho). Saiu-nos um árabe de olhos verdes, discreto e simpático. Tão simpático que achou que o rapaz de 18 anos que trocou a visita à mesquita pelo parque temático da Ferrari, outra das atracções de Abu Dhabi, era meu brother e não meu son.
A imensa mesquita Sheikh Zayed, construída entre 1996 e 2007 e a maior dos Emirados, ocupa uma área de 12 hectares e tem capacidade para receber até 40 mil fiéis. É uma obra de arquitectura magnífica, com 82 cúpulas brancas e quatros minaretes, com grandes pátios e mais de mil colunas. Tem lá dentro o maior tapete persa do mundo, feito à mão, e candelabros gigantes feitos por uma empresa alemã. Também estes são, com os seus dez metros de diâmetro, os maiores do mundo.
O acesso ao interior é permitido a não muçulmanos (excepto às sextas de manhã), bastando para isso respeitar as regras em relação ao vestuário: os homens devem vestir calças ou calções pelo menos até aos joelhos, as mulheres devem ter o corpo coberto, com roupas largas e não transparentes, cabelo incluído. Se não for o caso, estão disponíveis abayas gratuitas, em troca de um cartão de identificação, que não o passaporte, que se deixa no vestiário e que é devolvido no final. Único senão, fortemente compensado pela beleza do local (sobretudo ao entardecer, quando as luzes começam a acender-se): a abaya é quente, muito quente. Talvez a mais quente do mundo.



























































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