Maputo: conversas de Salão

Num estúdio dedicado às unhas e a outros assuntos de beleza, uma moçambicana que já fez um lifting em Lisboa que a terá rejuvenescido dez anos dissertava sobre a sua intenção de fazer uma maquilhagem permanente, género tatuagem, nos olhos e nos lábios. "Mas mesmo assim vais continuar a usar baton?", perguntava-lhe uma das clientes, aparentemente não muito convencida das vantagens de tal procedimento (e que diz que o marido a gosta de ver de vez em quando sem pintura, para se confrontar com a realidade). Claro que vai continuar a usar, responde-lhe a outra, mas se não usar vai acordar à mesmo sempre arranjada, sempre pronta a sair, sempre linda. E quando visitar os sogros no mato ("Que vivem lá, não sei bem onde") seguirá viagem com um necessaire mais leve.
Depois de ter mostrado uma tatuagem feita um pouco abaixo da linha do biquini, enquanto contava que na Europa usou extensões até ao rabo (em Moçambique não vale a pena ter pois toda a gente usa) ou que tinha entretanto colocado um piercing algures ("Peço para ver", pedia-lhe uma das empregadas com alguma curiosidade), eu decido perguntar-lhe, meia distraída e antes que ela mostrasse mais alguma coisa, se é mãe do miúdo que anda por ali. Responde-me primeiro com um "Não" e logo a seguir, certamente a pensar que valeu a pena todo o investimento feito, com um "Avó"...

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