De regresso à Suiça (again!)
Quis o destino (e quis um professor da Pós Graduação que fazia na altura) que passasse um mês e meio em estágio na demasiado tranquila e bonitinha Genebra no final do gelado Inverno, início da fria Primavera, de 1993. Estadia da qual recordo como pontos altos, devo confessar, duas viagens a Itália (Milão primeiro, Veneza depois), uma ida a Chamonix e ao belo Mont Blanc (em território francês) e a viagem final para Paris em TGV, onde seria verdadeiramente feliz durante mais sete semanas de compromissos académicos e não só.
E quiseram circunstâncias várias que regressasse a Genebra (que agora me encanta um pouco mais, sobretudo em dias de sol e céu azul) em 2014, 2015 e em Março deste ano. Os dois primeiros regressos foram aproveitados para novas escapadas, primeiro de novo à montanha mais alta dos Alpes, que nessa altura tinha como novidade o Skywalker (ver aqui), e em 2015 às francesas Annecy (ver aqui) e Yvoire (aqui). Pelo que a mais recente viagem tinha de ser finalmente dedicada à cara e organizada Confederação Suíça (composta por 26 cantões e um dos países com maior PIB per capita do mundo) a tempo inteiro.
Depois de uma aterragem em Zurique e tendo meia dúzia de horas para visitar a cidade mais povoada da Suíça, foi a tarde ocupada com um pouco de people watching numa esplanada de um restaurante italiano (podia ter ficado por ali a contar bicicletas) e com uma volta por algumas das ruas da zona histórica (onde a mais importante é a cara Bahnhofstrasse). E também com uma demorada observação dos cinco vitrais de Marc Chagall, que desde 1970 decoram a Fraumunster Church, fundada em 853 como primeiro convento para mulheres da alta aristocracia (e que não podem ser fotografados), e uma visita rápida à igreja de Grossmunster, esta decorada com três vitrais do suíço Augusto Giacometi (faltou subir os quase duzentos degraus que conduzem à torre).
No regresso ao carro alugado, e antes de a viagem prosseguir para Lucerna (que fica perto, a cerca de 50 quilómetros), houve tempo ainda para um olhar panorâmico sobre Zurique, sendo o local escolhido um jardim-miradouro numa das margens do Limmat, onde vários homens ocupavam o tempo com um jogo de xadrez de peças gigantes e tabuleiro desenhado no chão, numa cena muito típica das cidades suíças. E para beber um pouco de água fresca numa das muitas fontes que marcam a paisagem. Há-as para todos os gostos e uma verde e com quatro pequenas estátuas, desenhada por Richard Wallace, existe também em Paris, onde a primeira das fontes Wallace foi colocada, em vários locais no Rio de Janeiro, em Lisboa e em outras cidades pelo mundo.
Chegamos a Lucerna ao entardecer e instalamo-nos no Château Gutsch (construído em 1888, tem 27 quartos, um bar, uma esplanada e um restaurante super panorâmicos). E não sei se poderia ter melhor vista sobre a cidade, os Alpes (com a montanha Rigi, acessível por comboio ou teleférico, em destaque), o lago e o rio Reuss e sobre ele a Kapellbrucke, a mais antiga ponte coberta em madeira da Europa.
Percorrê-la é passeio obrigatório, o que faço ainda nessa noite e depois de ler um pouco sobre a sua história (foi construída originalmente em 1333 como parte das fortificações da cidade, destruída por um incêndio no dia 18 de Agosto de 1993 e construída de novo, assim como recuperadas as pinturas do século XVII que a ornamentam). E novamente na manhã seguinte, um sábado, dia de mercado de frutas e legumes, queijos e outras iguarias, instalado em bancas ao longo do rio - e que funcionou toda a manhã apesar da chuva.
E em dias assim percebe-se melhor a utilidade das pontes cobertas pedonais: para além da mais célebre há outra ali perto, a Spreuerbrucke (e havia uma terceira do mesmo género, mas foi demolida no século XIX). Também ela, igualmente ornamentada com quadros de forma triangular, foi destruída (por umas cheias, em 1566) e depois feita de novo.
E de Lucerna prosseguiu a viagem para Gruyères, terra de queijos e de chocolate, de banhos termais (ver aqui) e de museus exóticos (há um dedicado ao Tibete, com uma colecção de arte sacra budista, e ao lado um outro que reúne as obras, tidas como delirantes e futuristas, do artista suíço H.R. Giger, criador de Alien), de lagos e de montanhas (bem, como toda a Suíça). E foi a segunda noite desta mini viagem on the road passada no Hôtel de Gruyères, que tem quartos para dois a partir de 150 francos suíços e vários hóspedes e empregados a falar português (que é a língua oficial pelo menos na cozinha).
Também se ouve falar português na rua principal, quase deserta ao final do primeiro dia e cheia de gente no dia seguinte, um domingo, quando a percorremos depois de visitar o antigo castelo dos condes de Gruyères. Construído durante a Idade Média (e mencionado pela primeira vez nos arquivos em 1244) e aberto ao público em 1938, tem uma rica colecção permanente (vale a pena dedicar algum tempo à cozinha ou à sala dos cavaleiros), exposições temporárias, actividades para crianças e um espectáculo multimédia que conta toda a História do lugar.
Genebra era o destino para a terceira noite e a viagem a partir de Gruyères fez-se não pelo caminho mais rápido mas com dois desvios: primeiro para Friburgo, em busca de um sítio para almoçar, depois para Montreaux, em busca de um castelo. E na super tranquila Friburgo, apesar das tentações (no snack bar Face a Face há vinhos do Douro e um anúncio colocado em cima de uma pipa que oferece bacalhau por 30 francos suíços, logo a seguir um restaurante tem um cartaz à porta onde se lê "Hoje a cabrito no forno e rojões"), acabamos por almoçar no concorrido asiático Teppan Yari (Rue des Boucher, 5), que tem um buffet de domingo com especialidades chinesas e japonesas (por 35 francos suíços).
Já tinha estado em Montreaux em 1993, a cidade do festival anual de jazz (que se realiza em Julho desde 1967) e local de residência de famosos como Igor Stravinsky, David Bowie ou Freddie Mercury (que tem direito a uma muito fotografada estátua), mas nessa altura tinha-me escapado o castelo de Chillon, construído sobre a água mesmo ali ao lado, em Veytaux. Desta vez, regressei por causa dele (que acabei por ver só por fora, por já ser tarde) e também por causa das belas montanhas cobertas de neve e do lago à volta.
Dou o tempo por muito bem empregue quando o carro se faz à estrada em direcção a Genebra (etapa que ficará para o próximo post) e olho para trás: não sei se haverá na Suíça muitas paisagens tão bem conseguidas como a que envolve este extremo do Lago Leman.
Informações sobre transportes, preços, horários e actividades na montanha Rigi, em Lucerna, aqui.
O Swiss Transport Museum (ou em alemão Verkehrhaus der Schweiz), é uma das principais atracções de Lucerna e um dos mais populares museus na Suíça. Informações sobre actividades e preços no site.
O Stadtkeller Restaurant (Sternenplatz, 3) e o Ristorante Barbatti (Topferstrasse, 10) são boas opções para jantar ou almoçar em Lucerna. O primeiro tem música ao vivo (com concertos pagos à parte) e pratos fortes como farmer sausage ou escalopes de porco com batatas fritas (a 23 e a 25,50 francos suíços). Ao segundo, onde escolhi um risotto de salmão (19 francos), vale a pena ir também pelo atendimento e pela decoração.
O restaurante Le Chalet é considerado o melhor restaurante de Gruyères para comer foundue de queijo (também há raclettes e outros pratos suíços). Requer reserva prévia pois está sempre cheio (tão cheio que não o conseguimos experimentar), o que pode ser feito no local, por telefone (+41 (0)269212154) ou e-mail (chalet@gruyereshotels.ch).
A fábrica de queijo La Maison du Gruyère, que tem também um restaurante e uma loja onde duas empregadas portuguesas nos explicam as diferenças entre os vários queijos para fondue à venda, pode ser visitada todos os dias na Place de la Gare, em Pringy-Gruyères. Mais informações aqui.
A fábrica de chocolate Maison Cailler, que produz a marca de chocolate suíço mais antiga, pode ser visitada em Broc, perto de Gruyères. Há ateliers de chocolate disponíveis, com reserva prévia.
Horários e mais informações sobre o Château de Gruyères, que está aberto todos os dias das 9h às 18h ou das 10h às 17h (de 1 de Novembro a 31 de Março), no site.
Horários e mais informações sobre o Château de Chillon, que está aberto todos os dias menos no Natal e Ano Novo (vários horários), aqui.
E quiseram circunstâncias várias que regressasse a Genebra (que agora me encanta um pouco mais, sobretudo em dias de sol e céu azul) em 2014, 2015 e em Março deste ano. Os dois primeiros regressos foram aproveitados para novas escapadas, primeiro de novo à montanha mais alta dos Alpes, que nessa altura tinha como novidade o Skywalker (ver aqui), e em 2015 às francesas Annecy (ver aqui) e Yvoire (aqui). Pelo que a mais recente viagem tinha de ser finalmente dedicada à cara e organizada Confederação Suíça (composta por 26 cantões e um dos países com maior PIB per capita do mundo) a tempo inteiro.
Depois de uma aterragem em Zurique e tendo meia dúzia de horas para visitar a cidade mais povoada da Suíça, foi a tarde ocupada com um pouco de people watching numa esplanada de um restaurante italiano (podia ter ficado por ali a contar bicicletas) e com uma volta por algumas das ruas da zona histórica (onde a mais importante é a cara Bahnhofstrasse). E também com uma demorada observação dos cinco vitrais de Marc Chagall, que desde 1970 decoram a Fraumunster Church, fundada em 853 como primeiro convento para mulheres da alta aristocracia (e que não podem ser fotografados), e uma visita rápida à igreja de Grossmunster, esta decorada com três vitrais do suíço Augusto Giacometi (faltou subir os quase duzentos degraus que conduzem à torre).
No regresso ao carro alugado, e antes de a viagem prosseguir para Lucerna (que fica perto, a cerca de 50 quilómetros), houve tempo ainda para um olhar panorâmico sobre Zurique, sendo o local escolhido um jardim-miradouro numa das margens do Limmat, onde vários homens ocupavam o tempo com um jogo de xadrez de peças gigantes e tabuleiro desenhado no chão, numa cena muito típica das cidades suíças. E para beber um pouco de água fresca numa das muitas fontes que marcam a paisagem. Há-as para todos os gostos e uma verde e com quatro pequenas estátuas, desenhada por Richard Wallace, existe também em Paris, onde a primeira das fontes Wallace foi colocada, em vários locais no Rio de Janeiro, em Lisboa e em outras cidades pelo mundo.
Chegamos a Lucerna ao entardecer e instalamo-nos no Château Gutsch (construído em 1888, tem 27 quartos, um bar, uma esplanada e um restaurante super panorâmicos). E não sei se poderia ter melhor vista sobre a cidade, os Alpes (com a montanha Rigi, acessível por comboio ou teleférico, em destaque), o lago e o rio Reuss e sobre ele a Kapellbrucke, a mais antiga ponte coberta em madeira da Europa.
Percorrê-la é passeio obrigatório, o que faço ainda nessa noite e depois de ler um pouco sobre a sua história (foi construída originalmente em 1333 como parte das fortificações da cidade, destruída por um incêndio no dia 18 de Agosto de 1993 e construída de novo, assim como recuperadas as pinturas do século XVII que a ornamentam). E novamente na manhã seguinte, um sábado, dia de mercado de frutas e legumes, queijos e outras iguarias, instalado em bancas ao longo do rio - e que funcionou toda a manhã apesar da chuva.
E em dias assim percebe-se melhor a utilidade das pontes cobertas pedonais: para além da mais célebre há outra ali perto, a Spreuerbrucke (e havia uma terceira do mesmo género, mas foi demolida no século XIX). Também ela, igualmente ornamentada com quadros de forma triangular, foi destruída (por umas cheias, em 1566) e depois feita de novo.
E de Lucerna prosseguiu a viagem para Gruyères, terra de queijos e de chocolate, de banhos termais (ver aqui) e de museus exóticos (há um dedicado ao Tibete, com uma colecção de arte sacra budista, e ao lado um outro que reúne as obras, tidas como delirantes e futuristas, do artista suíço H.R. Giger, criador de Alien), de lagos e de montanhas (bem, como toda a Suíça). E foi a segunda noite desta mini viagem on the road passada no Hôtel de Gruyères, que tem quartos para dois a partir de 150 francos suíços e vários hóspedes e empregados a falar português (que é a língua oficial pelo menos na cozinha).
Também se ouve falar português na rua principal, quase deserta ao final do primeiro dia e cheia de gente no dia seguinte, um domingo, quando a percorremos depois de visitar o antigo castelo dos condes de Gruyères. Construído durante a Idade Média (e mencionado pela primeira vez nos arquivos em 1244) e aberto ao público em 1938, tem uma rica colecção permanente (vale a pena dedicar algum tempo à cozinha ou à sala dos cavaleiros), exposições temporárias, actividades para crianças e um espectáculo multimédia que conta toda a História do lugar.
Genebra era o destino para a terceira noite e a viagem a partir de Gruyères fez-se não pelo caminho mais rápido mas com dois desvios: primeiro para Friburgo, em busca de um sítio para almoçar, depois para Montreaux, em busca de um castelo. E na super tranquila Friburgo, apesar das tentações (no snack bar Face a Face há vinhos do Douro e um anúncio colocado em cima de uma pipa que oferece bacalhau por 30 francos suíços, logo a seguir um restaurante tem um cartaz à porta onde se lê "Hoje a cabrito no forno e rojões"), acabamos por almoçar no concorrido asiático Teppan Yari (Rue des Boucher, 5), que tem um buffet de domingo com especialidades chinesas e japonesas (por 35 francos suíços).
Já tinha estado em Montreaux em 1993, a cidade do festival anual de jazz (que se realiza em Julho desde 1967) e local de residência de famosos como Igor Stravinsky, David Bowie ou Freddie Mercury (que tem direito a uma muito fotografada estátua), mas nessa altura tinha-me escapado o castelo de Chillon, construído sobre a água mesmo ali ao lado, em Veytaux. Desta vez, regressei por causa dele (que acabei por ver só por fora, por já ser tarde) e também por causa das belas montanhas cobertas de neve e do lago à volta.
Dou o tempo por muito bem empregue quando o carro se faz à estrada em direcção a Genebra (etapa que ficará para o próximo post) e olho para trás: não sei se haverá na Suíça muitas paisagens tão bem conseguidas como a que envolve este extremo do Lago Leman.
Informações sobre transportes, preços, horários e actividades na montanha Rigi, em Lucerna, aqui.
O Swiss Transport Museum (ou em alemão Verkehrhaus der Schweiz), é uma das principais atracções de Lucerna e um dos mais populares museus na Suíça. Informações sobre actividades e preços no site.
O Stadtkeller Restaurant (Sternenplatz, 3) e o Ristorante Barbatti (Topferstrasse, 10) são boas opções para jantar ou almoçar em Lucerna. O primeiro tem música ao vivo (com concertos pagos à parte) e pratos fortes como farmer sausage ou escalopes de porco com batatas fritas (a 23 e a 25,50 francos suíços). Ao segundo, onde escolhi um risotto de salmão (19 francos), vale a pena ir também pelo atendimento e pela decoração.
O restaurante Le Chalet é considerado o melhor restaurante de Gruyères para comer foundue de queijo (também há raclettes e outros pratos suíços). Requer reserva prévia pois está sempre cheio (tão cheio que não o conseguimos experimentar), o que pode ser feito no local, por telefone (+41 (0)269212154) ou e-mail (chalet@gruyereshotels.ch).
A fábrica de queijo La Maison du Gruyère, que tem também um restaurante e uma loja onde duas empregadas portuguesas nos explicam as diferenças entre os vários queijos para fondue à venda, pode ser visitada todos os dias na Place de la Gare, em Pringy-Gruyères. Mais informações aqui.
A fábrica de chocolate Maison Cailler, que produz a marca de chocolate suíço mais antiga, pode ser visitada em Broc, perto de Gruyères. Há ateliers de chocolate disponíveis, com reserva prévia.
Horários e mais informações sobre o Château de Gruyères, que está aberto todos os dias das 9h às 18h ou das 10h às 17h (de 1 de Novembro a 31 de Março), no site.
Horários e mais informações sobre o Château de Chillon, que está aberto todos os dias menos no Natal e Ano Novo (vários horários), aqui.
Comentários
Enviar um comentário