Maputo: há novas regras para ir à praia na Costa do Sol

Carlos Serra, advogado, professor universitário, activista ambiental e um empenhado recolector de vidros e plásticos deixados, por outros, nos areais, publicou na sua página do Facebook uma fotografia da primeira placa relativa à nova postura nas praias, colocada na Costa do Sol pelo  Conselho Municipal de Maputo. São 14 as proibições aí enunciadas (e há quem comente que "Do ponto de vista da comunicação, uma placa com 14 proibições é um exagero"), que vão do “É proibido deitar lixo no chão” ao ”É proibido ofender a moral e o pudor”, regra esta acompanhada de um sinal com a palavra sexo com um traço vermelho por cima. 

Entre uma e outra, é ainda proibido o uso de garrafas e utensílios descartáveis, fumar, vender e consumir álcool, fazer fogo, ter armas, fazer churrasco ("E agora as titias e os chickens?", preocupa-se alguém nos comentários, talvez sem saber que foi entretanto criada a AFRAMA - Associação de Vendedoras de Frango e Magumba da Praia da Costa do Sol, que prevê a construção de raiz de um mercado para a venda de frango no churrasco e do peixe que é uma espécie de sardinha), defecar e urinar, fazer poluição sonora (e o que vai ser dos carros transformados em discotecas móveis?), criar distúrbio, ter mau comportamento, usar veículo motorizado e acampar.

As praias ao longo da marginal, habitualmente zonas de farra e de convívio, onde os engarrafamentos podem ser longos nos fins de semana quentes ou colossais no feriado que assinala em Novembro o dia da cidade, viram os vendedores e as suas barracas serem retirados no início da pandemia, no âmbito de um projecto para mudar imagem da zona. Mas as novas regras não agradam a todos os moçambicanos, "um povo difícil", acha mais um comentador da publicação de Carlos Serra - que assume mesmo já ter cometido "excessos na praia". Há quem concorde com tudo menos com a impossibilidade de se fazer festa ou de se fumar ao ar livre (”Não seria melhor proibir deitar beatas para o chão?”, questionam). Quem ache que faltam sanitários públicos ("Uma cidade que exige bom comportamento sem casas de banho públicas só pode ser uma cidade mal comportada"), latas de lixo, sítios para colocar os materiais recicláveis e sobretudo educação ambiental. Ou quem ache que praia assim não é praia: é "cemitério" ou "igreja".


Abril 2017



Outubro 2019


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