Moçambique: documentário Sonhámos um País na RTP2
Em vésperas da comemoração de mais um aniversário da independência de Moçambique, que aconteceu a 25 de Junho de 1975, passa na RTP2 (hoje à noite, às 22h52) um documentário dos realizadores moçambicanos Camilo de Sousa e Isabel Noronha, que é uma espécie de viagem aos tempos da luta contra o regime colonial português. O filme O Homem Novo, entre a Luta e os Afectos, que estreou no DocLisboa 2019 com o título Sonhámos um País, acompanha o regresso de Camilo de Sousa, então a residir em Portugal, a Moçambique, onde encontra os camaradas de armas Aleixo Caindi e Julião Papalo, que conheceu na guerrilha e com quem partilhou a direcção do partido Frelimo na província de Cabo Delgado, a mais ao norte. Com os dois recorda os "tempos negros" que se seguiram à alegria da libertação, com a destruição dos sonhos e das ilusões de criar um "país justo", "um país livre e igual para todos os moçambicanos." (trailer aqui)
Camilo de Sousa nasceu na antiga cidade de Lourenço Marques, hoje Maputo, em 1953, e cresceu na Mafalala, que é também o bairro de Eusébio ou do poeta Craveirinha. No início dos anos 70 saiu de Moçambique para evitar ser preso pela PIDE pelo envolvimento na luta anticolonial e viajou pela Europa, sendo que no regresso a África se juntou à Frelimo, primeiro no centro de formação e treino para guerrilheiros de Nachingweia, na Tanzânia, depois na luta armada. A seguir à independência e após abandonar o partido, encontrou no cinema uma forma de lutar por uma sociedade mais justa: integrou o então acabado de criar Instituto Nacional de Cinema e tornou-se realizador. Isabel Noronha iniciou em 1984, então com 20 anos, o seu percurso no cinema. Assinou ao longo da carreira trabalhos como Ngwenya, o Crocodilo, sobre o pintor Malangatana, Melhor Documentário de África, Ásia e América Latina no Festival de Milão em 2007, ou A Mãe dos Netos, um filme que mistura documentário e animação para abordar o drama da sida no país e contar a história de uma avó que ficou com 14 crianças órfãs ao seu cuidado, depois da morte do filho e das suas oito mulheres (mais informações sobre o seu percurso no site CinAfrica).
Ivone Ralha/Midas |
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