Diário do regresso a Moçambique, dias 26 a 28 - Kruger Park, África do Sul
Foi sobre o Kruger National Park, o maior dos parques nacionais da África do Sul e aberto aos visitantes desde 1929, a primeira publicação deste blogue, a 12 de Novembro de 2013, ainda a título de exercício. A estreia no Kruger tinha sido em Agosto desse ano, altura em que percorremos ao longo de três dias e em carro próprio, em modo self drive safari, parte dos 19.633 quilómetros quadrados da área do parque. A partir daí, perdi a conta às vezes em que lá estive. Mas nenhuma foi igual. Em Novembro de 2014 regressei por uma meia dúzia de horas a caminho de um fim de semana de compras em Nelspruit, em Abril de 2016 por dois dias, em Agosto desse ano vi leões lá pela primeira vez, eram cinco à beira da estrada e à volta de uma carcaça. E até ao final de 2019 fomos levando ao Kruger todos os amigos que nos visitaram em África.
Neste regresso, o Kruger tinha água em abundância, nos rios e nos riachos, depois de chuvas intensas terem provocado cheias graves em Moçambique e na África do Sul, e tinha também algumas restrições para os visitantes. A porta de Crocodile Bridge, a mais próxima de Maputo e da fronteira de Ressano Garcia, estava encerrada, o Talamati Bushveld Camp, a nossa escolha para uma noite e que já conhecíamos de outra viagem, estava inacessível e era proibido circular em quase todas as estradas de terra batida e na asfaltada que liga Lower Sabie a Skukuza.
Mesmo assim, percorremos o parque – éramos 8 numa carrinha Toyota, que mais parecia um "chapa" – ao longo de três dias. No primeiro, fizemos uma volta pelo sul a partir da porta de Malelane, com almoço no campo de Ber-en-Dal e saída novamente por Malelane Gate para uma noite numa casa localizada dentro da Mjejane Game Reserve. No segundo, almoço em Skukuza, campo assim chamado por causa do primeiro guarda da caça na África do Sul, o escocês James Stevenson-Hamilton (skukuza significa "aquele que varre até ficar limpo", o que no caso tinha a ver com o seu combate à caça ilegal), e noite em Satara, onde ao pôr do sol e quase à porta do campo dez leões, entre um macho, fêmeas e crias, esperavam por nós. No terceiro, rumámos, depois de alguma chuva, ao campo situado junto ao rio Olifants, onde preparámos o jantar na mini cozinha que alguns bungalows têm no alpendre. E na última manhã, deixámos o Kruger rumo ao Parque Nacional do Limpopo e a Moçambique, com saída pelo posto fronteiriço de Geriondo, o que foi uma estreia e uma aventura em termos de condução. Mas isso ficará para o próximo post (aqui).
O Kruger, que se calcula ter 336 espécies de árvores e ser habitado por 507 espécies de aves, 147 de mamíferos, 114 de repteis, 49 de peixes e 34 de anfíbios, tem cerca de 850 quilómetros de estradas asfaltadas e 1444 em terra batida. Nas primeiras a velocidade máxima permitida é de 50 quilómetros à hora, nas segundas 40. Mas 25 é a velocidade aconselhada para uma melhor observação da caça.
As portas do Kruger abrem às 5h30 (nos meses de Janeiro a Março e de Outubro a Dezembro) ou às 6h (de Abril a Setembro) e encerram às 17h30 (Maio, Junho e Julho), 18h (Março, Abril, Agosto, Setembro e Outubro) ou 18h30 (Janeiro e Fevereiro, Novembro e Dezembro). Os visitantes devem sair do parque até ao horário de fecho ou dar entrada até essa hora no respectivo alojamento.
A oferta de alojamento dentro do Kruger é constituída por 12 campos principais, os "main rest camps", que têm loja e restaurante (e quatro deles têm também "campos satélites"), por 5 "bushveld camps", mais remotos, sem qualquer tipo de serviço, como o nosso encerrado Talamati, dois refúgios muito básicos e ainda "bush lodges" e "luxury lodges", estes com cinco estrelas (toda a informação aqui). Fora do parque e nas proximidades das portas de entrada a oferta é abundante. Neste regresso, a primeira noite foi passada numa casa com capacidade para dez dentro da Mjejane Game Reserve, em Hectorspruit, a Ngalas Rest 101, reservada no Booking (por 5500 rands, cerca de 280 euros para todos). As duas noites seguintes foram passadas nos campos de Satara e Olifants (onde há bungalows para dois a partir de 1396 rands, cerca de 71 euros).
No Kruger há ainda um alojamento recente que merece destaque, nem que seja para ser visto do restaurante do campo de Skukuza. Chama-se Kruger Shalati – The Train on the Bridge e tem 24 quartos em carruagens sobre uma ponte, com paredes de vidro e vistas sobre o rio Sabie, sete Casas da Ponte e uma piscina como que suspensa num dos pilares. Os preços, que incluem refeições e dois safaris por dia, são de 9950 rands (506 euros) por pessoa partilhando um quarto duplo para as carruagens (ou de 7750 rands, 395 euros, para provenientes de países SADC). E de 7650 rands (389 euros) para as casas (6250 rands, 318 euros, com desconto SADC). Mais informações e reservas aqui.
O parque pode ser percorrido de carro por conta própria, do qual não é permitido sair, a não ser nas áreas previstas. Ou de carro, a pé ou de bicicleta na companhia de guias. Nos campos principais podem ser reservados safaris de madrugada ou ao pôr do sol (383 rands por pessoa, duração de três horas), à noite (292 rands, duas horas), caminhadas à beira rio ou de madrugada (383 ou 658 rands, duas ou quatro horas, para maiores de 12). E também estão disponíveis passeios de bicicleta ou a possibilidade de fazer um braai (churrasco) no mato.
O posto fronteiriço de Giriyondo funciona das 8h às 15h de Abril a Setembro e das 8h às 16h de Outubro a Março. O Parque Nacional do Limpopo tem um custo de acesso de 400 meticais para visitantes moçambicanos ou residentes e de 900 para estrangeiros e de 1000 meticais por viatura.
Mais informações sobre o Kruger e reservas disponíveis no site San Parks.
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