Diário do regresso a Moçambique, dias 17 e 18 - Ilha de Moçambique

Ao oitavo dia, estadia quase a terminar, choveu na Ilha, o que deu direito a um convite para um chá em casa da amiga Vera. Mas foi um "chá" que se havia de transformar num vinho do Douro e num encontro onde também esteve  Bruno, 82 anos, dono do Jardim dos Aloés, um alojamento de charme no Bairro do Museu. Bruno, um dos três italianos que vivem na Ilha (conta que já foram sete), está em Moçambique desde a independência, tendo trabalhado para a FAO, e  há dez anos que escolheu como casa a primeira capital do país. E onde também esteve Sara, uma veterinária portuguesa que trabalha para a clínica AWI - Animal Welfare Ilha, vacinando e esterilizando os cães e os gatos ilhéus. 

À noite, embora não ressacados com o lanche, jantámos (como sempre) na barraca da Saquina, mesa posta na praia, pés descalços no areal, e comemos babalazes, umas salsichas que têm fama de fazer bem a quem bebeu demais (babalaze significa ressaca em changana e pelos vistos também em macua, a língua falada na Ilha). Saquina, a nossa cozinheira preferida (brevemente publicarei o seu retrato por aqui), fazia anos no dia seguinte, o da nossa partida, e quis celebrar connosco de véspera, mandando vir de Nacala as salsichas picantes para grelhar e fazendo mais uns petiscos. Foi bom celebrar com ela a chegada dos 44.

No último dia, antes de rumarmos a Nampula, numa viagem de carro que demorou mais de duas horas, e depois a Maputo, num voo da LAM, demos uma última volta a pé pela Ilha, em jeito de despedida. Passámos pela Mesquita Bilal e pela sua madrassa, pela Mesquita Central, em obras, e pela Escola Maometana, pelo Pátio dos Quintalinhos, que é a guest house do Gabriel, outro dos italianos da Ilha, pelo mercado do peixe, transformado nessa manhã em lugar para tomar o mata bicho, pela praia dos pescadores, onde um cartaz anuncia o Plano de Gestão da Pesca Artesanal (com as artes e as espécies proibidas e as espécies permitidas), e pelo mercado que às segundas e quintas tem lugar na contra costa, perto da Igreja de Santo António (aos domingos é no Lumbo, na parte continental). Desta vez não fomos até ao Wixutta Knowledge Centre, ali perto, um projecto da fotógrafa Moira Forjaz que se encontrava a recrutar, via Facebook, um professor de canto coral. Tivera eu dotes vocais e ainda tentava ficar na Ilha por mais uns tempos.

















































P.S. - Babalaze é também um álbum de 2007 de Edson da Luz, conhecido como Azagaia, e que perdeu a vida, aos 38 anos, no último dia 9. 
RIP Mano Azagaia ou "Rapper do Povo".

Comentários

Mensagens populares