Em São Diego, a cidade mais antiga e mais a sul da costa da Califórnia, quase a bater na fronteira mexicana de Tijuana e à beira de duas baías, a San Diego Bay e a Mission Bay, chegámos ao fim da Pacific Coast Highway. E depois de quatro dias felizes em São Francisco, onde havíamos de voltar no final do roteiro, e de dois em Los Angeles, que tem fama de não ser fácil de visitar e de amar à primeira vista, São Diego foi mais uma etapa boa da viagem de 40 dias pelos Estados Unidos (reportagem aqui). A volta pela cidade, que tem casas vitorianas e arranha céus, quilómetros de praia e bases navais e aéreas como a Miramar, que inspirou o filme Top Gun, começou pela Coronado Island, onde fica o Hotel Del Coronado, que tem tanto de charme como de gente famosa na lista de hóspedes e visitantes, e o Coronado Ferry Landing, zona de cafés e restaurantes e de onde se tem a melhor vista para o downtown skyline. E havia de prosseguir pelo Gaslamp Quarter, o centro histórico, pelo Old Town San Diego State Historic Park, antigo bairro do tempo da colonização espanhola e agora uma espécie de museu a céu aberto, o Heritage County Park, um conjunto preservado de casas e edifícios que já estiveram noutras localizações. E ainda pelo Embarcadero, onde fica o Maritime Museum of San Diego e onde está estacionado o USS Midway, um porta aviões gigante da Marinha dos EUA, que foi usado na guerra do Vietname. Na falta de tempo, vejam-se os navios mesmo que só por fora, de preferência com o sol a pôr-se.
Mas foi ao Balboa Park, um parque público com 18 museus, jardins (como o Japanese Friendship Garden), teatros, espaços para concertos ao ar livre, um afamado Zoo, trilhos para corrida ou caminhada e ainda edifícios construídos para as grandes exposições Panamá - Califórnia de 1915 (para comemorar a abertura do canal do Panamá) e California Pacific International Exposition de 1935, que dedicámos uma boa parte do tempo da estadia. Aí, fomos recebidos pelos voluntários Dean, que já esteve em Portugal, em Lisboa e na Nazaré, e Joanne, que ainda não esteve mas que tem amigos americanos a viver no Douro, e pelas sugestões que nos assinalaram num mapa. E que fomos usando ao longo de três dias, enquanto nos íamos cruzando com um tocador de clarinete, um mágico, um caricaturista, um homem estátua, uma rapariga a tricotar e a vender peças em crochet (talvez namorada do homem estátua), outra que convidava quem passasse a dançar num círculo desenhado por si no chão ("Dance Here"), testemunhas de Jeová que anunciavam, ao lado do Fleet Science Center e logo de manhã cedo, classes de Bíblia grátis, gente que passeava cães ou uma menina que fazia por ali a sessão fotográfica da sua quinceañera.
E no que respeita aos museus há-os no Balboa para todos os gostos. O Natural History Museum apresenta peças de uma colecção de mais de oito milhões de espécies, entre animais e plantas, minerais e fósseis, reunida ao longo de mais de 140 anos; o The San Diego Museum of Art tem quadros de Picasso e de outros mestres europeus; o Mingei Internacional Museum exibe peças de diferentes períodos e culturas (um vestido usado no Afeganistão pelo povo kuchi, uma saia usada por homens da étnia xhosa na África do Sul) e uma obra colectiva de homenagem aos mais de 25 milhões de refugiados que se calcula existirem no mundo; no Air and Space Museum há um módulo da Apollo 9 e uma rocha trazida da lua; o San Diego Automotive Museum apresenta o "Louie Mattar's Fabulous Car", um Cadillac de 1947 que em 1952 viajou de San Diego para Nova Iorque e de Nova Iorque para San Diego sem nunca parar e mais tarde de Anchorage, no Alasca, para a Cidade do México (ver toda a história
aqui), no Museum of Photographic Arts, o único
pay waht you wish do Balboa, é o visitante convidado a fazer uma original
selfie (ver programação
aqui); no Museum of Us, que até 2020 foi o San Diego Museum of Man, apresenta-se o projecto
Post Secret, criado em 2004 por Frank Warren e no qual participantes anónimos partilham segredos nunca antes revelados: "I emailed my dad's gay lover when my dad pass away. My mom+sister didn't know he was gay" ou "I lie to my gynocologist about everything".
São Diego e arredores tinham ainda mais para ver. Mas não houve tempo para visitar o farol, o cemitério militar de Fort Rosecrans e o Cabrillo National Monument, local onde os europeus atracaram em 1542. Ou para dar um salto à reserva natural de Point Loma, que tem trilhos para caminhada com vistas para o Pacífico. Entre três idas ao Balboa Park, aproveitámos a cidade almoçando no City Tacos em Pacific Beach (e a estação balnear de La Jolla ali ao lado) e jantando duas vezes no The Fish Market, restaurante que tem pratos de peixe, camarões ou caranguejo e que fica à beira mar, logo a seguir à escultura Embracing Peace, de Seward Johnson, obra inspirada nas comemorações do fim da II Guerra Mundial ocorridas na Times Square, em Nova Iorque, em Agosto de 1945. Ou com uma ida ao Las Americas Premium Outlets, em San Ysidro, mesmo colado à fronteira, EUA de um lado, México do outro, migrantes do lado de lá do muro abanando os braços para chamar a atenção, lojas como a Michael Kors, Lacoste ou Boss do lado de cá. E a viagem havia de seguir para o Joshua Tree National Park, o início de uma espécie de maratona por uma dúzia (e mais um) de parques nacionais.
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Esta viagem de 4859 milhas (ou 7820 quilómetros) pelos Estados Unidos foi feita num carro alugado na Sixt para 36 dias, um BMW 330E, que custou o equivalente a 2200 euros (56,41 euros por dia). Estacioná-lo em São Diego envolveu alguma paciência: os estacionamentos pagos são caros ou muito caros e no centro da cidade há locais onde não se pode estacionar em alguns dias e em alguns horários, sobretudo durante a noite, por causa da limpeza das ruas. Estacionar no Balboa Park foi fácil e gratuito.
As três noites em São Diego foram passadas num quarto do prédio The Chadwick (646, A Street, a uns 4 quilómetros do Balboa Park) e o preço para três noites para dois ficou em Maio de 2023 por 300 dólares (cerca de 275 euros), reserva feita no Booking. Na mesma plataforma, quartos no mesmo edifício aparecem agora por 1109 euros para um mínimo de duas noites.
No
site do Balboa Park há informações sobre o que visitar, qual a programação a acontecer, os horários e os dias de abertura dos diversos espaços e museus (o Air and Space Museum e o Natural Histpry Museum estão abertos todos os dias, o Museum of Us funciona de quarta a domingo, o San Diego Museum of Art fecha à quarta) e o preço dos bilhetes disponíveis. É possível comprar bilhetes individuais para cada museu (o Museum of Us custa 19,95 dólares, o Natural History Museum 22, o Fleet Science Center 24,95) ou em alternativa um passe para um dia incluindo quatro museus (56 dólares para um adulto), um passe para sete dias consecutivos incluindo 16 museus (67 dólares, a nossa opção) ou um passe válido por um ano (129 dólares). O
San Diego Zoo, com preços para adultos a partir de 68 dólares por dia, não está incluído nos passes.
O
Maritime Museum of San Diego é composto por nove navios, entre eles a "estrela" Star of India, restaurado depois de 1958, e ainda por mais de 20 mil objectos, modelos e uma biblioteca. Os bilhetes custam 24 dólares para maiores de 18 e estão disponíveis no site.
É possível chegar à ilha de Coronado atravessando a ponte Coronado de carro ou a baía num dos
ferryboat da Flagship Cruises & Events, empresa que presta esse serviço desde 1886. O percurso liga o Broadway Pier ou o Convention Center a Coronado Ferry Landing e os bilhetes custam 8 dólares (preço para maiores de 4, disponíveis
aqui).
Mais sobre esta viagem aqui (40 dias pelos EUA), aqui (São Francisco), aqui (de São Francisco a Los Angeles, pela costa do Pacífico) e aqui (Los Angeles). Seguir no Facebook ou no Instagram para acompanhar publicações futuras.
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