#6 Quarenta dias pelos EUA: ultra maratona de parques e canyons
Beleza natural e maravilhas geológicas é o que não falta no Oeste Americano ou nos 63 parques nacionais que existem nos EUA. E nesta viagem de 40 dias, que passou pelos Estados da Califórnia, Arizona, Utah e Nevada, riscámos da lista dez national parks, dois nacional monuments e um tribal park gerido pelos índios navajo, o tão belo quanto poeirento Monument Valley, cenário de muitos filmes de Hollywood. Fomos de Joshua Tree a Yosemite, passando pelo mítico e enorme Grand Canyon, pelo Capitol Reef e pelas suas tartes de cereja, pelos Arches e os seus arcos naturais em pedra ou pelo Death Valley, reconhecido oficialmente como o lugar mais quente da Terra e onde a temperatura chegou em Maio de 2023 aos 110 graus fahrenheit (44 celsius). Mas ficou a faltar ainda o mais antigo parque do mundo (criado em 1872) e o maior dos Estados Unidos, Yellowstone. Localizado nas Montanhas Rochosas, tem desfiladeiros, florestas, rios e cerca de 200 géisers em grande actividade, com destaque para o famoso Old Faithful. O que será uma boa razão para regressar.
Joshua Tree National Park, Califórnia
"Do not die today", pede o National Weather Service em cartazes colocados no início de cada trilho no Joshua Tree, um parque nacional localizado nos desertos do Colorado e de Mojave e onde crescem as fotogénicas joshua tree que lhe dão o nome, árvores que pertencem à família das yuccas. Não morremos nós nem aparentemente um homem de uns 40 e pouco que encontrámos num caminho cheio de "degraus" em pedras, acompanhado de um cão (são proibidos nos trilhos), um andarilho e uma garrafa de oxigénio.
Classificado pelo Presidente Franklin D. Roosevelt em 1936 como National Monument e em 1994 transformado em National Park, o Joshua Tree tem formações rochosas esculpidas por ventos fortes e ocasionalmente por chuvas torrenciais e é habitado por tartarugas ou iguanas do deserto e procurado por praticantes de escalada. Fica a cerca de 130 milhas de Los Angeles (209 quilómetros) e a 160 de São Diego (257 quilómetros) e tem disponíveis três centros para receber os visitantes: o Jushua Tree Visitor Center (o nosso ponto de entrada, chegados de São Diego), o Cottonwood (o nosso ponto de saída, rumo a Kingman e ao Grand Canyon) e ainda o Oasis.
Mais informações sobre o Joshua Tree aqui.
Grand Canyon National Park, Arizona
Num artigo da National Geographic, de 2019, sobre o que fazer no Grand Canyon, lê-se que menos de 5 por cento dos visitantes (e são cerca de 5 milhões por ano) se aventuram para longe do topo do desfiladeiro. Não sabem o que perdem. O Grand Canyon, esculpido pelo rio Colorado e com os seus 466 quilómetros de comprimento, 28 de largura máxima e 1,2 de profundidade média, merece ser visto de todos os ângulos, de todos os lados. Nós entrámos canyon adentro percorrendo o trilho Kaibab até à ponta Ooh Aah e no regresso encontrámos um grupo de visitantes, talvez ainda mais cansados do que nós, que tinha descido até à ponte sobre o Colorado, a Navajo Bridge, ao longo de oito horas. Percorremos ainda os cerca de 20 quilómetros do Rim Trail, passando pelo Pipe Creek Vista, a Mather Point, o Trailview Overlook, a Maricota, Powell, Hopi ou a Mohave Point, com vista para as formações de rochas avermelhadas ou de xisto argiloso esverdeado em camadas, que revelam dois mil milhões de anos de história geológica. Sempre do lado do south rim, que a parte norte ainda não tinha reaberto para nova temporada.
O Grand Canyon, que é maior em área do que o Estado norte americano de Rhode Island, também pode ser percorrido de bicicleta, a cavalo ou de mula, num safari off road, fazendo rafting no Colorado ou visto de cima, num voo de avião ou de helicóptero. E é tão grande que vale a pena dormir pelo menos uma noite por ali. Nós ficámos no The Yavapai Lodge, construído em 1956 e agora com 358 quartos que se integram bem na paisagem. O que deu tempo para visitar também o delicioso Kolb Studio, uma construção de 1905 feita bem à beira do lado sul do desfiladeiro e onde se conta a história dos irmãos Kolb, aventureiros e pioneiros da fotografia no Grand Canyon.
Mais informações sobre o parque, Património Mundial da UNESCO, aqui.
Petrified Forest National Park, Arizona
Chegámos ao Petrified Forest National Park vindos de Flagstaff, sempre acompanhados pela linha férrea do lado esquerdo da estrada e passando entretanto muito perto da cratera formada há uns 50 mil anos pela queda de um meteorito (a Barringer Crater, também conhecida como Meteor Crater, propriedade privada da família Barringer, mas que pode ser visitada), por uma casa barco a ser deslocada, pelo Little Colorado River ou por uma placa que indicava já estarmos no Navajo Country, terra dos índios navajo.
O parque da floresta petrificado, localizado entre a estadual 180 (a nossa porta de entrada, junto ao Rainbow Forest Museum) e a interestadual 40 (por onde saímos umas horas depois, via Painted Desert Visitor Center e rumo ao Canyon the Chelly), tem um deserto pintado pelo tempo e pela erosão e formações de madeira petrificada com milhões de anos, que os visitantes são convidados a deixar no local – no museu, há uma carta de 1932 de alguém a devolver uma "pedra" levada e a pedir desculpa por o ter feito. A Petrified Forest tem também um Newspaper Rock, um conjunto de petróglifos com mais de 2000 anos, a Agate Bridge, que é uma "ponte" petrificada, uma meia dúzia de trilhos para caminhada (o mais longo tem pouco mais de três quilómetros) e um velho Studebaker dos anos 30 a assinalar o local por onde passou em tempos a histórica 66.
Todas as informações sobre o parque, que está aberto das 8h às 17h, podem ser consultadas aqui.
Canyon the Chelly Nacional Monument, Arizona
O Canyon the Chelly, classificado como National Monument desde 1931 e localizado em plena reserva dos índios navajo, estava quase deserto, pelo que o tivemos praticamente só para nós. Chegámos ao centro de acolhimento aos visitantes às quatro e tal da tarde e já não havia por ali ninguém (era suposto estar aberto das 8h às 17h e o canyon do sunrise ao sunset). Enquanto percorremos as 37 milhas (cerca de 59 quilómetros) da South Rim Drive, com vistas panorâmicas sobre o desfiladeiro, apenas encontrámos duas turistas americanas de Tampa, na Flórida, acompanhadas por um cãozinho, e dois ou três vendedores de artesanato, um homem que fazia colares e pulseiras e uma mulher, dentro de um carro, que aproveitava talvez a falta de clientes para lavar os dentes. Sorriu e disse-nos adeus.
Depois de uma noite no Thunderbird Lodge, não podíamos deixar Canyon the Chelly sem dar um salto ao ponto de onde se avista Mummy Cave, na parte norte do desfiladeiro, já a dar para o Canyon del Muerto. E foi o que fizemos na manhã seguinte, enquanto lamentávamos estar encerrado, por razões de segurança provavelmente relacionadas com o degelo da Primavera, o White House Trail, um trilho circular de 2,5 milhas que é a única possibilidade de entrar no canyon por conta própria, sem ser necessário permissão e acompanhamento de um guia navajo. A Mummy Cave é um conjunto impressionante de ruínas de casas que foram construídas nas paredes do canyon e que foram habitadas até por volta de 1300. Ao longe, parecem minúsculas de tão grande que o desfiladeiro é.
Mais informações sobre Canyon the Chelly, que tem entrada gratuita mas que pode também ser visitado em passeios pagos a pé, a cavalo ou em 4x4 (como com a Canyon the Chelly Tours), aqui.
Monument Valley Navajo Tribal Park, Utah e Arizona
Localizado no Planalto do Colorado e em plena Navajo Nation, entre o sul do Utah e a fronteira norte do Arizona, o Monument Valley foi casa dos pioneiros Harry Goulding e da sua mulher, que em 1923 ali instalaram um tradind post e mais tarde uma estalagem, e local para as filmagens de Fort Apache, Rio Grande ou Cheyenne Autumn, de John Ford. Ou ainda de Lone Ranger, de 2013, com Johnny Deep, ou de Transformers.
O Monument Valley, que ocupa uma área de 120 quilómetros quadrados e se visita percorrendo de carro uma estrada poeirenta de 15 milhas (24 quilómetros) ou fazendo alguns percursos a pé (como o Wildcat Trail ou o Lee Cly Trail) ou a cavalo, tem formações rochosas gigantes em vários estados de erosão (mesa, butte ou spire, sendo que mesa é o primeiro estado e monte e pináculo os segundo e terceiro), que são um belo espectáculo da natureza. West Mitten Butte, considerada uma das paisagens mais filmada e fotografada do mundo, East Miltten Butte, Merrick Butte, Totem Pole, Elephant Butte, Three Sisters ou Rain God Mesa são algumas dessas formações.
Mais informações sobre Monument Valley, parque gerido pela Navajo Nation Parks & Recreation e que tem um custo de entrada de 8 dólares (não estando incluído nos passes do National Park Service), aqui.
Grand Staircase Escalante National Monument, Utah
O Grand Starcase Escalante, classificado como National Monument em 1996 pelo Presidente Bill Clinton, não é um sítio fácil de visitar, alerta o folheto com as day trips disponíveis dado no Kanab Visitor Center: é "primitivo", "remoto", "implacável", sem rede telefónica, sem caminhos marcados, mas também "recompensador". Mas entre Monument Valley, com uma paragem no Horseshoe Bend, que é uma "curva" em forma de ferradura esculpida no Glen Canyon pelo rio Colorado, e o Bryce Canyon, tivemos pouco tempo para lhe dedicar: apenas uma espreitadela a um túnel fotogénico localizado por baixo da estrada onde seguíamos, e que serve habitualmente para escoamento das águas da chuva, e a escalada até umas grutas escavadas na rocha, à volta de Kanab. Não chegámos a subir ao Kaibab Plateau, a sul, considerado o melhor sítio para ver o Grand Staircase, que é uma imensa sequência de camadas de rochas sedimentares com muitos milhões de anos. Depois da visita a Bryce Canyon, havíamos ainda de percorrer parte da sua área a caminho do Capitol Reeef National Park, via a Scenic Byway 12 e passando pela Dixie National Forest, na altura ainda com neve.
Mais informações sobre o Grand Starcase Escalante, que tem vários centros de visitantes e entrada gratuita, aqui.
Bryce Canyon National Park, Utah
No dia em que explorámos o Bryce Canyon, um anfiteatro natural cheio de hoodoos, que são colunas irregulares de rocha alaranjada também conhecidas por chaminés de fadas, e na altura ainda com neve, acordámos no Riverside Ranch com uma sensação térmica de 4 graus. Nós, vestidos com blusões de penas e Douglas, o dono do rancho, de calções e manga curta. Mas umas horas depois ainda havíamos de sentir calor ao percorrer o Queens Garden Trail, um trilho que entrou para o top dos mais belos entre todos os já percorridos.
O Bryce Canyon, que o ano passado comemorou 100 anos, tem só uma porta de entrada e visita-se percorrendo de carro ou no shuttle gratuito (geralmente disponível de Abril a Outubro) as 18 milhas (28,9 quilómetros) que vão do Visitor Center até Yovimpa Point, passando por Sunrise Point, Sunset Point, Inspiration Point, Natural Bridge e, quase no final, por Rainbow Point, o ponto mais alto do parque, que atinge os 9115 pés (2779 metros). Visita-se também a pé, sendo que há uma quinzena de trilhos que vão do grau de dificuldade fácil a extenuante. Do Sunrise Point pode alcançar-se o Rim Trail, que no total tem 11 milhas (17,7 quilómetros) ou o Queens Garden, do Sunset sai-se para o Navajo Loop, fechado pelo perigo de queda de pedras quando por ali andámos, do Bryce Point para o Peekaboo Loop, que tem 5,5 milhas (7,9 quilómetros) e que também pode ser percorrido a cavalo.
Mais informações sobre o parque, que oferece programas nocturnos para observação das estrelas (o Night Sky) ou conversas e visitas guiadas com rangers, aqui; mais informações sobre a formação de hoodoos e alguns sítios no mundo onde podem ser vistos aqui.
Capitol Reef National Park, Utah
O Waterpocket Fold, uma formação geológica que se estende por 100 milhas (160 quilómetros) e que é uma espécie de "ruga" na Terra, e os gelados caseiros e as tartes de fruta que se vendem na histórica Gifford House (escolhemos uma de cereja) são as duas maiores atracções de Capitol Reef, um parque nacional que tem também um rio, o Freemont, desfiladeiros, falésias, pontes, cúpulas (dizem que a Capitol Dome, que deu o nome ao parque, faz lembrar o Capitólio dos EUA), petróglifos e pictogramas pintados nas rochas e pomares de macieiras, amendoeiras ou pessegueiros cuja origem remonta à década de 1880, altura em que dez famílias de mórmons se instalaram por ali. E tem ainda, como qualquer parque norte-americano, trilhos para caminhada, mais de uma dezena, que vão dos 200 metros (o Goosenecks, para ver as vistas do canyon) aos 7,6 quilómetros (o Navajo Knobs). Fizemos os quase dois quilómetros do Capitol Gorge, em busca de uns "tanques" que acumulam a água das chuvas e do degelo, e ao longo do percurso fomos ouvindo alguns "Hi", "Hello" ou "Hello again".
O Capitol Reef, que é terra de neve no Inverno, calor excessivo no Verão e de inundações sazonais, é parque nacional desde 1971 (antes disso foi National Monument). Visita-se percorrendo uma estrada alcatroada de 8 milhas (12,8 quilómetros), a Scenic Drive, que não é um loop, pelo que tem de ser feita duas vezes, e também a State Route 24. Nesta, obrigatório parar na parede de petróglifos e na antiga escola, construída em 1896 e na qual a professora Janice Totgenson ensinou durante o ano de 1934, em troca de um salário de 57 dólares por mês. Fora do edifício em madeira, de uma só divisão, há um painel com as recordações da professora, que também podem ser ouvidas numa gravação: Janice lembra-se de na escola não haver electricidade, de só haver livros esfarrapados, de um dia lhe terem "oferecido" uma serpente morta ou da festa surpresa que lhe fizeram no dia em que deixou a povoação de Fruita.
Mais informações sobre o Capitol Reef, que no dia da nossa passagem tinha actividades gratuitas como uma visita à escola (cedinho, às 8h30) ou conversas sobre arqueologia e geologia, aqui.
Arches National Park, Utah
Ao décimo parque visitado, mais de 2500 milhas (cerca de 4000 quilómetros) percorridas de carro, encontrámos no Arches a maior concentração de arcos naturais em pedra do mundo, mais de 2000, esculpidos em grés cor de laranja por milhares ou milhões de anos e pela erosão. Por ali, percorremos de carro a estrada de 18 milhas (29 quilómetros) que atravessa o parque e andámos a pé mais de uma dezena de quilómetros, em busca de formações que desafiam a gravidade (como o Balanced Rock), de dunas petrificadas, de formações que fazem lembrar elefantes ou um rosto humano e dos arcos mais fotogénicos: o Delicate, o Double, os da North e South Windows ou o Landscape, que é o mais largo do parque e que sofreu um colapso parcial em 1991. E foi junto ao Landscape, no Devils Garden, que encontrámos uma família alargada de hispânicos, todos com t-shirts iguais e com a legenda "Making memories together. Family vacations 2023".
Mais informações sobre o Arches, que tem entrada pela US HWY 191, cinco milhas a norte da cidade de Moab, onde há restaurantes e hotéis por todo o lado, aqui. O parque está aberto todo o ano mas tem em vigor desde 2023 um sistema de reserva prévia, com escolha de horário, para quem visita o parque entre 1 de Abril e 31 de Outubro.
Zion National Park, Utah
Em três dias de Zion, um parque nacional que tem um canyon com paredes altíssimas de cor alaranjada (por causa do ferro que as rochas contêm) e um vale verde por onde corre o rio Virgin, andámos quase trinta quilómetros e quase subimos à terra dos anjos, o que no caso equivale a uma altura de 1488 pés ou de 453 metros. Fizemos o trilho Scout Lookout, classificado justamente como extenuante e porta de acesso do caminho que escala a formação rochosa Angels Landing, que ficou por fazer. Não por ser preciso uma autorização prévia (que pode ser tratada aqui), mas porque tínhamos ainda mais Zion para ver, mais viagens para fazer, mais vida para viver. O Angels Landing, onde até 2023 terão morrido 16 pessoas (informa o Google), é talvez o mais perigoso e mortal trilho dos EUA.
Localizado no planalto do Colorado e a cerca de três horas de carro de Las Vegas, o Zion é uma área habitada por leões da montanha, tartarugas do deserto, nove espécies de morcegos, veados, esquilos, falcões peregrinos ou condores da Califórnia. Tem como grande atracção, para além do Angels Landing, o The Narrows, um caminho de cerca de 15 quilómetros pelo rio Virgin, onde as flash flood são frequentes e que em 2010 viu o seu caudal aumentar 20 vezes. Estava encerrado precisamente por causa do elevado volume de água quando por lá andámos e talvez tenha sido melhor assim. Teria sido grande a tentação para o fazer.
Mais informações sobre o Zion, que disponibiliza durante a maior parte do ano um autocarro gratuito que percorre as nove paragens da Zion Canyon Scenic Drive (altura em que os carros particulares não são por ali permitidos), aqui.
Death Valley National Park, Califórnia e Nevada
Sobrevivemos ao Death Valley, considerado oficialmente o lugar mais quente da Terra, o mais seco dos Estados Unidos e o local mais baixo em relação ao nível do mar da América do Norte. Apanhámos 42 graus celsius (108 fahrenheit), uma tempestade de vento e até chuva, que é uma coisa raríssima por ali. O Vale da Morte, terra de extremos, onde no Verão a temperatura pode atingir os 57 graus e no Inverno ir até aos 10 negativos, é território habitado há séculos pelos índios timbisha shoshone e tem centenas de minas abandonadas, pois foi zona de exploração de ouro, de talco e sobretudo de bórax, também conhecido por borato de sódio. O seu nome tem origem numa tragédia relacionada com a corrida ao ouro, quando mais de 100 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, tentaram encurtar caminho atravessando este vale desértico. Aconteceu no dia de Natal de 1849.
O Death Valley, onde abundam os nomes sinistros como Hells Gate (Porta do Inferno), Coffin Peak (Pico do Caixão) ou Funeral Mountains (Montanhas Funerárias), tem como atracções principais a Badwater Basin, uma planície branca e salgada que fica a 282 pés (85,5 metros) abaixo do nível do mar, a Artists Drive ou Artist´s Palette, que é um loop de 9 milhas (14,5 quilómetros) entre colinas "pintadas" de várias cores, a Zabriskie Point, que faz lembrar uma paisagem lunar e é um dos melhores locais para ver o pôr do sol, a Harmony Borax Works, onde se encontra o histórico vagão que era puxado por 20 mulas, a cratera vulcânica de Ubehebe ou as dunas de areia de Mesquite Flat, onde um sinal de Stop alerta que não se deve caminhar por ali depois das 10h.
Há uma quinzena de acampamentos em Death Valley, uns mais sofisticados, outros mais rudimentares, uns abertos todo o ano, outros fechados no Verão ou no Inverno. E também um hotel caro com restaurante, o Ranch at Death Valley, mesmo dentro do parque e rodeado por um oásis de palmeiras. Nós optámos por passar a noite no Amargosa Opera House & Hotel, em Death Valley Junction, um alojamento centenário, com um bom preço e carregado de história. Por ali viveu, desde 1967 e até à sua morte, a bailarina, coreografa e pintora nova iorquina Marta Becket (1924 – 2017). A Amargosa Opera House, onde actuou durante décadas, mesmo quando não havia público, pode ser visitada, mediante uma doação de 10 dólares.
Mais informações sobre o hotel aqui, sobre Death Valley aqui.
Sequoia and Kings Canyon National Park, Califórnia
A ideia inicial era entrar no Sequoia National Park pelo centro de visitantes de Foothills, vindos de Bakersfield e passando por pomares tamanho XXL e bombas de gasolina que anunciam oferta de fruta em troca de abastecimento de combustível. Mas o encerramento das estradas de acesso ao Sequoia Park, por danos causados pelo Inverno, fez com que rumássemos mais a norte e visitássemos apenas o Kings Canyon, que faz fronteira com o parque das sequoias e tem também algumas das maiores árvores do mundo. A entrada fez-se pela Grant Grove Village e pelo centro de visitantes, depois de termos comprado, à beira da 180, as primeiras cerejas da temporada a umas crianças mórmons.
Soube bem a paisagem verde e ainda com neve do Kings Canyon, depois da fornalha que foi Death Valley. Por ali, partimos em busca das sequoias gigantes ou do que resta de algumas delas. E entrámos na Fallen Monarch, que caiu há mais de um século, tendo servido de abrigo para soldados de cavalaria e respectivos animais, para os primeiros visitantes do parque ou para os trabalhadores que o construíram. Uma fotografia de 1900 mostra um acampamento com algumas camas e quase duas dezenas de homens, um a cavalo, um a tocar guitarra, outro violino, instalado dentro do tronco oco e ao lado deste.
Mais informações aqui.
Yosemite National Park, Califórnia
"Take a lots of water", aconselhou-nos o empregado do japonês Hino Oishi, em Fresno, quando ao jantar lhe dissemos que na manhã seguinte partiríamos para Yosemite, parque nacional situado na Serra Nevada e conhecido pela sua abundância de cascatas. Não sei se o Presidente norte americano Theodore Roosevelt também foi aconselhado a levar água suficiente quando por lá acampou, em Maio de 1903, mas sei que disse posteriormente ter por ali passado quatro dos mais belos dias da sua vida.
É fácil ficar encantado com Yosemite, onde, para além das cascatas alimentadas pelo degelo, há florestas, montanhas, sequoias gigantes e algumas com 2700 anos, ursos (vimos dois), um rio, o Merced, que seguia a transbordar de água, monólitos de granito como a Half Dome ou o El Capitan, uma atracção para alpinistas de todo o mundo, 750 milhas de trilhos ou personagens como Burrel "Buckshot" Rambo Maier, que aos 70 anos é o último condutor de diligências do parque (o que faz desde os 16). Mas Yosemite tem também alguns habitantes permanentes, uma igreja, um cemitério, uma estação de correios, um hotel de 1876, o Wawona, ou a galeria Ansel Adams, onde há uma fotografia da primeira vez em que alguém se aventurou na subida ao El Capitan, em 1958. Já em Janeiro de 2015, os norte americanos Kevin Jorgeson e Tommy Caldwell foram os primeiros a escalá-lo sem o apoio de ferramentas, só com a ajuda de mãos e pés, ao longo de 19 dias (e foram notícia aqui).
Mais informações sobre Yosemite National Park no site do National Park Service.
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