Há um chalet na Golegã que merece bem uma visita

Desde as aulas com José Soudo, num curso de iniciação à fotografia, que tinha vontade de me pôr a caminho da Golegã para visitar a Casa-Estúdio Carlos Relvas. O que acabou por aconteceu recentemente e na companhia de um grupo de gente - éramos 33 - que gosta de passear, de fotografar e de comer bem (e depois da visita matinal a tão singular obra, teve o almoço lugar no Lusitanos, restaurante com boas vistas sobre o largo da Feira do Cavalo e com boas classificações no Tripadvisor).
Dessas aulas guardei as imagens do Chalet, como a Casa Relvas é conhecida na Golegã (e que confirmo ao vivo ser uma belíssima construção), e também algumas notas da biografia de personagem tão única e multifacetada. Biografia que fica agora mais completa durante a visita guiada à casa, que inclui uma interessante animação audiovisual sobre a vida e obra do que sempre se apresentou como photographe amateur - apesar de ter feito parte da Sociedade Francesa de Fotografia e de ter recebido prémios internacionais em exposições como a de Viena, de Filadélfia ou de Paris.
Carlos Relvas (1838-1894), que se casou aos 15 anos com Margarida Mendes de Azevedo, era um lavrador e proprietário abastado do Ribatejo - mas que foi também inventor, político, cavaleiro, toureiro, músico e praticante de desportos vários - que cedo se interessou pela arte e técnica da fotografia, quando esta dava os primeiros passos na Europa. E que acabou por construir de raiz, entre 1871 e 1875, este estúdio fotográfico de características únicas.
A visita, feita na companhia da prestável guia Elvira Marques, começa no jardim, em frente à fachada principal que ostenta quatro reproduções de medalhas ganhas nas exposições internacionais e também os bustos de Daguerre e Niépce, numa homenagem aos percursores da fotografia. E prossegue no rés do chão da casa, onde funcionavam os laboratórios (e onde hoje se encontra uma reprodução do Sr. Fonseca, que durante muito tempo trabalhou para Carlos Relvas) e também a sala de espera para quem ia ser fotografado - e que podiam ser aristocratas, camponeses ou mendigos (e a estes últimos é dedicada a actual exposição temporária, Carlos Relvas, Mendigos e Pobres, em exibição até 8 de Maio)
Subimos ao magnífico primeiro andar, construído em vidro e ferro (ao todo foram ali usadas 33 toneladas deste material) e onde funcionava o estúdio propriamente dito e  a sala de maquilhagem - e onde cortinas brancas permitiam controlar a entrada de luz natural. É um prazer percorrer este espaço (apenas com um senão: não ser possível fotografar no interior da casa), onde estão expostas algumas peças de mobiliário, máquinas fotográficas e elementos de decoração que Carlos Relvas utilizava para compor os cenários.
A Casa, reaberta ao público em 2007 depois de um período de restauro, recebe visitas (apenas guiadas e com marcação) de terça-feira a domingo das 10h30 às 13h e das 14h às 18h. Mais informações e reservas: 249 979 120 ou casa.relvas@cm-golega.pt.
















Museu Nacional Ferroviário, logo ali ao lado da Golegã, no Entroncamento, foi o destino da tarde. Aberto recentemente, conta este museu a história do caminho de ferro em Portugal através de uma rica exposição permanente (o museu tem um espólio de 36 mil objectos - muito grandes, grandes e pequenos -, com destaque para os comboios real e presidencial), de exposições temporárias, de visitas temáticas e de oficinas várias. Pode ser visitado por conta própria (bilhetes a cinco euros para adultos) ou através de uma visita guiada (seis euros, com marcação prévia, duração de duas horas). Contactos: 249 130 382 ou servicoaocliente@fmnf.pt.


























Comentários

  1. Excelente resumo do passeio, em que tive a felicidade de participar. Bom e bonito leque de fotografias.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares