Vilanculos: uma estadia com vista sobre o arquipélago de Bazaruto

Sabrina, que há quase uma década trocou Paris por um negócio à beira Índico, recebe-nos com um "Bem regressados" quando chegamos à Casa Babi. Já ali tínhamos estado durante uma semana em Agosto de 2014 (ver aqui, aqui e aqui) e embora desta vez tivéssemos escolhido outro sítio para dormir contratámos os serviços da Odyssea Dive para o obrigatório passeio às ilhas. Pela simpatia de toda a equipa e também pelo bolo caseiro que é oferecido à chegada a quem passa o dia no mar (e desta vez era de manga!).
Com a Odyssea Dive, o programa é feito na companhia de mergulhadores e de gente que gosta de fazer snorkeling, sendo que os primeiros têm direito a dois mergulhos, um de manhã e outro à tarde, e os segundos a uma sessão de manhã e a algumas horas livres antes do regresso para gozar a beleza da ilha principal.
A viagem começa com uma paragem em Benguerra, mesmo em frente à Ponta Dundo da ilha de Bazaruto e das suas grandes dunas, para uma explicação do que se vai fazer e das regras a cumprir, e segue depois para o Two Mile Reef, habitado por peixes de muitas cores (e três turistas brasileiros viajavam acompanhados de uma espécie de enciclopédia e depois de mergulhar assinalavam as espécies que tinham visto). 
A pausa para o almoço é já em Bazaruto e do menu, escolhido na véspera, fazem parte sandes de caranguejo, de ovo ou de frango com caril. E não é que na Casa Babi até as sandes são deliciosas?
Passar a tarde em Bazaruto, ou numa pontinha de Bazaruto (a ilha tem 37 quilómetros de comprimento, várias lagoas habitadas por crocodilos, zonas de savana e mangal e uma população que vive sobretudo da pesca), é um prazer. É obrigatório subir à grande duna, sobretudo se for a primeira vez. De resto, é ficar por ali a gozar o mar super azul, a areia muito branca, os barcos que vão chegando e partindo. 
No regresso, e depois de na primeira viagem termos visto duas baleias (nesta altura a água está demasiado quente para elas), fomos desta vez brindados com uma visão muito rápida de um raro dugongo (leio na Wikipédia que Bazaruto alberga a última população de dugongos, mamíferos marinhos da família dos peixe-boi, da costa africana). E chegamos a terra ainda a tempo de assistir ao regresso da pesca e à venda de peixe que todos os dias se instala por ali. A animação é garantida.
A ida a Bazaruto foi deixada para o último dia da estadia. Antes disso, foram os dias dedicados a banhos de sol e mar, a refeições de peixe e marisco (e estavam bem bons os camarões fritos do restaurante Samara, servidos ao som da LM Radio e de êxitos como Lady, de Kenny Rogers, ou Love Me Do, dos Beatles) e a ficar pela praia a ver quem passa. E em Vilanculos passam mulheres e miúdas com água, alguidares ou lenha à cabeça, passam pescadores, passa gente de bicicleta, passa gente a pé, passam turistas a cavalo, passa um ou outro vendedor.
Foi esta doce rotina só interrompida numa manhã de grande maré vazia. Tão vazia que me levou a andar umas boas centenas de metros em busca do mar e a acabar por ser convidada – meio a brincar, meio a sério – a ajudar algumas mulheres vestidas de cores vivas a puxar uma grande rede de pesca. "Anima-te?", pergunta-me uma delas enquanto andávamos para trás empurrando com as costas um dos muitos paus, atados a uma corda, que ajudam a rede a sair do mar.
Mulheres e homens ficam nisto umas boas duas horas: puxar a rede, esperar, voltar a puxar. O que me deu tempo de regressar ao areal, agarrar na máquina fotográfica e voltar a caminhar mar adentro, até ao sítio onde a rede acabou finalmente por aparecer. E eu por fotografar, sendo que tudo acabou em bem: pescaria no barco, mulheres de regresso a casa (uma ainda me perguntou se lhe podia arranjar trabalho em Vilanculos) e máquina seca. Mas enquanto a água me chegava até à cintura e a maré subia a grande ritmo, eu só me lembrava da famosa frase de Robert Capa: "Se as fotos não estão suficientemente boas, é porque não estou suficientemente perto".


























































Uma ida a Bazaruto é obrigatória para quem está em Vilanculos e são várias as empresas que realizam viagens de barco - de dhow ou a motor - sobretudo para as três ilhas maiores, pelo que convém comparar preços. A Sunset Cruises (847206223) e a Sail Away (823876350 ou 847089627) são duas delas.

Há quem diga que Santa Carolina (também conhecida como Ilha do Paraíso) é a mais bela das ilhas. Chegar lá é mais fácil - e barato - a partir de Inhassoro, a norte de Vilanculos.

O The Casbah, que pertence à Casa Cabana Beach (quartos a 70 e 85 euros, sobre a praia), é um bom sítio para petiscar ou beber um copo.

Bahia Mar Boutique Hotel, no lado norte da praia e à esquerda do antigo e recuperado Hotel Dona Ana (obra do português Joaquim Alves), é uma das opções de alojamento em Vilanculos e foi o escolhido para esta estadia. Tem quartos para dois, mesmo sobre o mar, a partir de 211 euros, com pequeno almoço  (196 no Booking) - e com muita luz a entrar assim que o sol nasce.

A cozinha criativa da Casa Babi (de inspiração francesa, italiana, tailandesa e moçambicana) é habitualmente só para os hóspedes. Pelo que talvez valha a pena passar pelo menos uma noite por ali (tem 4 quartos para dois sobre o mar, a 150 euros, e uma casinha mais recuada para dois ou para três) ou tentar marcar um jantar mesmo sem lá se estar alojado. Uma sopa de caranguejo em leite de coco pode ser uma das iguarias servidas ao jantar.

O alojamento nas ilhas é muito caro ou caríssimo. Em Bazaruto, existe o Anantara Bazaruto Island Resort. Em Benguerra, o Azura Benguerra Island. A Villa Magaruque, em Magaruque, parece ser a opção menos ruinosa, com quartos para dois por 595 euros (tudo incluído).



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