Diário do regresso a Moçambique, dia 10 - De Nampula à Ilha de Moçambique

Regressar à Ilha, primeira capital do país e um local especial, com tendência para apaixonar quem a visita, tinha de fazer parte deste regresso a Moçambique. Foi para lá que seguimos, depois de um voo da LAM para Nampula que sai de Maputo às seis e dez da manhã, se não houver atrasos. E de Nampula, onde um cartaz informa que se chegou à “Capital do caju de Moçambique” e outro mais adiante que “O lugar da rapariga é na escola. Não numa união prematura”, até à Ilha são mais de duas horas de carro. Pelo caminho, um encontro com duas colunas de tanques de guerra, camiões e jipes que pareciam acabados de estrear. Vieram do Ruanda para o porto de Nacala e seguiam para Mocimboa da Praia, na província de Cabo Delgado, disse-nos o nosso condutor, que tinha autocolantes do Barcelona a decorar o vidro da frente e que é fã do clube espanhol desde os tempos de Figo e de Ronaldinho Gaúcho. É em Cabo Delgado que “insurgentes” têm nos últimos anos atacado as populações e provocado milhares de deslocados.

Em Carapira, antes de Monapo, numa paragem para comprar banana (ou enika, em língua macua, que Saquina, uma das melhores cozinheiras da Ilha, nos havia de preparar para o jantar), tentam vender-nos galinhas vivas e dois porquinhos-da-índia, “para comer ou para criar”. Mais à frente, quatro ou cinco rapazes que vendem cestos e também camarões fritos pedem emprego (“Pode ser capinar”, que é como quem diz cortar mato ou relva com uma catana) e também informações sobre Cristiano Ronaldo (“Já não está no Manchester?”, admiram-se). À chegada ao Lumbo, que faz parte do Município da Ilha embora esteja no continente, constrói-se por estes dias um monumento de homenagem a Marcelino dos Santos, um dos fundadores da Frelimo e que por ali nasceu. Parece que não deixando boas memórias para todos: os mais velhos lembram-se de quando ali ia recrutar jovens para a guerra. E finalmente apareceu a ponte, construída no ano de 1962 e projectada pelo engenheiro Edgar Cardoso, com quase quatro quilómetros de extensão. Depois de fotografada a praia de pescadores logo à entrada e de uma gincana entre carros e sobretudo motas que vinham em sentido contrário, havíamos de chegar à Ilha. 




 
















O voo da LAM de Maputo para Nampula, ida e volta, custou 22138 meticais (cerca de 320 euros), sendo que também é possível voar da capital para o aeroporto de Nacala, que fica um pouco mais perto da Ilha, a cerca de 120 quilómetros. O transfer privado a partir de Nampula custou 5000 meticais (74 euros), um bilhete de chapa para percorrer os cerca de 180 quilómetros custa 350 meticais (cerca de 5 euros).

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