Diário do regresso a Moçambique, dia 12 - Ilha de Moçambique no Dia dos Heróis Moçambicanos
O dia três de Fevereiro é o Dia dos Heróis Moçambicanos e na Ilha as comemorações começaram cedo, por volta das oito e meia. E a essa hora já o calor era capaz de derreter quem se deixasse ficar ao sol. Debaixo de duas árvores, na praça com o nome mais apropriado para o evento, a Praça dos Heróis, que fica perto da ponte, entre a Rua da Solidariedade e a Avenida 25 de Junho, houve actuações de três grupos de tufo, o Ahaite, o Chama da Unidade e o Núcleo da Mulher. E houve discursos de excelências e aplausos do povo. O primeiro secretário do partido Frelimo, Agostinho Atumane Assuate, cumprimentou os presentes com um “Bom dia camaradas”, apelou à unidade nacional e falou dos insurgentes que nos últimos anos têm atacado Cabo Delgado, causando cerca de um milhão de deslocados. O presidente do Município da Ilha, Ismail Iahira, eleito pela Renamo, desejou que a graça de Deus estivesse com os presentes e classificou o Dia dos Heróis como “um dia tão memorável”. O administrador da Ilha, Momade Amisse Ali, apelou para a necessidade de Moçambique viver uma “paz efectiva” e evocou os 54 anos da morte de Eduardo Mondlane, precisamente a três de Fevereiro do ano de 1969, vítima de uma encomenda-bomba. Mondlane foi um dos fundadores e primeiro presidente da Frelimo, a Frente de Libertação de Moçambique.
Celebrações realizadas, foi o terceiro dia na Ilha passado dentro de água, no Pontão, um dos melhores sítios para ir a banhos, e também em conversa com alguns ilhéus, com o ourives Ussene Muzé, que sonha com o aparecimento de clientes, ou com a Dona Conceição, de 90 anos, ou talvez 85, que foi professora toda a vida (brevemente os seus retratos, que darão início a uma série a que chamarei Moçambicanos, serão publicados por aqui). Ao final da tarde, convite para um copo no terraço da amiga Vera, angolana e moçambicana que escolheu a Ilha para viver. E o pôr do sol da praxe visto do topo de uma casa que dá para a Rua dos Arcos. Valeu a pena a subida até lá.
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