Diário do regresso a Moçambique, dia 11 - Ilha de Moçambique, Sete Paus e Chocas

Quando no final de Novembro de 2019, um mês e pouco depois de deixar África, vi em Lisboa a peça de teatro A Casa da Praia, a história comovente e real de uma família portuguesa que viveu em Moçambique (ver mais aqui), sabia que me meteria num barco até às Chocas se um dia regressasse à Ilha. E logo na primeira manhã subi a bordo do M-Biki 3, o barco do Feitoria, a nossa casa na Ilha por nove dias, e seguimos viagem primeiro para a ilha dos Sete Paus, onde a água é verde e tão transparente e o areal cheio de conchas e pedaços de coral, e depois rumo ao continente, onde fica a praia que nesse dia estava praticamente deserta. Apenas uma família a banhos, alguns pescadores que vendiam peixe e amêijoas (e que se ofereceram para cozinhar por ali) e rapazes que fazem caixas e bandejas forradas a búzios para venderem a quem chega. A areia não estava tão branca como já a tinha visto em fotografias, tinha algumas algas, mas  o mar estava quente, o sol escaldava e o restaurante só nos teve a nós como clientes.

A meio da tarde voltámos à Ilha, que nesta quinta visita (a primeira foi em 2016) encontrei a precisar de cal, de limpeza, de manutenção dos sanitários públicos, a precisar que os ilhéus ou visitantes deixem de abandonar garrafas de vidro partidas nas praias, que alguns pedaços à beira mar deixem de ser usados como WC. Mesmo assim, impossível não sucumbir aos encantos deste pedaço de Moçambique e à sua História e património, aos abraços dos companheiros de sempre Nuhy e Julinho, à simpatia, às lulas fritas e ao caril de caranguejo da Saquina, que tem uma barraca nova no sítio do costume, antes da Fortaleza de São Sebastião, depois de pela terceira vez tempestades lhe terem levado as antigas instalações, ou ao pôr do sol que neste dia foi visto do Pontão. E logo ao lado o bar Kangaia, que é como se diz canoa em macua, onde ainda está um arco feito para a passagem de ano de 2022 para 2023, com desejos e palavras inspiradoras: Amor, Saúde, Libertá, Acreditar ou Alegria.




































Feitoria, que em Setembro de 2002 se encontrava em ruínas, como mostram algumas fotografias na  recepção, é um hotel inaugurado no final de 2016 no local de uma antiga feitoria que terá sido dada pelo Conde de Oeiras e Marquês de Pombal a Manuel de Pereira e Melo, comandante militar do Porto e amante de armas. Tem quartos com nomes inspirados nos produtos e especiarias que por ali terão passado (o nosso Açafrão, o Sisal, o Cravinho, o Algodão ou o Arroz) e preços que vão dos 6600 aos 10450 meticais (105 e 166 euros) na época baixa. As reservas podem ser feitas pelo e-mail info@feitoria.co.mz ou pelo +258829696963. Reservas para o restaurante Feitor através do +258879096963 (post sobre a abertura do Feitoria aqui).


O barco do Feitoria, o M-Biki 3, realiza passeios até dez pessoas à ilha dos Sete Paus e Cabaceira (3000 meticais), às ilhas de Goa e Sete Paus (3500), às duas ilhas mais Carrusca e Chocas (5000) ou ainda aos Sete Paus mais observação de baleias corcundas que migram da Antártida e que passam por Moçambique nos meses mais frios, durante o Verão europeu (5500). Possível reservar uma cesta de piquenique por 650 meticais por pessoa para acompanhar os passeios.


Comentários

  1. É sempre um prazer ler o que escreve a Helena Melo. Em poucas palavras diz TUDO o que é essencial de forma clara e suave. Gosto muito

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    1. Obrigado Jorge Morgado. Estive com o Sérgio que me disse de quem era o comentário anónimo ( e eu própria só estou a conseguir responder em modo anónimo também).

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