Diário do regresso a Moçambique, dias 5 a 7 - Ponta do Ouro

Ainda mal tinha chegado à Ponta do Ouro e já um vendedor de chinelos com banca montada em frente ao Roaz do Índico, restaurante que foi buscar o nome à comunidade de golfinhos desta espécie que vive entre a Ponta e a Ponta Malongane, me estava a chamar mamã: “Estava a controlar o carro mamã. Peço refresco.”. Outros vendedores, que foram desfilando pela praia com os seus mostruários de óculos de sol, pulseiras ou tabuleiros com saquinhos de castanha de caju, haviam de me chamar amiga. Apreciar o que se vende por ali, incluindo os frascos com picantes e achares que Rosita produz com o marido, continua a ser mahala.

A Ponta, a praia mais a sul de Moçambique e nem a meia dúzia de quilómetros da fronteira com a África do Sul, já foi um refúgio de gente com coragem para se fazer ao ferry que fazia a ligação entre Maputo e Catembe e à estrada de terra batida que demorava umas quatro ou cinco horas a fazer (e que percorri em Abril de 2014, jurando não voltar tão cedo). Depois veio a estrada nova e a ponte inaugurada em 2018, ambas construídas pela China Road & Bridge Corporation (e a China construiu também a fábrica Dugongo Cimentos que se encontra pelo caminho), pelo que chegar à vila onde a electricidade só chegou em 2006 e onde as ruas são ainda de areia é coisa para uma hora e meia de caminho.

Vai-se à Ponta, que tem agora mais casas, mais alojamentos, mais gente, entre moçambicanos, estrangeiros residentes em Moçambique ou sul africanos, para gozar o mar, para fazer mergulho, snorkeling, surf, kitesurf ou uma massagem numa marquesa montada no areal ou para ver golfinhos ou baleias (estas apenas  nos meses mais frios). Ou então para ficar horas dentro de água, o que é possível na parte da praia com mais gente mas com ondas mais tranquilas. Pouco tranquila tem estado a situação do lado de lá da fronteira, na província sul africana de KwaZulo-Natal, onde “vândalos” ou “malfeitores”, assim lhe chamam nos media, têm incendiado carros, e também um autocarro, de matrícula moçambicana. Ainda não são conhecidas as motivações.




















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