Diário do regresso a Moçambique, dias 2 a 4 - Parque Nacional de Maputo e Milibangalala
Era uma falha no currículo das viagens por Moçambique ter passado várias vezes à porta mas nunca ter entrado no agora Parque Nacional de Maputo, que nasceu em Dezembro de 2021 resultante da junção da Reserva Especial de Maputo, conhecida como Reserva dos Elefantes, e da Reserva Marinha Parcial da Ponta do Ouro. Pelo que percorrer esta área de conservação, feita de pradarias e florestas, de dunas e lagoas (habitadas por crocodilos e hipopótamos) e de uma praia que de Santa Maria até à fronteira com a África do Sul, na Ponta do Ouro, tem mais de 100 quilómetros de areal contínuo, deu início ao programa (que se havia de revelar radical) deste regresso a África.
Acedemos ao Parque pela porta de Futi, que fica na estrada que liga Catembe à Ponta, com o objectivo também de alcançar o Montebelo Milibangalala Bay Resort, o novo alojamento da empresa portuguesa Visabeira, a funcionar à beira Índico desde finais de 2020. Fica este na Ponta Milibangalala, “um sítio apessoado”, assim considera Inocêncio, funcionário da reserva há 14 anos e em tempos responsável pelo acampamento que ali existia antes - um acampamento que atraía muita gente, mesmo “gente importante” de Maputo. Chegar lá é tarefa para duas ou três horas, o necessário para percorrer os 39 quilómetros de um trilho estreito, de terra batida e de areia solta, se a sorte estiver de feição.
Os visitantes devem saber que entram no Parque por “conta e risco próprio” e que esta é uma área remota, habitada por animais selvagens e com acesso limitado a comunicações, constando esta informacao da brochura que nos foi dada à entrada depois de pedirmos um mapa. Mas talvez falte informação sobre a verdadeira dificuldade do caminho, capaz de provocar um ataque de nervos ao mais calmo e experiente dos condutores. São reais os perigos de ficar atascado na areia ou de encontrar um carro que não consegue avançar no trilho (nós cruzámo-nos com um grupo de moçambicanos que tão cedo não chegaria ao destino, Tsolombane), de encontrar um elefante no caminho que nos faz recuar e esperar (a nós calhou-nos um dos cerca de 600 que se calcula existirem no Parque) ou de chocar de frente com algum carro que venha em sentido contrário e que não se conseguiu ver (e a nós aconteceu-nos um choque sem grandes danos com um de matrícula sul africana).
E vale a pena, mesmo assim, pôr o 4x4 a caminho? Vale. Pela paisagem, pelos animais que se vão avistando (para além dos elefantes há girafas, facocheros, impalas, cabritos ou galinhas do mato), pela vista sobre o Índico. O cinco estrelas de Milibangalala, que por agora tem 20 casinhas construídas em madeira e sobre palafitas, uma piscina com vista para o mar, um spa com massagens e tratamentos vários e um restaurante onde se pode comer caril de caranguejo, pratos de bacalhau, frango à zambeziana, caldo verde ou sopa de feijão, é um final feliz que se encontra no fim de uma espécie de gincana.
A entrada de Futi (a de Gala, mais a sul, está temporariamente encerrada) está aberta entre as 6h e as 18h de Outubro a Março e das 7h às 17h de Abril a Setembro, sendo que a entrada tem de ser feita até duas horas antes do encerramento (o ideal será pelo menos três). Os preços de entrada para visita de um dia são de 400 meticais para moçambicanos, 600 para provenientes de países SADC e 900 para estrangeiros. Também há tarifas semanais e anuais e a possibilidade de reservar a companhia de um guia no próprio carro (3000 meticais) ou fazer um safari em carro da reserva para um mínimo de seis pessoas e um máximo de nove (1500 meticais para três horas, 2500 para seis horas). Mais informações: reservas@parquemaputo.gov.mz.
O eco resort Montebelo Milibangalala, inaugurado a 18 de Março de 2022 pelos presidentes de Moçambique e Portugal, Filipe Nyusi e Marcelo Rebelo de Sousa, e o sexto investimento do grupo Visabeira em Moçambique, tem bungalows de tipologia T0, T1 e T2 (todos com varandas, os dois últimos com kitchenette) com preços que vão dos 10 475 meticais durante a semana em época baixa (para dois) aos 45 850 ao fim de semana e em época alta (para seis). Reservas e mais informações: +258840943085, milibangalala@montebelohotels.com ou no site.
O caro Anvil Bay, localizado na Ponta Chemucane e que tem preços a partir de 450 dólares por pessoa e noite (mais informações no site), o acampamento privado da Ponta Membene, que tem um chalé composto por dois quartos para arrendar e lugares para campismo a partir de 600 meticais por adulto (mais informações: +258870162730) e o espaço para acampar à beira da lagoa Xinguti, gerido pelas autoridades do Parque e mais procurado por cientistas ou ornitólogos, são as outras opções de alojamento dentro do Parque.
Muito interessante este artigo principalmente para quem já tentou mas desistiu de continuar após vários "atascanços" na reserva (até ter de ser rebocado). Desejo de conhecer o milibangalala mas assim...
ResponderEliminarPuxa! Ponta Membene…. Nem sabia que existia. E, estamos aqui ao lado. Deseje-Vos boas férias. Está visto que só mesmo com um bom 4 x 4. 👏
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